7. Segunda Parte - Quinto ano

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"O chapéu-seletor só podia estar louco quando me colocou na Corvinal. Casa dos sábios e inteligentes? Diz isso para o meu cérebro."

Jade estava olhando para a mesma questão da lição de Astronomia há quase trinta minutos, sem conseguir resolver. Fechou seus olhos desejando que todos aqueles livros e papéis pegassem fogo, mas quando os abriu eles ainda estavam lá. Intactos e impossíveis de serem resolvidos.

Desisto. Empurrou a lição para frente e deitou a cabeça na mesa. O salão comunal da Corvinal estava fresco. Raios de sol invadiam todo o cômodo.

Rachel está ao seu lado, tentando gravar alguns feitiços. Com suas madeixas loiras e sua autoconfiança inabalável, ela é com certeza a garota mais bonita de todo o quinto ano. Não é à toa que os meninos vivem atrás dela, como se fossem pelúcios atraídos por diamantes.

Teresa está na sua frente. O completo oposto de Rachel. Seu cabelo castanho escuro, despenteado e sua pose de durona que consegue botar medo até em alguns professores. Mas a verdade é que Teresa é mais sensível do que todas elas juntas, e, para o seu azar, se deixa abalar muito fácil.

Abigail se encontra ao lado de Teresa. Ela é o pilar do grupo. Nunca haverá alguém tão meiga e gentil como ela. Ruiva e romântica, sempre se perguntaram como ela não parou na Lufa-lufa. Helga teria muito orgulho de tê-la em sua casa.

Por fim, havia Jade. A garota de cabelo castanho com ondas rebeldes, passara a fazer mechas de diferentes cores nas madeixas. Cada cor servia para combinar com o seu humor. Essa semana ela usava roxo. Fora isso, ainda era a mesma.

Levantou a cabeça. Encarou a lição que a olhou de volta, e decidiu fazer o que sempre fazia: inventar as respostas. Aquilo com certeza seria uma mancha incômoda nas suas notas perfeitas do N.O.M.s, mas naquela altura do campeonato já estava convencida que não podia ser a melhor em tudo.

- Olha Teresa. - levantou seu pergaminho. - Tem uma estrela com o seu nome.

- Não tem, não.

- Bom, agora tem. - riram.

- Você vai levar um zero. - disse Abigail séria.

- Qual é, pelo menos, algum pontinho ela tem que me dar. Estou tentando.

- Você não tá tentando.

- Só por causa disso, Abigail, você não vai ganhar nenhuma estrela com o seu nome.

- Não, eu parei. Eu acho que você está indo muito bem, Jade.

- Que fofa. Vou te dar a estrela mais brilhante.

- Achei que eu estava com a estrela mais brilhante. - Rachel cruzou os braços e olhou para Jade.

- Por que você tem que ser a estrela mais brilhante? - questionou Teresa.

- Não é óbvio? - jogou seu cabelo para trás.

- Acho que a gente deveria jogar ela no salão comunal da sonserina. Ia se dar muito bem lá.

- Então seríamos duas, não é Teresa? Digamos que você não é a pessoa mais gentil do mundo.

- Sim, pois você é um poço de simpatia, não é, rainha do drama?

- Eu pelo menos sou inteligente.

- O que você disse?

- Não comecem, por favor. - disse Abigail cansada.

- Mas foi ela quem começou. - Rachel se defendeu.

Um sorriso de canto brotou no rosto de Jade sem que ela se desse conta. Aquilo era como um filme repetido. Teresa e Rachel brigando, enquanto Abigail ficava no meio tentando acalmá-las. Mas era o seu filme favorito, porque cenas como essa significam que ela estava em casa. Aquele era o seu espaço seguro. O ambiente familiar e aconchegante em que vivia.

Entre paixões e poções (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora