9. Madrugada

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- Nada. - diz Jade já perdendo as esperanças.

Desde o incidente na aula do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas e a estranha visão que tivera com uma águia de bronze, Jade e Jake vinham pesquisando tudo o que tivesse ligação com a estatueta, mas duas semanas depois, eles não haviam feito nenhum progresso.

- Não é como se fossemos encontrar o nome águia de bronze dando sopa em um dos dicionários. - debochou Jake fechando mais um livro.

Haviam várias pilhas de livros espalhadas na mesa em sua frente. Estava uma bagunça. Se Madame Pince visse aquilo não ficaria nada feliz, mas por sorte ela estava muito ocupada lidando com os estudantes bagunceiros do primeiro ano.

- Você tem certeza que não quer falar da sua visão com algum professor? - tentou de novo, olhando para uma Jade com a cabeça deitada na mesa e o cabelo bagunçado. Estavam ali há horas.

- Não. - olhou para ele. - Pelo menos não agora.

Bruxos tendo visões nunca era um bom sinal. Jade teve medo. Não pelo o que poderia acontecer, mas porque sabia que tudo ia mudar, de novo.

Não que fosse uma pessoa acomodada com a vida e gostasse de rotinas maçantes. Mudanças eram boas, adorava mudar. Nos últimos dias trocou a cor da mecha em seu cabelo ao menos duas vezes. Hoje estava rosa. Só que é diferente. A única certeza que tinha da vida era que, não importava o que acontecesse, ela estaria ali em Hogwarts, cercada dos seus amigos, segura, em casa.

Porém agora sentia que tudo estava saindo de controle. Mais uma vez se sentindo deslocada no único lugar que deveria a acolher por ser quem é, rodeada de pessoas iguais a ela.

E se ela fosse diferente, afinal? E se ela tivesse que fugir de novo? Para onde iria desta vez?

- Você quem sabe. - começou a organizar os livros, e então a olhou. - Tenho certeza que não é nada de mais. Mas se for... Bom, acho que podemos lidar com sua cabeça dando defeitos.

Jade sorriu. Era muito bom saber que, pelo menos dessa vez, ela teria alguém ao seu lado se as coisas começassem a desmoronar.

Se juntou a ele para arrumar os livros. A biblioteca estava perto de fechar, e logo seria a hora da janta. Estava faminta.

- Ah, aí estão vocês. - o rosto de Evelyn surgiu no corredor. - Os procurei por toda parte. - tirou um lencinho do bolso e entregou para Jade. Havia um pedaço de bolo de chocolate enrolado.

- Evelyn, eu já disse que te amo? - passou o dedo na calda, o levando para a boca.

- Por que o nosso salão tem que ser tão longe da cozinha? - Jake perguntou engolindo um pedaço do bolo.

- Ser lufana tem as suas vantagens. - sorriu satisfeita. - Vocês têm passado tempo demais na biblioteca, quase não os vejo mais. Deve ser coisa de corvino, não é Evelyn? - zombou de si mesma.

Jade e Jake se olharam. Não havia motivo para esconder a verdade de Evelyn. Ela era sua amiga há tanto tempo quanto Jake, e uma das pessoas mais confiáveis que conhecia. Evelyn é uma lufana legítima, quase a própria reencarnação de Helga Hufflepuff.

Jade tirou o desenho que fizera da águia de bronze debaixo de um dos livros e o entregou para ela.

- O que é isso? - examinou, curiosa.

- É o que estamos tentando descobrir. - suspirou. - Foi uma coisa que apareceu na minha mente, tipo uma...

- Visão? - Evelyn completou quando a palavra não saiu da boca de Jade. A garota assentiu em resposta, e então a amiga pegou em sua mão. - Tá tudo bem. Nem sempre isso é uma coisa ruim.

Entre paixões e poções (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora