03

1.7K 185 102
                                    

Juliette Freire

Nós deixamos Gael na casa da minha mãe e já estávamos indo para a casa da minha sogra. Analu insistiu em ir pra casa da avó Abadia.

Sarah: Oh filha,a partir de hoje você vai ser muito legal com seu irmão. E eu não quero que você seja de mentirinha,é pra ser verdadeira! O seu irmão gosta muito de você,ele queria muito sua atenção pra ele. E por isso,você vai ficar um pouquinho sem os seus jogos,você só vai falar com seus amiguinhos na escola.

Analu: Mas mãe!

- Mas mãe nada,Ana Luíza. Escuta o que sua mãe está falando.

Analu: Desde que o Gael nasceu vocês só dão atenção à ele,tudo é o Gael. Eu não aguento mais. Vocês brincavam comigo e agora só brincam com ele.

Sarah: Você está mentindo filha!

Analu: Eu estou mentindo? É a pura verdade! Quando o Gael nasceu eu não pude nem dormir na cama com vocês. Porque o Gael dormia no meio e eu podia machucar ele. E eu nem falei nada,eu obedeci vocês e aprendi a dormir na minha cama sozinha. Eu só queria as minhas mães de antes. Eu me sinto excluída,de madrugada eu acordo,todas as madrugadas eu acordo e abro a porta do quarto de vocês. Vocês estão agarradinhas e o Gael juntamente à vocês. Eu até queria dormir com vocês também. Mas eu sinto que não sou bem vinda naquela cama. Eu não sou bem vinda na vida de vocês. - Disse com os olhos marejados e a voz chorosa.

Sarah: Filha,você sabe que pode dormir com nós sempre que quiser,não sabe?

Analu: Não! Eu não tô nem aí,o Gael pode ficar com vocês duas só pra ele.

- Meu amor, você e seu irmão são as nossas luazinhas. Você foi a primeira luazinha que apareceu em nossa vida,a gente te ama muito filha,não pensa isso da gente. Sempre que você quiser contar algo para nós,pode contar,como foi seu dia na escola,como... - Ela me interrompeu.

Analu: Os meus dias na escola são horríveis! Eu não tenho nenhum amigo.

Sarah: E os amigos que você joga todos os dias?

Analu: Eles não existem! São todos imaginários. Eu criei uma conta no jogo pra mim jogar sozinha. Eu disse à vocês que eu tinha amigos porque eu não queria parecer chata e fazer cena pra vocês me darem atenção.

- Filha,por que você não tem amiguinhos?

Analu: Eles dizem que...

Sarah: O que eles dizem?

Analu: Que eu sou uma menina insuportável,e minhas mães me odeiam. Eles dizem que eu sou adotada porque duas mulheres não podem ter filhos. Eles dizem que vocês são duas mulheres idiotas por namorarem uma à outra. E eu odeio quando eles dizem isso. Eu protejo vocês. Eu já quebrei o braço de um menino porque ele disse que a mamãe Sah era uma loira feia,ele disse que a mamãe Ju era muito chata.

Sarah: Filha... - Minha esposa tinha lágrimas nos olhos.

Analu: Eu sempre protegi vocês. E quando eu quebrei o braço do menino,a diretora pediu pra eu chamar vocês na escola,mas eu não chamei,porque eu estava com medo de vocês brigarem comigo e eu não ter coragem de dizer a verdadeira história. No outro dia,eu cheguei na escola sem vocês e a professora brigou comigo. Ela disse que eu tinha que ter chamado vocês. E eu fiquei calada,não disse nada. Ela nao deixou eu entrar na sala de aula várias vezes. E eu ficava do lado de fora,até dar a hora de vocês irem me buscar.

- Minha filha,por que você nunca contou isso pra gente? Suas mamães iriam te ajudar. Quando você nasceu,eu e a mamãe Sah fizemos uma promessa. Que não importava o que acontecesse,você sempre iria ser a nossa Lua. E como você protegeu a gente,nós queríamos te proteger também.

Sarah: Ana Luíza,desculpa por todas as vezes que eu e a mamãe Ju te fizemos se sentir excluída,nós não queríamos fazer isso,você é nossa vida. Te amamos muito meu amor.

Analu: E eu também amo vocês. Mas eu me sinto distante da minha família ainda.

- Você nunca estará distante meu amor,você pode ficar com a gente sempre que quiser. Eu e sua mamãe Sah te amamos. - Eu vi ela sorrir pelo retrovisor. Estávamos presas no trânsito então deu tempo de toda aquela conversa.

Chegamos à casa de Dona Abadia e Analu saiu do carro e correu para os braços da avó.

Abadia: Meu amor,que saudade. - Falou beijando o rosto de Analu.

Analu: Eu também estava morrendo de saudade de você vovó.

Abadia: Por que você está com os olhinhos vermelhos amor?

Analu: Não é nada vovó,deve ser alguma alergia. Vem,vamos brincar.

Abadia: Já vou minha pequena,entra lá que o Théo está te esperando. - Théo era o cachorrinho de minha sogra e Analu amava ele.

Sarah: Mãe,não queria ocupar o seu tempo,mas ela insistiu em vir pra cá.

Abadia: Tudo bem meu amor. E minha norinha? Como está?

- Eu estou ótima dona Abadia.

Abadia: Que bom! O Gael está na casa de Fátima?

- Sim,ele e os seus outros dois netos Júlia e Benício foram pra lá.

Abadia: Pelo menos a minha pequena veio pra cá,eu vou lá brincar com ela,beijo e bom trabalho pra vocês.

- Tchau sogrinha,até mais tarde.

Sarah: Tchau mãe. - Ela acenou e nós fomos para o carro.

- Eu nunca pensei que Ana Luíza passasse por aquilo.

Sarah: Eu também não, meu bem. Mas agora a gente vai dar muita atenção pra ela não se sentir excluída.

- Com certeza.

Eu deixei ela no trabalho e depois eu fui para o meu.

(...)

8:35 da noite.

Sarah Andrade

Passamos na casa da minha mãe pra buscar Analu e depois fomos à casa de minha sogra.

Pegamos Gael e fomos pra casa. Os meu três amores foram para o banho e eu fui preparar o jantar,depois eu também tomei banho e jantamos juntos.

Juliette: Como foi a tarde na casa das vovós?

Gael: Foi muito legal! Eu,Júlia e Benício tomamos banho na piscina,e depois a gente assistiu filme e comemos pipoca doce que a vovó fez,estava muito bom.

- Que legal filho,e você filha,como foi o dia com a vovó Abadia?

Analu: Muito bom,nós fizemos bolo de cenoura com calda de chocolate,eu brinquei com o Théo e depois o vovô me levou para conhecer o depósito de ervas dele.

Juliette: Parece que os dois se divertiram muito não é?

Nós terminamos de jantar e fomos para a sala de cinema. Temos uma sala de cinema em casa,passamos o restinho da noite lá assistindo filmes com as crianças.

...
Oie,como estão?
Espero que estejam bem.

Volto logo
Beijão <3

𝗙𝗮𝗺𝗶𝗹𝗶𝗮 𝗙𝗿𝗲𝗶𝗿𝗲-𝗔𝗻𝗱𝗿𝗮𝗱𝗲 Onde histórias criam vida. Descubra agora