3. A plataforma 9 ¾

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Jade já havia repassado o planejamento do dia seguinte tantas vezes que até já se familiarizara com a imagem que seu cérebro projetou da plataforma 9 ¾. Com o dinheiro dos trouxas que trocou no banco Gringotes, pagaria uma passagem de metrô que a levaria até a Estação King's Cross. De lá, teria que atravessar a parede (sim, isso mesmo que você leu) que fica entre as plataformas 9 e 10. E então chegaria no Expresso de Hogwarts, o trem que irá levá-la para a escola. Jade não estava muito segura quanto a parte de atravessar uma parede, mas ela havia lido isso no Hogwarts: Uma História e até mesmo confirmou com o dono do Caldeirão Furado (que, com o tempo, descobriu se chamar Tom). Um dia antes da partida adquiriu um malão e um carrinho, para auxiliar com toda a bagagem que tinha, além das gaiolas para Atena e Percy (não se sentia muito confortável em deixar os bichinhos presos por tanto tempo, mas prometeu que os soltaria assim que chegassem a Hogwarts). Era de manhãzinha quando saiu, pela última vez, do seu quarto.

— Foi um prazer fazer negócios com você, Tom — balançou a mão do mesmo. A postura "adulta" de Jade o fez rir um pouco.

— Igualmente senhorita Brekker.

— Sabe, eu vou sentir muita falta desse lugar.

— Bom, você pode voltar nas férias, nem que seja para tomar uma sopa.

— Com certeza voltarei — sorriu — Adeus Tom. Adeus a todos — se despediu alegremente dos clientes que ali estavam. Os via tantas vezes por dia que já se sentia próxima deles.

O caminho até a Estação King's Cross foi um sucesso. Nenhum homem maluco a tentou raptar, e quando ficou confusa sobre seu metrô, um guarda muito simpático a ajudou. Então chegou a temida parede. Ela parecia bem sólida aos olhos de Jade. Se afastou um pouco e decidiu esperar algum bruxo atravessá-la. Não demorou muito quando um casal saiu da parede, correndo e então quando pisaram na "estação de trouxas", andaram como se fosse algo rotineiro sair de paredes. Jade piscou, maravilhada.

— Bom, se tem como vim então também tem como ir, certo? — perguntou para Atena que piou — Certo. Vamos lá.

Respirou fundo, olhou ao redor para ver se ninguém estava a olhando e, enfim, correu pela parede. Imaginou que, se desse errado, sentiria uma pancada forte colidindo com o seu corpo, mas foi como correr entre as nuvens. Quando parou de correr, abriu primeiro o olho esquerdo e então permitiu que o direito pudesse vislumbrar o que estava à sua frente. Um enorme motor a vapor vermelho se encontrava nos trilhos. Numa placa, no alto, a frente podia-se ler Plataforma 9 ¾ . Por Merlin (expressão dos bruxos, aprendeu) nunca se cansaria daquilo.

Não conseguiu pensar muito no seu amor pela magia, pois não demorou tanto e algo realmente colidiu com ela, mas não foi uma parede e sim um garoto. Ele praticamente a havia atropelado com o seu próprio carrinho.

— Por Merlin. Te machuquei? — perguntou o garoto se levantando.

— Não — se levantou também, pegando as gaiolas que voaram para longe e as colocando no carrinho de volta — Mas é melhor a gente sair daqui antes que alguém decida me atropelar de novo.

— Melhor mesmo — se apressou para desvirar o próprio carrinho e sair de perto da parede.

— O que aconteceu? — perguntou uma moça que estava logo atrás do menino.

— A gente acabou trombando sem querer. Tá tudo bem mãe — acrescentou quando a mesma passou a verificar cada canto da sua cabeça, preocupada. Jade achou aquilo fofo de sua parte. Nunca teve alguém para se preocupar tanto com ela. O máximo de preocupação que Anna mostrava com eles onde viviam, era que casais não adotavam crianças machucadas e com roupa suja.

Entre paixões e poções (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora