Capítulo 10: 26/04 - Um cheiro

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Um cheiro

Bom dia, mais um dia na vida de Sarah Andrade, ex-bbb. Acordei, fiz café, tomei café, fui participar de uma reunião. Mais uma reunião. A tarde participei de um ensaio fotográfico para uma marca de megahair. Sobre a noite passada? A correria foi tanta que pensei pouco a respeito. É verdade. A única pessoa que eu havia comentado sobre os acontecimentos foi com o Higor, depois de muita insistência. Além disso, como eu queria esconder algo dele? Rodolffo tinha me mandado uma mensagem de bom dia, me avisando que havia chegado bem em Fortaleza, mas a segunda foi tão corrida que ainda não tinha respondido. Cheguei em casa aproximadamente 18h, já havia anoitecido. Cansada demais, noite mal dormida, desde cedo fora de casa e celular sem bateria.

Coloquei o celular para carregar e subi as escadas, a fim de um banho quente.

(...)

Fui para o sofá e pela primeira vez em várias horas, abri o Whatsapp. Respondi algumas pessoas. Uma delas o Caio, que havia pegado meu número através do Rodolffo. Trocamos algumas mensagens, dentre elas pedidos de desculpas. Jogo é jogo, aqui fora quero só as lembranças boas... ainda que no fundo eu tenha plena consciência e memória das coisas ruins. Voltamos a nos seguir no IG. Ainda conversando com o Caio por mensagem e áudio, recebo uma ligação de vídeo: Rodolffo. Droga, tinha esquecido que não tinha respondido sua mensagem até agora e tinha me distraído conversando com o Bastião número 2. Atendi. Seu rosto apareceu na tela do celular, e abri um sorriso de imediato. Entretanto, não foi retribuído.

– Uai não me respondeu no Whats até agora por quê? – Perguntou ele, com cara fechada. – Te mandei mensagem era 11 da manhã ô Sarah.

– Oi Bastião, eu tô bem e você? – Falei, um tanto irônica. – Trabalhei o dia todo, meu celular descarregou no meio de uma sessão de fotos, foi mal.

– Mas cê tá online tem uns 20 minutos já. – Mexia no cabelo. Estava deitado no sofá.

– Tava conversando com o Caio. – Respondi, sem mais explicações.

– Hm... – Continuou mexendo no cabelo.

– Como tá ai em Fortaleza? Começa a gravar hoje?

– Não, amanhã. Vamo lançar aquela música lá que te falei e outras. Vai ser a parte 2 do álbum. – Falou, surgindo o primeiro sorriso da noite.

– Coisa boa, tô ansiosa demais demais pra ouvir, vai ser sucesso! – Sorri.

– Vai. Te respondendo... eu tô bem. Acordei zero ressaca. Mas... acordei com um trem pior ainda.

– O quê?

– Saudade sua. E ainda levei um gelo seu o dia todo. Num tem base um trem desse.

– Que drama em. – Falei rindo. – É o equilíbrio, diversão no fim de semana e muito trabalho durante a semana.

– Mas nem um tempinho livre pra responder os amigos... Tá bom uai. Mas cê tava ou não tava com saudade de mim?

– Não tive nem prazo de pensar a respeito, mas te vendo agora, meio que queria que cê tivesse aqui viu. – Respondi os fatos. Não sabia bem que tipo de resposta ele queria ouvir. Mas uma declaração de amor ele não ia receber.

– Hm... mulher ocupada uai!

– Tá vendo? – Sorri. – Essa semana talvez eu vá ficar mais off ainda, minha mãe tá vindo pra São Paulo amanhã, passar uns dias aqui.

– Manda um oi pra puliça! – Sorriu. – Mas me fala, eu tenho pegada Sarah? Agora já deu pra saber né.

– Porra! Tem muita! – Falei, dando uma mordidinha de leve no lábio inferior, e abrindo um sorriso logo depois.

– Então vai ter replay né. – Comentou, com um sorrisinho lerdo.

– Subimos de nível na amizade? – Perguntei.

– Sim, a gente tá na melhor fase. Mas te falar a real, eu já sabia que ia rolar algo quando a gente topasse frente a frente.

– Sabia que eu ia querer?

– Sabia, cê não ia resistir não.

– Aí aí... falo é nada pro cê viu. – Suspirei. Era bem isso mesmo. Mentiu? Não mentiu. – Tive um dia tenso, cansativo.

– Queria tá aí... ia te tratar com carinho agora. – Falou, com um tom de malícia.

– Safado e tá na cara... – Sorri.

– Tô falando de carinho... – Há vários tipos de carinho, afinal.

– Vai ficar pra imaginação.

– Minha e sua. – Respondeu.

– Mas me fala, o que que cê vai aprontar aí hoje?

Levantei do sofá e fui até a cozinha comer algo, enquanto o Rodolffo me contava sobre o dia dele e sobre o rolê que ele ia comparecer agora a noite. Conversamos por algum tempo, não muito, pois ele tinha que sair e eu estava bem cansada também.

Fim de papo. Fiquei algum tempo vendo Payperview do BBB, a casa mais vigiada do Brasil, e depois fui organizar uma roupa para usar em um programa que eu iria participar amanhã de manhã. Era antes das 23h quando subi para o quarto para deitar. Ao entrar no quarto, senti um cheiro familiar de perfume masculino.

Era o vestido que eu havia usado ontem e que se encontrava agora em cima da mesinha de canto. Uma cor, um cheiro, uma recordação da noite passada. Peguei o vestido e o levei até próximo a face para sentir melhor o perfume impregnado no tecido. Era o dele.

Pensei comigo mesma que há exatas 24h atrás eu estava beijando ele, corpo contra corpo, nesse exato espaço onde agora me encontro sozinha. Disso tudo, restou o vestido. Não sei se foi por causa das recordações de afeto, ou se foi por causa da carência de estar sozinha naquela hora da noite, ou os dois, mas levei o vestido para cama comigo, já que não podia levar o dono do perfume. Dormi abraçada a esse pedaço de tecido cheiroso que nem ele.

Sentimento divididoOnde histórias criam vida. Descubra agora