Traçamos metas, planos, objetivos, sonhamos com a vida que desejamos ter e viver, mais nada disso nos garante que as coisas serão do jeito que queremos
Meu avô já estava a muito tempo em coma induzido e isso poderia afetar sua coordenação motora por causa das drogas injetadas nele, então resolvi trazer ele de volta, no caminho de volta para do hospital acabei sendo atraído por uma cena que me levou a anos atrás, um garoto muito bem vestido sentado em um banco de praça com os olhos fixos em uma lata de lixo, fiquei curioso porque não havia nenhum adulto por perto dele, resolvi estacionar o carro do outro lado da rua e ver o que tanto ele olhava, cinco minutos depois descubro o motivo
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Uma criança de rua apareceu e começou e revirar a lata de lixo, ele se levantou e foi até lá, conversou um pouco e pegou na mão da criança de rua e levou até o banco onde estava sentado, foi até a padaria e comprou lanche, se sentou e começou a comer com o moleque de rua e a rir, aquela cena me deixou muito irritado mais o pior foi quando ele tirou seu casaco e sapato e deu, desci do carro enfurecido e fui até lá
Ricardo: o que está fazendo garoto?
Mateus: ajudando meu amiguinho
Ricardo: amigo? isso?
Mateus: o nome dele é......
Ricardo: não me interessa o nome dessa coisa, pela sua aparência da pra ver que pertence a uma boa família, onde estão seus pais?
Mateus: estão com meu avô
Ricardo: eles sabem que você anda se misturando com mendigos?
Mateus: e os seus sabem que você anda se metendo na vida dos outros?
Ricardo: se fosse meu filho te ensinaria uma lição
Mateus: se fosse meu pai eu te ensinaria uma lição
Ricardo: anda logo sai de perto desse garoto antes que pegue uma doença
Mateus: me larga seu doido
Ricardo: vou levar você até seus pais
Peguei ele pela mão e saí arrastando, ele ainda olhou pra trás e acenou sorrindo para o garotinho
Ricardo: porque deu suas roupas?
Mateus: porque é o certo a fazer
Ricardo: segundo quem?
Mateus: segundo Deus
Ricardo: Deus? ( sorriso irônico) essa coisa não existe, por acaso você já o viu?
Mateus: tenha respeito seu idiota, por acaso você vê o vento? ele deixa de existir por isso?
Ricardo: o vento se sente espertinho
Mateus: Deus também
Ricardo: você sente a Deus?
Mateus: claro que sim
Ricardo: acho que vou levar você a um psiquiatra ante de te devolver a seus pais
Mateus: e eu vou marcar uma atendimento para você com meu avô, rapidinho sua demência vai passar
Paramos em frente a uma igreja e tinha dois homens e uma mulher conversando lá dentro, antes de entrarmos ele me disse seu nome e de alguma forma mexeu comigo
Mateus: meus pais estão ali com meu avô
Ricardo: você não está mentindo pra mim, não é garoto?
Mateus: eu não minto, quem mente não tem caráter
Ricardo: quem te ensinou isso, foi Deus?
Mateus: não foi meu pai e meu avô e eu me chamo Mateus
Ricardo (sorriso irônico) esta bem então foi.........espera, como disse que se chamava?
Mateus: disse que meu nome é Mateus, porque?
Ricardo: nada, por nada, entre logo
Fiquei parado na porta até que ele chegasse perto dos seus pais e saí, entrei no meu carro e respirei fundo, além de se parecer muito com meus irmão ele ainda tinha o mesmo nome, pior, a mesma mania de gostar de ralé, ao invés de ir para o colégio parei na orla e fui andar de skate, toda aquela situação só me trouxe as lembranças de Mateus, a dor da saudade que parecia que ia me sufocar, a culpa por não ter podido fazer nada e ódio de toda e qualquer pessoa de classe inferior,
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Acabei parado em um quiosque para tomar uma água de coco, e em uma mesa ao lado tinham dois caras sentados, uma moça veio e me perguntou om que eu queria, pedi uma água de coco e ela foi até os dois caras e fez a mesma pergunta, ao invés de fazer o pedido, eles começaram a assediar a moça e um deles segurou no seu braço a impedindo de sair
Ricardo; ô moça, será que dava pra trazer minha água de coco?
Vitor: ela está ocupada apressadinho
Ricardo: não falei com você
Vitor: olha só meu irmão, o cara é cheio de marra
Ricardo: solta o braço da garota pra que ela possa fazer o trabalho dela e trazer meu pedido
Vitor: não vai dar não, estamos tendo um papo
Ricardo: ( sorriso irônico)
Sorri e olhei pra ele de cima a baixo colocando meu skate nos ombros, é......acho que já achei uma maneira de desabafar toda raiva que estava sentindo
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