Capítulo 6

223 13 4
                                    

PASSADO


- Gabriel, você está bem?

Eduardo ainda estava com aquele olhar preocupado e eu continuava sem conseguir processar uma palavra através da minha boca, parecia que em um cochilo eu tinha esquecido completamente como era falar. Eu balanço a minha cabeça em busca de alguma clareza, como se a ação pudesse de alguma forma varrer minhas recentes descobertas e eu poderia lidar com elas mais tarde, mas não foi de muita ajuda. Somente a presença dele no mesmo ambiente que eu me deixava nervoso e eu não sabia o que pensar e muito menos como agir.

Saltei da cama e me dirigi pra janela do meu quarto, abrindo-a o máximo que consegui pra deixar o ar entrar, estava me sentindo em uma sauna e a temperatura não parava de subir. Me recostei no parapeito da janela e deixei o ar que circulava atingir meu rosto, era uma sensação gostosa e bem-vinda, mas de nada contribuiu pra aplacar o que eu sentia por dentro. Eu não podia ficar assim na frente dele e muito menos sozinho com ele. Se uma coisa eu consegui observar, era o fato de que Eduardo era muito intuitivo e eu não queria que ele desconfiasse que algo acontecia comigo quando ele estava por perto, ele podia tirar conclusões erradas, ou pior acerta-las em cheio.

Eu não sabia nada sobre ele até então, ele poderia quebrar minha cara se descobrisse que do nada eu estava tendo sentimentos com relação a ele, eu havia visto algumas facetas dele e não podia ter certeza de como ele reagiria. Ele havia me ajudado quando precisei de alguém pra conversar e se mostrou muito preocupado comigo e tudo, mas não podia tomar isso como garantido que ele não me estrangularia ao ouvir sobre o que se passava na minha cabeça agora. Eu não podia correr o risco, ele era amigável e parecia gostar de me ter por perto, mas eu poderia estar lendo tudo errado, afinal isso é o que amigos fazem e o meu sentimento passava longe da amizade. Qualquer que fosse a situação, se esse sentimento se transformassem em algo maior ou permanente eu teria que manter pra mim mesmo, e não correr o risco de perder essa amizade.

Eu continuava com a testa encostada no parapeito da janela e não percebi que Eduardo havia chegado próximo de mim, e quando ele tocou o meu ombro e a familiar descarga elétrica ativou todos os nervos do meu corpo, foi ai que me virei para encara-lo. Ele parecia muito mais preocupado, provavelmente pelo meu comportamento mais que estranho desde que acordei.

- Gabriel, está tudo certo com você? Precisa de alguma coisa? — Ele estava se virando em direção a porta provavelmente pra chamar alguém. Minha mãe? Não, eu não precisava dela mais ainda sobre meu caso.

Tentei disfarçar meu desconforto interno e respirei profundamente procurando algo pra falar. Queria dizer que estava tudo bem e que não era nada demais, mas foi ai que me atingiu que ele estava aqui, no meu quarto. Como ele entrou e quem deixou ele subir?

- Como você entrou no meu quarto? — Foi a primeira pergunta que consegui processar e parecia que eu não havia perdido o dom da fala. Ele me olhou assustado e como se tivesse sido pego no flagra.

- Desculpa, eu cheguei a alguns minutos e sua mãe me recebeu. Como ela estava muito ocupada na cozinha ela disse que não havia problema em subir e ver se você já estava acordado. — O olhar assustado no seu rosto tinha dado lugar ao desconforto e ele começou a coçar a cabeça. — Ela me disse qual era seu quarto e eu subi. Eu bati na sua porta algumas vezes mas você não atendeu e quando eu abri a porta vi você remexendo na cama e percebi que estava tendo um pesadelo então resolvi acorda-lo. Me desculpa mesmo se invadi seu espaço, eu posso sair e esperar por você lá embaixo.

Ele parecia mesmo muito envergonhado por entrado no meu quarto, e o tom que usei quando me dirigi a ele o havia deixado ainda mais sem graça. Se fosse qualquer outra situação eu teria ficado muito puto da vida por alguém entrando no meu quarto, mas por algum motivo eu não me importava que ele estivesse aqui, claro que eu havia ficado surpreso, mas só pelo fato que ele estava aqui. Eu o encarei novamente e ele estava se sentindo desconfortável com meu comportamento direcionado a ele, eu dou mais um suspiro pesado e me movo pra longe da janela.

Forbidden LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora