14. Sala Precisa

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 Jade está encarando as páginas do livro como se fossem o exame final. É estranho, pois ao mesmo tempo que tudo está confuso escrito em letras confusas e minúsculas, às vezes ela também sente que consegue entender o que ele está tentando transmitir. 

É madrugada, todo o quarto está escuro, exceto pelo pequeno ramo brilhante que sai de sua varinha. Não quer que as meninas acordem e a vejam lendo um livro em branco; isso custaria muitas explicações.

Depois de muito tempo quebrando sua cabeça com aquilo, ela enfim desiste e se posta a dormir, mas não antes de esconder o livro debaixo do travesseiro. Tudo ficará mais claro depois de uma boa noite de sono. 

[...]

— De novo. — repetiu Arthur com uma voz cansada e irritada.

Lampejos verdes voavam por toda a sala de DCAT. Apesar do silêncio em palavras, podia-se ouvir muitos resmungos, arfadas e choramingos. Estavam aprendendo a azaração Levicorpus, que levanta seu oponente pelo tornozelo e o deixa de cabeça para baixo.

Um dos garotos da Corvinal saiu correndo da sala assim que Arthur o olhou nos olhos. Pela cara do corvino, ele parecia querer vomitar. O professor pareceu não dar importância ao seu aluno doente e voltou a andar pela sala, quase entediado. 

— Mais um dia de aula normal com o Prof. Esquisitão — sussurrou Jake.

— Achei que só íamos aprender isso ano que vem —  disse Teresa com a varinha apontada para um quintanista da Grifinória que não parecia nada afetado.

— E era pra ser. Feitiços não-verbais só são ensinados a partir do sexto ano — respondeu Beatrice, um tanto nervosa, mas que mesmo assim conseguiu executar o feitiço perfeitamente.

Pouquíssimos haviam conseguido, o que não era de se surpreender. Apesar da raiva, Beatrice queria impressionar o professor e ficou decepcionada quando ele passou por ela sem esboçar nenhuma expressão de contentamento. Só o que ele disse foi:

— De novo.

Jade trocou de lugar com Jake e apontou a varinha para o mesmo, mas nem sequer pensou no feitiço. Na verdade, sempre que era sua vez, ela tentava ao máximo ocupar a sua mente. Já estava cantando quase toda a discografia do Queen naquela altura.

Arthur passou por ela e Jade precisou ao menos fingir que estava se concentrando. O professor ficou atrás de Jake, a olhando profundamente por um tempo, o que deixou a garota desconfortável, apesar de tentar não transparecer. Então ele foi até ela e sussurrou em seu ouvido:

— Sei o que você está fazendo.

Jade não conseguiu esconder o susto, e se virou para ele.

— O quê?

— Ou melhor, o que não está fazendo. — reprimiu os lábios no que pareceu ser um sorriso azedo. — Você nem está tentando.

— É claro que estou tentando, mas é um feitiço muito difícil e... — disse nervosa, quase gaguejando.

— Você não vai querer mentir para mim. — se curvou a ela, ficando na altura de seus olhos. — Me mostre o que você sabe fazer, ou então eu vou pensar que você é uma covarde.

Jade voltou seu olhar para frente, fitando um Jake entediado. Arthur continuou falando.

— Sei que está se segurando, Srta. Brekker. Posso ver em sua cabeça o quanto está controlando. 

— Como?

— Digamos que sou um ótimo legilimente.

— O quê?

Entre paixões e poções (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora