Um plano para nós dois 2

Capítulo 14

Ricardo

Desde criança nunca fui muito sociável, a não ser se tivesse alguma vantagem para mim, diferente de Mateus que sorria pra Deus e o mudo, quando encontrei aquela pensão e vi que dava pra pelo menos ficar sem ter que vomitar, foi de certa forma um alívio, a dona era uma senhora bastante simpática porém rígidas coma as regras, ela me surpreendeu me interrompendo ao me oferecer biscoitos, nos fundos da pousada tinha um quintal enorme e uma mesa debaixo de uma árvore, uma sombra gostosa e um vento fresco e suave, o clima era bem tranquilo e me senti bem ali, quando ela voltou com os biscoitos percebi que o cheiro era muito parecido com os que mina avó fazia, de acompanhante um belo copo de leite, o mesmo jeito que minha avó fazia, fiquei parado olhando aquela bandeja distraído com as lembranças que me vieram a mente

Dora: como se chama?

Ricardo: Ricardo e a senhora?

Dora: me chamo Dora, senta pra comer

Me sentei e antes de comer o primeiro biscoito sentir o cheiro e depois direi um pedaço e deixei derreter na boca para sentir o gostinho de chocolate extraído do cacau, o outro pedaço molhei no leite e comi, era assim que eu começava a comer quando minha avó me dava

Dora: você tem cara de garoto que apronta muito, como já sei o seu ponto fraco, vou sempre estar te dando conselhos acompanhado de biscoitos e leite ( sorri)

Ricardo: ( sorriso disfarçado)

Dora: você me lembra muito uma pessoa

Ricardo: deixa eu adivinhar, seu filho

Dora: não, meu neto

Ricardo: é mesmo? ele também mora aqui ou foi estudar em outra cidade?

Dora: não, ele se foi faz cinco anos hoje, acho que você deve ter mais ou menos a idade dele se ainda estivesse vivo, ele adorava meus biscoitos e fazia desse mesmo jeitinho que você fez para comer, todas as vezes que vinha aqui pra casa

Ricardo: sinto muito te fazer lembrar de algo tão triste

Dora: não se preocupe, você não tem culpa, na verdade acredito que sua vinda seja a resposta que tenho esperado a algum tempo

Ricardo: resposta? que tipo de resposta?

Dora: é uma longa história, teremos tempo para que te conte mais agora precisa fazer seu cadastro e ir tomar um banho e arrumar suas coisas,

 Ela me levou até o quarto que eu  ficaria, esse era diferente dos outros, estava muito bem mobiliado e havia algumas coisas que não tinha nos outros, uma guitarra e um teclado, um mesa com um vídeo game, a janela dava para os fundos e era uma vista muito bonita do lago, alguma coisa naquele lugar me deixava mais tranquilo, talvez tenha sido a forma como fui recebido

Arrumei minhas coisas que não eram muito e fui dar uma olhada melhor no lugar, como disse os fundos da casa era enorme, tinha um lago e mais a frente uma quadra de basquete, porém estava muito suja e cheia de mato, pelo jeito havia bastante tempo que tinha sido usada, entrei em um barquinho que estava amarrado na beira do lago e fui para o outro lado, encontrei uma trilha, fiz alguma imagens e depois voltei para pensão, o lugar era perfeito para treino e corrida

Quando retornei Dora estava na cozinha com outra mulher acho que a cozinheira ou ajudante sei lá, aproveitei para perguntar pelo lugar que vi

Ricardo: posso tomar uma água?

Dora: claro que sim querido, já arrumou suas coisas?

Ricardo: sim, eu estava dando uma volta, esse lugar é bastante espaçoso, daria para ampliar sua pensão

Dora: daria mesmo se não fosse por dois problemas,  verba e pessoas para me ajudar a administrar isso

Ricardo: a senhora não tem família? filho, filha......

A ajudante olhou para ela e abaixou a cabeça, Dora ficou em silêncio por alguns segundos também,  parece que tinha um motivo para tudo aquilo estivesse meio que esquecido

Ricardo: acebei achando uma quadra de basquete, posso treinar lá quando estiver aqui?

Dora: se conseguir com todo aquele mato, pode sim, você gosta de basquete?

Ricardo: muito, acabei de entrar para o time do colégio

Dora: isso é ótimo

Ricardo: falando nisso tenho que falar com meu avô, tem algum telefone aqui que eu possa usar?

Dora: na sala tem um, pode usar

Ricardo: obrigado

Fui fazer a ligação para meu avô e pedir que fizesse os depósitos pelo quarto, mais desisti quando vi a garota da aula de educação física passar pela porta da pensão, me chamou a atenção o fato dela ter descido por ultimo de todos do ônibus e andar sozinha também, desliguei o telefone e fui seguindo para ver onde morava, ela foi andando até entrar em uma estrada de chão, eu já estava ficando cansado de andar

Ricardo: essa garota mora onde, na caverna do dragão?

Em fim parece que chegamos ao destino, era uma roça bem simples, um local bastante humilde, parei em frente aquela casa de barro cercada de pedaços de pau e arame, como uma pessoa pode viver em um lugar assim com um potencial tão grande? não demorou muito e ela sai correndo com uma espécie de farda, com um pão na mão comendo, corri e me escondi detrás de uma árvore para que não me visse, ela não me viu mais outro alguém sim

João: quem é você  e o que faz na minha propriedade?

Quando me virei tinha um senhor magro, negro e com uma cara de muito bravo segurando uma espingarda apontando para minha cabeça

Olá anjos....deixem o seu comentário................