Capítulo 1

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RECOMEÇO

Um solavanco me despertou a tempo de escutar a voz do piloto dizendo que havíamos acabado de pousar no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Belo Horizonte. Meus olhos ainda estão um pouco nublados devido ao sono, mas começo a me ajeitar para o processo de desembarque, que costuma ser mais chato do que a própria viagem em si.

Checo todos os meus pertences em minha bagagem de mão, um procedimento rápido e que evita dores de cabeça futuras. Passaporte, carteira, comprovantes de bagagem, celular e outros pertences pessoais. Pronto, não tinha como voltar atrás, estava mesmo chegando em casa. Depois de dois anos fora, quantas coisas teriam mudado, como estaria minha casa, meus amigos? Sei que conversava com eles quase sempre por mensagens e via Skype, mas era diferente, não existia aquele contato, aquele sentimento de estar perto das pessoas que você gosta, e como consequência você não consegui sentir as diferenças de comportamento, os pequenos detalhes que mostram que alguma coisa não estava mais como era.

O avião termina de taxiar pela pista e chega ao portão de desembarque, não tinha volta mesmo. Desembarco da aeronave e sigo a fila pra pegar minhas bagagens, quando chego lá retiro minhas malas da esteira e sigo pra alfandega. Como não preciso declarar nenhum pertence sou imediatamente liberado e sigo para o portão de desembarque. Posso escutar minha família, antes mesmo de vê-los.

Vejo eles ao longe, me esperando felizes depois de tanto tempo. Minha mãe, Emília, continua a mesma, linda com seu cabelo castanho escuro ondulado caindo em camadas em torno dos ombros, a pele branca devido à falta de sol, que com certeza meu pai ainda a obrigava a tomar algum sol, pois ela nunca foi muito de ficar e locais abertos. Ver minha mãe foi a única coisa que me manteve firme em voltar ao Brasil, não queria deixar minha vida no Canada, apesar da saudade grande de casa tinha descoberto muitos novos hobbies lá e ainda muito mais sobre mim mesmo, mas não podia simplesmente fugir das responsabilidades. Junto com minha mãe estava meu pai, Dante, ele é fazendeiro e dono de um grande império na produção de queijos e leite da região central de Minas. Sou muito parecido com meu pai fisicamente, mas interiormente tenho muito da minha mãe.

Meu nome é Gabriel Sherazard, tenho 24, 1,87m de altura, moreno, um pouco bronzeado, mas perdi grande parte dele no país do gelo, tenho um cabelo levemente ondulado, não sou marombado, mas mantenho um corpo legal, que me atrai alguns olhares na rua, como disse, parecido com meu pai, a única diferença é que o cabelo dele começou a mostrar os tons de branco da idade.

Ao chegar perto deles fui envolvido pelos braços da minha mãe em um puro exemplo de ataque de uma anaconda. Ela devia estar com saudades mesmo.

- Gabriel, meu filho. Como é bom ter você de novo com a gente. – Ela disse, emocionada. – Meu filho, nunca mais vou deixar você sair da minha vista, foi muito difícil não ter você por perto nesses anos.

- Senti sua falta também mãe, muita por sinal. – Eu disse, e era a mais pura verdade. Sempre fui muito ligado a minha mãe, e esse tempo longe dela foi muita tortura pra mim.

- Filho. – Meu pai disse me abraçando, bem mais comportado que minha mãe, e eu agradeci. Não sei se aguentaria outro ataque de anaconda. – Você parece bem, malhou? Está com o corpo em cima, Gabriel.

- Fazemos o que podemos, seu Dante. – Eu disse olhando pro meu pai. – Também senti muita falta de vocês. E o Yago? Não veio me receber?

Yago era meu irmão mais novo, e meu grande amigo. Mas desde que viajei nossa relação esfriou um pouco. Ele não encarou muito bem minha mudança pra longe e por tanto tempo. No início conversávamos muito por Skype, mas depois as ligações foram rareando e até que pararam por completo.

Forbidden LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora