Introdução

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Ana Pov's.

As palavras do meu pai rondavam a minha cabeça e zumbiam em meus ouvidos : "tudo na vida tem limites", " há um limite para certas coisas" e " O nome dela é Ana " . Não aguentava mais ouvir e provavelmente meu pai Charlie também não. Já estava dando cinco horas, em breve eu tinha que buscar minha filha no colégio. E essa foi minha desculpa para sair de casa sem dar satisfações. Abri a velha porta de madeira e desci as escadas também de madeira , tão apresada que quase levei um tombo no penúltimo degrau. O velho porshe do senhor e da senhora Madsen estava estacionado bem em frente a porta.

Agora tenho vinte anos, não sou mais aquela garotinha rebelde que costumava ser. Mas se eu tivesse meus treze, quatorze anos  sem dúvida nenhuma riscaria toda a extensão lateral desse carro. Respira. Respira. Respira. Tá vai passar a vontade, vai passar...

-  Ana você tem uma filha de oito anos, um emprego quase digno e em breve - Respira - se Deus quiser vai estar na faculdade... Não vale a pena estragar sua vida pelo velho porshe. - Falei mentalmente acalmando meus nervos em transe.

Comecei a andar em direção a praia,minha filha estuda na escola municipal que fica bem atrás da capela á dois quarteirões do píer de Santa Mônica . Eu gostaria de levar Nessie para brincar na areia, mas o dia está  chuvoso e sei que o assunto que o senhor e a senhora Madsen vieram discutir vai repercutir até a hora de trabalhar e talvez pela manhã antes da Nessie acordar.
 
O sinal tocou em pouco tempo isso aqui estaria lotado de crianças , soltei um riso abafado, quando criança eu era o oposto da minha filha. Apenas me metia em encrencas, brigas e matava aula. Nem parece que a Nessie já tem oito anos.

- Ana, não é mesmo? - Indagou uma senhora de cabelos claros e olhos azuis penetrantes. - Irmã da Nessie?. - Gelei. Essa não era a primeira vez que isso acontecia e sei que não vai ser a última.

- Eu sou a mãe da Nessie. - Respondi tentando parecer simpática e instantaneamente esbanjando um sorriso fajuto.

- Nossa. - Ela me olhou admirada. Apenas quis responder " eu sei" mas mantive em pensamento. - Deve ser difícil ter filha e ser tão novinha. - De admiração seu olhar começou a demonstrar pena, o que foi totalmente desconfortante.

-  Não muito. - Era verdade, Nessie é uma garota muito gentil, educada e amável. Quando tive a notícia que minha aventura tinha se tornado um bebê, desmaiei por quatro horas, pensei que com apenas 13 anos não conseguiria tomar conta da minha bebe. Mas deu certo na medida do possível... Pelo menos acho que Nessie é feliz por ter eu de mãe.

- Ela é filha do Charlie. - Uma mulher que aparentava ter trinta e poucos anos se infiltrou na conversa.  Seu tom de voz era rude e eficaz .

- Ah. - Essa foi a breve resposta da senhora de cabelos claros. As duas se entreolharam e saíram rapidamente de perto de mim.  Qualquer que fosse o assunto que a senhora de cabelos claros queria tratar ficou para depois.

No fundo sabia do que exatamente tratava " Ela é filha do Charlie." , mas eu tinha tantos problemas para pensar que esse caiu no esquecimento assim que vi o sorriso da minha menininha correndo em minha direção.

...

Charlie apareceu na cozinha quando eu acabava de lavar a louça. Por algum motivo  sem ser exato não gostaria de ter essa conversa, pelo menos não nesse momento. Eu tinha uma longa noite de serviço e não gostaria de me irritar antes de ter que encarar 8 horas de trabalho.

- Pai, será que podemos conversar amanhã ? - O olhei do jeito mais doce e gracioso que consegui.

- Não. - Falou rapidamente fazendo minha sobrancelha esquerda arquear. Suspirei fundo e comecei a ensaboar o último prato. - Chegou isso para você hoje. - voltei a olhar na direção de Charlei que agora segurava um papel.   Meu coração acelerou e em instantes lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Ao contrário das outras garotas quando completei  dezoito anos não fui para faculdade. Eu sempre sonhei em estudar Artes Plásticas na UCLA, porém quando recebi a notificação de aprovados vi que não era apenas meu nome que constava na lista... O nome de Sam também estava lá o que fez meu sonho partir em mil pedacinhos.

Sam Madsen, filho do senhor e da senhora Madsen, meu único e aventureiro amor, pai da minha filha, carinha que me deflorou , me engravidou com 13 anos, pai ausente que nunca sequer olhou para cara da filha, destruidor de sonhos e por fim destruidor de corações. Eu não queria ter que ver a cara dele novamente e provavelmente nem ele a minha, sempre soube que ele não iria desistir da UCLA por isso desisti da minha faculdade dos sonhos e fui ser garçonete .

Mas há seis meses atrás em um momento de fúria e de pensamentos do tipo " Eu gostaria de sumir", cuja esse pensamento e outros também foram causados pelo Sam , me inscrevi em um concurso de bolsa de estudos. O problema é que a faculdade cuja me inscrevi fica a quase 800 KM de distância... em Oklahoma.

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