Capítulo 4

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"Olha o que você faz pra mim
Olha o que você fez agora
Eu nunca irei embora se você continuar me abraçando desse jeito"

-Stockholm Syndrome, One Direction.

S K Y L E R

Já havia passado mais de duas horas desde que eu me tranquei no meu quarto, onde consegui me entreter com músicas e livros por um bom tempo. Porém, o tédio já estava começando a dividir o espaço do quarto comigo, além da fome.

Voltei a calçar as pantufas e desci a estreita escada que fica na lateral da casa, que desce direito e termina na cozinha. Alguém deve ter diminuído a calefação, pois o andar de baixo está mais frio. Abraço o meu corpo quente que está arrepiado e abro a geladeira, fitando meu olhar em uma linda fatia de bolo de chocolate.

Sem pensar duas vezes pego um garfo na gaveta de talheres, me encosto na bancada e começo a saborear o bolo.

"Isso era do seu irmão." Uma voz me assusta, fazendo com que eu engasgue.

"Mãe! Você me assustou." Digo, depois de não estar mais engasgada.

"Desculpa filha." A mulher de lindos cabelos escuros, olhos negros e pele clara, assim como a minha, vem até mim e beija a minha testa. "Está linda hoje, como foi no grupo de apoio?" Minha mãe tem uma mania de estranha de elogiar eu e o Peter toda vez que nos vê, mesmo estando de pijama e toda descabelada.

"Bem." Respondo brevemente, com a intenção de terminar a conversa logo.

"Bem, só isso?" Ela arca as sobrancelhas e eu apenas concordo, colocando mais uma garfada do bolo na minha boca. "Me conte como foi." Minha mãe pede. Por sorte, o celular dela toca, não deixando que eu fale. Ela revira os olhos quando vê o número na tela."Só um segundo." Ela diz e atende. "Elizabeth Johnson falando." Não presto atenção na ligação, apenas termino de comer o bolo e coloco o prato na pia.

Antes que minha mãe possa encerrar a chamada, eu deixo a cozinha e vou para a sala de estar, onde meu irmão está vendo um jogo de futebol. Liverpool e Tottenham, o time do coração do meu irmão e o time que ele costumava a torcer só pelo nosso pai. Sento-me ao seu lado e mantenho minha atenção voltada a tela da grande televisão.

"Skyler?" Minha mãe surge na sala. "Por que veio pra cá? Eu achei que estávamos conversando." Ela põe uma das mãos no quadril e gesticula com a outra.

"Achei que sua ligação ia demorar." Minto. Eu só não queria falar sobre a reunião do grupo, muito menos sobre Luke. "Quem te ligou?"

"Uh, eu ia inclusive falar disso com vocês dois agora." Peter tira os olhos da TV por um instante e foca na minha mãe.

"O que houve?"

"Era uma das suas tias no telefone, uma das irmãs do seu pai, estou mantendo contato com ela faz mais ou menos um mês." Tanto eu quanto o Peter ficamos surpresos com a tal notícia, faz alguns anos que não temos contato com ninguém da família do meu pai, inclusive com o mesmo.

"Mãe, se o meu pai quer me ver, esquece, não quero olhar na cara daquele homem." Peter se exalta. Assim como eu, ele guarda um certo rancor do nosso pai, até mais do que eu. 

"Se acalme Peter, não tem nada haver com o seu pai." Minha mãe põe a mão sobre a perna dele para acalmá-lo. "A Mary gostaria de ver vocês, ela é psicóloga e já é ciente do seu vício, Skyler."

"Ah, claro, você contou, como sempre faz." Murmuro para que ela não escute, já estou farta da minha mãe espalhar sobre o meu vício por ai, é capaz de conhecer alguém em uma fila e logo de cara mencionar que sua filha é viciada em sexo.

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