13- Encontros inesperados

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Segui minha mãe até o estábulo. Ainda estava escuro, talvez fosse umas 3h da madrugada. A égua que estava no chão, relinchava descontroladamente, agitando os outros cavalos. Me aproximei e vi que era a égua que vovô estava cuidando logo cedo.

- Filha, você ja fez algum parto? - minha mãe me perguntou desesperada, acalmando a égua.

- Ja mãe, mas foi em um humano. - respondi em estado de choque, tentando assimilar o que estava acontecendo.

- Besteira, vem aqui. Eu confio em você. - ela fez com a cabeça para que eu me juntasse a ela.

Cheguei próximo a égua e pressionei seu abdomem. O potrinho ja estava pronto para sair. Coloquei as luvas que meu irmão me entregou e investiguei o útero da égua.

- Merda. - falei decepcionada.

- O que? O que foi? - minha mãe falava desesperada.

- O filhote esta sufocando com o cordão umbilical, tem que ser retirado com cuidado se não pode morrer dentro da barriga da mãe. - expliquei.

- Mil desculpas doutor, mas você sabe, não se escolhe hora pra nascer né?! - meu avô falava.

- Sem problemas, minha profissão requer isso. - aquela voz de novo, tão familiar e porque meu coração sambou ao esculta-la?

- Luna? O que você ta fazendo? - meu avô me perguntou, assim que entrou no estábulo.

Levantei meu olhar e de imediato parei em um par de olhos verde cristal, que me encarou com a mesma intensidade.

- Você? - proferimos ao mesmo instante, deixando todos que estavam no local, sem entender nada.

- Sério? Você ta me seguindo ou o que ? - me levantei irritada.

- Te seguindo? Por qual motivo? - ele perguntou.

- Sei lá. Pra que eu te pague, pelo pequeno acidente. Eu não me esqueci, ta!

- Que acidente? - minha mãe nos interrompeu. Me fazendo voltar a focar no que realmente importava naquele momento.

- Não importa mãe, a gente precisa tirar o potrinho agora mesmo.

- E é pra isso que eu vim. - o homem ao qual eu não sabia o nome e não sabia porque bulhufas estava na minha fazenda, se aproximou da égua.

- Não precisa, eu sou médica. Posso muito bem tirar o potrinho.

- E é? Que interessante, eu também. Agora por gentileza, se afaste. - ele se colocou ao meu lado e começou a examinar a égua.

Ele era médico? Como assim? So podia ser brincadeira.

- O potrinho está sufocado pelo cordão, tem que retirar ele com caut...

- Foi o que disse. - me apressei em dizer.

Ele virou o olhar para mim e me estudou por um tempo. Fiquei desconfortavel, não de um jeito ruim, mas de um jeito diferente.

- Você é médica de animais? - ele perguntou.

- Todos nós somos animais, uns racionais e outros irracionais. Igual a você. - sorri, em deboche.

Ele fez como se fosse rir, mas se endireitou e disse calmamente em meu ouvido.

- Não foi eu que sai dirigindo de forma irracional e ignorante pela rua, no meio da madruga, bêbada.- surruou no meu ouvido e eu senti cossegas no meu pescoço.

Olhei para ele em apreensão e ele deu continuidade a seu trabalho. Estudando formas de retirar o filhote sem que ele sofresse.

- Eu vou precisar que alguém segure a cabeça do filhote, enquanto eu puxo seu corpo para fora.

Vivendo uma nova experiência na FazendaOnde histórias criam vida. Descubra agora