INCONSCIENTE
Meu sábado começou cedo, levantei as seis da manhã pra tomar café com minha família antes do meu pai e meu irmão irem pra fazenda. O café foi silencioso e meu pai tentou mais uma vez me convencer a ir com eles, mas eu disse que realmente tinha um projeto pra começar e ele largou o assunto, por agora.
Depois que eles saíram eu e minha mãe ficamos um tempo na sala fazendo nada, ainda era extremamente cedo e eu não tinha nada pra fazer até a hora que o Eduardo chegasse aqui e minha mãe me disse que ela sairia logo depois do almoço pois tinha um encontro com sobre uma associação que ela era vinculada. Por isso gastamos a maior quantidade de tempo juntos.
- É uma pena que não vou conhecer esse seu amigo. - Ela disse passando a mão no meu cabelo. Estava deitado no sofá com a cabeça no colo dela, como fazíamos quando eu era criança. - E vou passar praticamente o dia todo na associação e não sei se volto a tempo de conhecer.
- Tudo bem mãe, nós vamos passar praticamente o semestre todo debruçado sobre esse projeto. Essa não vai ser a última vez dele aqui em casa. - Eu disse a ela, até mesmo como forma de explicar que Eduardo estaria vindo aqui frequentemente.
- Mesmo assim meu filho. - Ela ficou quieta depois disse e parou de passar a mão no meu cabelo. Eu virei a cabeça pra ver o porquê de ela estar silenciosa, mas na mesma hora parece que ela teve um estalo e ela se virou pra mim. - Eu tive um ideia.
Eu levantei do colo dela e me sentei no sofá, apoiando o meu braço no encosto pra cabeça e olhei pra ela que ainda não tinha verbalizado a tal da ideia.
- Que ideia? - Não aguentei mais esperar ela pra dizer por conta própria.
- Como somos só nos dois hoje em casa, porque você não convida seu amigo pra almoçar conosco. E depois ele já fica pra fazer o trabalho. - Ela disse animada. Eu conhecia bem a minha mãe. Mesmo quando ela dizia que não ia se meter nas minhas decisões, ela ainda tinha um jeito de verificar se eu estava fazendo algo considerado ilegal ou me envolvendo com pessoas erradas.
- Mãe, eu não sei não. Nós nos conhecemos a menos de uma semana, eu não acho que eu já deveria convidar ele pra almoçar e além do mais está muito em cima da hora. Ele já deve ter planos. - Eu justifiquei não querendo passar pelo vexame da minha mãe, eu e Eduardo almoçando juntos, mas lá no fundo uma parte de mim tinha gostado dessa ideia louca da minha mãe.
- Besteira, uma vez amigos vocês vão almoçar e passar tempo um na casa do outro, e o máximo que ele pode dizer é não. - Ela disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.
- Mãe, a senhora não entende ... - Mas ela não me deixou terminar.
- Não, não entendo mesmo. Porque você não quer que eu conheça esse amigo seu? Você tem vergonha da sua mãe. - Ela disse colocando uma mão no peito como se estivesse magoada. - Ou pior, ele é algum traficante ou marginal?
- Não é nada disso. Eu só acho muito cedo colocar a carroça na estrada sem os bois pra puxa-la. Ele vai ficar deslocado.
- Que nada, Gabriel. Como já te disse o máximo que ele pode dizer é não. - Ela bateu a mãos no joelho e se levantou, lançando um olhar que me desafiava a encontrar outra desculpa.
- Está bem, está bem eu vou ligar pra ele. - Me rendi sabendo que não tinha como vencer essa contra a minha mãe.
Ela acenou com a cabeça e seguiu pra cozinha imagino, Linda ficaria em casa pra deixar o almoço pronto e algo para amanhã e depois teria o resto do final de semana de folga. Antes de ela sair do meu campo de visão eu aposto que vi um sorriso de vitória no rosto da minha mãe, eu começo a rir, ela as vezes pode ser tão teimosa quanto eu ou meu pai. Talvez eu nào tenha herdado isso somente do genes dele.
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Forbidden Love
RomanceO que se faz quando não se sabe mais quem você é. Depois de passar 2 anos em intercâmbio, Gabriel volta pra sua casa, sua família, sua velha rotina e claro sua namorada, mas nem tudo está como antes. Alguma coisa parece fora do lugar, ele não se sen...