Capítulo 7 - 4 de junho de 2015

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04 de junho de 2015

Desde o dia que voltei a praticar meus dons em pintura, eu acabei me animando mais do que o costume e fiz diversos quadros de diferentes formas e tamanhos. A maioria eram paisagens inspiradas na ilha, ora feitas em tinta a óleo, ora em tinta guache, outras somente em giz de grafite. Eu acabei decidindo por fazer uma pintura da faixada do hotel, com a praia e as montanhas ao fundo, como uma forma de agradecimento pela minha estadia até agora. Era engraçado, quando eu cheguei aqui, tudo o que eu queria era fugir desse lugar sem luxo, mas agora, esse lugar só me trazia a sensação de paz. Isso aqui estava se tornando mais uma casa para mim do que meu próprio apartamento em NY. Toni Topaz, essa ilha realmente está te mudando.

Estava na hora do almoço, quando eu desci do meu quarto, em direção à sala de refeição e levando junto comigo o quadro com a pintura do hotel em minhas mãos.

—Boa tarde. – Eu disse com um sorriso simples assim que entrei na sala, atraindo o olhar dos outros, que me cumprimentavam rapidamente.

Buenos tardes, hermosa. – Rosário falou piscando rapidamente o olho em minha direção. Essa mulher realmente não desiste.

—O que é isso? – Cheryl perguntou curiosa ao ver o quadro na minha mão.

―Ah isso... na verdade é um presente para sua avó, eu pintei o hotel. – Eu disse simples a entregando o quadro, arrancando um olhar surpreso das pessoas que estavam por ali, até mesmo da minha querida e amigável, Betty.

Toni pintó este cuadro para usted, abuela. – Cheryl falou com um sorriso em direção a senhora lhe entregando o quadro.

Eu estava um pouco apreensiva por talvez a avó de Cheryl não gostar da minha pintura, mas eu comecei a relaxar assim que a senhora deslizou os dedos pela tela, analisando os detalhes calmamente e deixando um sorriso singelo tomar conta de seu rosto.

Su abuelo era también pintor... Los artistas tienen las almas más puras y sensibles... – A senhora falava com uma voz suave em seu espanhol perfeito e eu não fazia ideia do que aquelas palavras significavam, como de costume. - Es un cuadro muy bonito, muchas gracias, Toni. – A senhora terminou de falar sorridente, dessa vez se dirigindo a mim e eu sorri levemente em resposta.

Bem, Cheryl havia me explicado que "muchas gracias" significava "muito obrigada", então pelo menos ela havia agradecido o meu presente, mas eu ainda estava curiosa para saber o que ela tinha falado antes disso.

―Desculpe, mas eu não entendi muito bem o que sua avó falou. – Eu disse um pouco sem jeito para a Cheryl.

―Ela disse que meu avô também foi pintor e que os artistas têm as almas mais puras e sensíveis... Ela disse que o quadro é muito bonito e te agradeceu. – Cheryl me explicou pacientemente e eu sorri em satisfação.

Es un pelota... – Betty murmurou e eu franzi a testa sem entender.

—Betty! – Cheryl pareceu chamar a atenção da mulher emburrada.

―O que foi? – Eu perguntei confusa.

―Nada, não se preocupe. – Cheryl falou encerrando aquela situação e eu apenas dei de ombros, enquanto me sentava a mesa para comer.

—Agora que eu descobri seu talento escondido, talvez possa me candidatar para posar para suas pinturas. – Rosário falou em seu tom desinibido, deslizando suas mãos pelos meus ombros, em pé logo atrás de mim.

―Ah... é... quem sabe... – Eu disse sem jeito sentindo meu corpo tencionar. Essa mulher parecia não desistir e definitivamente não era ela quem eu imaginava como a figura perfeita para pintar.

Me Ojos MarrónOnde histórias criam vida. Descubra agora