Capítulo 10

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SANTUÁRIO


- Então o que você vai querer comer? – Josefa me perguntou quando nos sentamos na mesa.

Meus pais resolveram sair pra andar de cavalo pela propriedade com o Tonho e Yago foi pro quarto me deixando na cozinha sozinho com a Zefinha e é claro Orlando que não parava de me encarar do outro lado da bancada. Ele me olhava como se quisesse me comer vivo.

- Vou querer só um pedaço da sua broa de fubá, que estava morrendo de saudades e um suco de laranja e acerola se tiver, senão só laranja mesmo está ótimo, Zefinha. – Eu disse me sentando e tirando meu celular do bolso pra checar se havia alguma mensagem. Havia uma do Eduardo.

>Espero que tenha chegado bem. Quando puder me envie uma mensagem. Pensando em você. Beijo<

Não pude evitar o sorriso que se espalhou no meu rosto, porque agora isso era comum de acontecer sempre que o Eduardo se envolvia. Ele havia sem que eu percebesse ganhado um pedaço dentro de mim e me fazia sentir como nunca havia sentido antes. Rapidamente mandei uma resposta pra ele.

>A viagem foi tranquila, meu irmão estava com ressaca, mas viemos conversando o caminho. E você? O que está fazendo? Saudades de você. Beijos<

- E esse sorriso besta na cara, menino? – Zefinha me perguntou quando colocou um prato e um copo de suco na minha frente.

- Isso é a namorada, mãe. – Orlando disse do meu lado, me dando um susto. Quando ele havia sentado do meu lado? – Lembra de quando os dois vinham juntos e não se desgrudavam e quando só o Biel vinha ela não deixava ele em paz.

Eu olhei ao me redor e todas as cadeiras estavam desocupadas, mas ele sendo o engraçadinho de sempre tinha que invadir meu espaço pessoal como sempre foi desde quando éramos crianças.

Orlando não é meu primo realmente, ele é o filho da Zefinha e do Tonho e foi criado como família desde pequeno. Meus pais são os padrinhos dele e ele e eu éramos muito amigos quando criança, mas foi a adolescência despontar e ele começou a ficar engraçadinho e começou a dar em cima de mim. Eu ficava muito sem graça, mas nunca dei atenção as investidas dele e isso parecia motiva-lo a continuar.

- Deixa ele em paz, Orlando. – Zefinha disse jogando o pano nele, que se desviou se jogando em cima de mim.

- Sai daqui Orlando. – Eu disse tirando ele do meu colo.

- Arisco, é assim que eu gosto. – Ele disse se levantando e piscando pra mim. – Vou estar no meu quarto.

Ele saiu, mas não sem antes dar uma piscada pra mim. O que? Ele realmente acha que eu vou ir atrás dele no quarto? Esse sim é brasileiro e não desiste nunca. Os anos se passaram e várias foram as vezes que eu neguei, mas ele nunca entendeu.

- Ele não vai mudar nunca, não é Zefinha? – Eu perguntei tomando um pouco do meu suco.

- Não mesmo menino. Ele é assim desde os quinze e acho que agora não vai mudar. – Ela disse rindo enquanto se sentava comigo. – Eu achei que ele indo fazer faculdade ele mudaria, criaria um pouco de juízo, mas ele piorou.

- Ele está namorando? – Eu perguntei.

- Aquele ali precisa arrumar alguém que aguente aquele gênio. – Ela estava rindo, ela amava o filho, mas isso não queria dizer que ela fazia vista grossa ao comportamento dele. – E acho que está pra nascer um namorado pra ele que o suporte.

Zefinha e Tonho, apesar de serem criados no interior com aquele pensamento simples e mais conservativo nunca deixaram o filho de lado por ele ser homossexual. Eles o amam não importando a orientação dele.

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