15. Poções e confissões

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Aviso: Esse capítulo contém uma cena relacionada a crise de ansiedade. Tome cuidado. Colocarei um asterisco (*) na cena indicada. Se não se sentir bem, pule o trecho.

Sexta-feira. Masmorras. Aula de poções. 

O Prof. Horácio passou pelos alunos verificando seus caldeirões e sorriu ao ver que o líquido no caldeirão de Jade estava azul claro, como deveria estar. A garota não conseguiu esconder seu orgulho e olhou para Ivy do outro lado da sala, que parecia estar tendo bastante dificuldades para retirar os ferrões dos gira-giras. A sonserina ouviu o elogio do professor para a corvina e, na raiva, jogou o gira-gira no caldeirão com força, fazendo respingar no sonserino que estava ao seu lado. Ela pareceu não ligar, perfurando Jade com um olhar, que apenas riu e voltou a atenção para o seu trabalho.

Estavam aprendo a poção Homobolhus que criava uma bolha em volta da pessoa que a tomasse e a permitia respirar embaixo da água.

Como sempre a sala de poções estava preenchida por uma grande nuvem de fumaça, que deixava o ambiente quente e abafado pelo calor dos caldeirões. Por conta disso Jade nunca ia para a sala de colete ou capa. Usava apenas a camisa branca com as mangas puxadas para cima e a gravata azul não tão ajeitada no pescoço como estava de manhã. Seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo alto para impedir que sua nuca soasse, mas os fios mais finos na frente eram rebeldes demais para ficarem presos. Por sorte poções era a última aula do dia. E logo seria final de semana, o que significava visita a Hogsmeade. Mexia em seu caldeirão pensando na cerveja amanteigada gelada do Três Vassouras.

Quando sua poção enfim chegou na tonalidade azul escura, ela desligou o fogo e começou a adicionar o guelricho. Foi quando o Prof. Horácio perguntou:

— Alguém sabe dizer porque temos que mexer essa poção cinco vezes no sentido horário e uma no anti-horário?

Jade sabia, mas achou melhor não falar nada. Só naquela aula já havia respondido umas seis perguntas do professor. Sempre se empolgava em poções.

— Ninguém? — olhou para os alunos, parecendo desapontado. Jade já estava pronta para dar o braço a torcer e responder, quando ele acrescentou — Senhor Evans?

Thomas olhava para o seu caldeirão, mexendo-o distraidamente e quando ouviu seu nome fechou os olhos bem forte como se não quisesse estar ali. 

Assim como Jade e maioria dali, ele usava apenas a camisa branca. A gravata verde em seu pescoço sequer estava amarrada e seu cabelo se encontrava bagunçado como sempre. Sua aparência desleixada era estranhamente reconfortante.

Deu um suspiro cansado antes de responder:

— As cinco voltas no sentido horário representam cada um dos oceanos. Ártico, antártico, atlântico, pacífico e índico — coçou a sobrancelha —  E a volta no sentido anti-horário representa o deus dos mares, Poseidon, ou Netuno em sua forma romana — disse um tanto entediado.

O coração de Jade apertou um pouco de preocupação. O que estava acontecendo com aquele Thomas irritantemente animado que ela conhecia? Nada de bom, pelo visto. Ele parecia abatido, quase monótono. Já haviam passado dois meses desde o incidente da rosa. Dois meses que eles não se falavam mais. Não queria confessar, mas sentia falta de todas as provocações do garoto. Seu jeito exclusivamente chato de a irritar e a fazer rir ao mesmo tempo. Nunca chegaram a ser amigos de fato, mas apesar das implicâncias, ela gostava de sua companhia. Se pergunta se ela tivesse admitido isso para ele, talvez ele confiasse o suficiente nela para lhe contar o que estava o perturbando. Jade sacudiu a cabeça afastando os pensamentos. Não mudaria nada. Na verdade ela já tentou ser sua amiga antes, mas recebeu um não em resposta. Nada do que fizesse teria mudado algo entre eles. Mas ainda assim…

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2021 ⏰

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