CAPÍTULO 1

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  Ao descer do carro em frente aos portões do internato, dou uma olhada geral na escola.

  Um prédio alto, semelhante a um castelo velho, com duas torres e feito de tijolos vermelhos.

  Uma floresta densa rodeia todo o local, a cidade mais próxima fica á alguns quilômetros.

  Há névoa em todo lugar, dando um ar sombrio à escola, fazendo-o parecer abandonado.

  E pensar que essa será minha casa por um tempo.

  Espero me adaptar!

  Quando finalmente olho para o portão vejo uma garota de altura mediana e cabelos castanhos quase louros me olhando com seus olhos verdes brilhantes e sorriso enorme.

  Ela tem covinhas.

  Adorável!

  Pego minhas coisas e me despeço do gentil senhor que me trouxe.

  Me encaminho até a entrada, consequentemente até a garota.

  – Oiê. Eu sou a Paige, mas pode me chamar de Pey. Estou aqui pra te guiar e informar sobre a nossa querida Crowland, um lugar para corvos solitários em busca de ajuda! – Ela estende a mão para que eu aperte, o que faço prontamente.

  – Oi. Eu sou a Hannah, acho que você já sabe. – se ela está aqui para me receber então obviamente a pessoa que a enviou lhe daria algum tipo de informação. – Quanto tempo demorou pra decorar esse discurso? – falo em tom de brincadeira enquanto arqueio a sombrancelha esquerda.

– Uff – Bufa em sinal de alívio – Passei a semana inteira praticando o que iria falar! É a primeira vez que me pedem para auxiliar novatos. Como me saí? – Ela me olha com os olhos cheios de espectativas.

Já posso ver que é uma garota bem expressiva. Bom pra mim!

  – Você foi ótima! Eu provavelmente teria me apresentado e dito algo como "bem vindo ao inferno" – Digo enquanto demonstro minha diversão. Nesse momento ela já pegou algumas das minhas bolsas e me guia até o castelo.

  – É tão bom saber que você tem senso de humor. Os feéricos daqui são todos sérios e arrogantes. – Ela revira os olhos em claro sinal de aborrecimento. – Não que eu esteja julgando a espécie como um todo! É apenas algo que percebi no comportamento dos que tive contato. – Ela é rápida em se explicar.

  – Fico feliz que seja honesta comigo. Na verdade eu não sei como os feéricos são como um todo. Na realidade eu não conheço nenhuma espécie tão bem assim, apenas os humanos. – Explico parcialmente minha situação.

  O caminho até o castelo é composto por folhas secas e névoa. O clima aqui é agradável, não é quente, mas também não chega a ser frio.

  Após entrarmos no prédio, paramos em frente á um balcão no meio do salão de entrada, onde havia uma mulher magra de cabelos escuros. Não consigo identificar sua espécie.

  – Olá, tudo bem? No que posso ajudar? – Ela se dispõe imediatamente ao notar nossa presença.

  – Oi Tamara. Essa aqui é a Hannah, ela é nova aqui. Você tem os horários e o dormitório dela ai? – Paige se inclinou sobre o balcão enquanto aponta para o computador com a cabeça.

  – Vou dar uma olhada aqui meu bem, é rapidinho! – Ela é bem simpática. Achei que ia chegar e ia ter uma moça mascando chiclete de boca aberta e com uma cara nada amigável —era assim na minha antiga escola mortal.

– Aqui querida! Hannah Florence, quarto 163B. Aqui seu horário, querida. Seja bem vinda! Qualquer dúvida não exite em me procurar. – Ela me estende um papel com meus horários do dia durante a semana. Parece que sábado e domingo é livre.

  – Muito obrigada Tamara! Pode deixar que eu vou procurar sim. – Lhe ofereço o meu sorriso mais gentil.

  Depois de ver o número do meu quarto, Paige se vira e começa a andar em direção a escada à direita do salão.

  Com medo de me perder, eu sigo atrás dela.

  – Certo, – Ela estala de repente batendo uma palma. – aqui vai algumas explicações! – Tento me manter focada em suas palavras e observar o caminho para que eu não me perca futuramente. – Os dormitórios são divididos de duas á quatro pessoas, geralmente todas do mesmo sexo. Porém não há uma "área" para meninos e outra para meninas, é tudo junto. A decoração dos quartos é neutra, mas você pode decorar a sua parte como quiser. Contanto que você deixe tudo como estava antes quando for embora da escola. Inclusive, estamos no mesmo quarto, incrível né? – Ela se apressa nas palavras enquanto fala com entusiasmo. Nesse momento só consigo sentir inveja de sua dicção perfeita. Ela não gaguejou nem uma única vez!

  – Incrível! Vamos ser só nós duas ou vai ter mais garotas? – Pergunto tentando parecer tão empolgada quanto ela, porém é difícil quando se está tão cansada.

  – Somente nós duas mesmo. A propósito, tenho que te apresentar a Safi! Ela vai te adorar! – Então ela começa a divagar sobre sua amiga Safira.

  Em algum momento da conversa sobre Safira ela conectou com horários e começou a me explicar como é o funcionamento, os horários de merenda, aulas, e hora de dormir. Não sei como ela foi de um tema para o outro, não consegui acompanhar!

  Quando chegamos ao quarto percebi que ele estava dividido ao meio, do lado esquerdo ele estava com uma bagunça organizada —o que descreve perfeitamente a garota ao meu lado—, e do lado direito estava todo em branco.

  Já posso imaginar como vou organizar e decorar tudo!

  O quarto é composto por duas camas, cada uma encostada em uma extremidade do quarto de frente para a porta que leva ao corredor.

  Duas cômodas, cada uma ao lado da cabeceira de uma cama.

  Duas mesas de estudo no centro do quarto, uma de frente pra outra.

  Há também um poof em baixo da janela que fica entre as cômodas.

  À esquerda, depois da cama de Paige há uma porta que imagino levar ao banheiro. Já do lado direito, depois da que agora seria minha cama, há um frigobar.

  Também há prateleiras espalhadas por todo o quarto, as do lado esquerdo estão repletas de livros de suspense.

  – E então? Gostou do quarto? – Paige pergunta enquanto cruza as mãos em frente ao corpo e se balança sobre os pés.
 
  – Sim! É simples e aconchegante. – Digo ainda olhando o lugar tentando me acostumar. Esse provavelmente seria o lugar onde eu passaria a maior parte do meu tempo.

  – Que bom. Agora vamos arrumar suas coisas e depois descer para o jantar. Quero te apresentar a Safi ainda hoje! – Ela se apressa pegando minhas bolsas que estavam no chão e colocando em cima da minha cama.

  – Sabe que não precisa me ajudar não é? – exclamo em tom de diversão enquanto vou atrás dela e começo a abrir as malas.

  – Sim, sim. Eu sei! Só quero que ande logo! – Nesse momento ela já tinha pegado algumas das minhas roupas e estava dobrando para colocar na cômoda.

  Acho que ela vai ser bem útil hehe.

Illusion {Em Edição}Onde histórias criam vida. Descubra agora