Jade está encarando as páginas do livro como se fossem o exame final. É estranho, pois ao mesmo tempo que tudo está confuso escrito em letras confusas e minúsculas, às vezes ela também sente que consegue entender o que ele está tentando transmitir.
É madrugada, todo o quarto está escuro, exceto pelo pequeno ramo brilhante que sai de sua varinha. Não quer que as meninas acordem e a vejam lendo um livro em branco; isso custaria muitas explicações.
Depois de muito tempo quebrando sua cabeça com aquilo, ela enfim desiste e se posta a dormir, mas não antes de esconder o livro debaixo do travesseiro. Tudo ficará mais claro depois de uma boa noite de sono.
[...]
— De novo. — repetiu Arthur com uma voz cansada e irritada.
Lampejos verdes voavam por toda a sala de DCAT. Apesar do silêncio em palavras, podia-se ouvir muitos resmungos, arfadas e choramingos. Estavam aprendendo a azaração Levicorpus, que levanta seu oponente pelo tornozelo e o deixa de cabeça para baixo.
Um dos garotos da Corvinal saiu correndo da sala assim que Arthur o olhou nos olhos. Pela cara do corvino, ele parecia querer vomitar. O professor pareceu não dar importância ao seu aluno doente e voltou a andar pela sala, quase entediado.
— Mais um dia de aula normal com o Prof. Esquisitão — sussurrou Jake.
— Achei que só íamos aprender isso ano que vem — disse Teresa com a varinha apontada para um quintanista da Grifinória que não parecia nada afetado.
— E era pra ser. Feitiços não-verbais só são ensinados a partir do sexto ano — respondeu Beatrice, um tanto nervosa, mas que mesmo assim conseguiu executar o feitiço perfeitamente.
Pouquíssimos haviam conseguido, o que não era de se surpreender. Apesar da raiva, Beatrice queria impressionar o professor e ficou decepcionada quando ele passou por ela sem esboçar nenhuma expressão de contentamento. Só o que ele disse foi:
— De novo.
Jade trocou de lugar com Jake e apontou a varinha para o mesmo, mas nem sequer pensou no feitiço. Na verdade, sempre que era sua vez, ela tentava ao máximo ocupar a sua mente. Já estava cantando quase toda a discografia do Queen naquela altura.
Arthur passou por ela e Jade precisou ao menos fingir que estava se concentrando. O professor ficou atrás de Jake, a olhando profundamente por um tempo, o que deixou a garota desconfortável, apesar de tentar não transparecer. Então ele foi até ela e sussurrou em seu ouvido:
— Sei o que você está fazendo.
Jade não conseguiu esconder o susto, e se virou para ele.
— O quê?
— Ou melhor, o que não está fazendo. — reprimiu os lábios no que pareceu ser um sorriso azedo. — Você nem está tentando.
— É claro que estou tentando, mas é um feitiço muito difícil e... — disse nervosa, quase gaguejando.
— Você não vai querer mentir para mim. — se curvou a ela, ficando na altura de seus olhos. — Me mostre o que você sabe fazer, ou então eu vou pensar que você é uma covarde.
Jade voltou seu olhar para frente, fitando um Jake entediado. Arthur continuou falando.
— Sei que está se segurando, Srta. Brekker. Posso ver em sua cabeça o quanto está controlando.
— Como?
— Digamos que sou um ótimo legilimente.
— O quê?
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Entre paixões e poções (HIATUS)
FanfictionO mundo bruxo pós-Voldemort deixou muitas marcas, hostilidade e novas ideologias. Temperamental, rebelde e bastante criativa, Jade tenta levar sua vida em Hogwarts como uma estudante qualquer, mas seu passado misterioso sempre vem para assombra-lá. ...