CAPITULO 4

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  Intimidade.

  Há quem diga que esta é uma das melhores coisas que existem.

  Discordo!

  Agora mesmo me arrependo de ter dado intimidade para Aaron.

  – O que você e aquele moreno charmoso tanto conversavam para você não aparecer no intervalo? – ele balança as sobrancelhas de forma sugestiva.

  Esse maldito catarrento grudou no meu braço desde que viramos a esquina do corredor e continua me questionando como se eu estivesse flertando com o cara.

  – Nada Aaron! A gente só se esbarrou. Que chatice. Agora desencosta! – digo tentado fugir de seu aperto

  _ Aham, sei. E eu sou a Ivete Sangalo! Conta outra Hannah. EU VI! – ele se engancha no meu braço novamente e fica por lá com sua cara de metido enquanto abre a porta do refeitório —de forma bem mais discreta do que a de Paige.

  – Tá vendo demais, você não acha? – reviro os olhos finalmente me afastando dele e me sentando ao lado de Pey. Ele se sentou ao lado de Safi, que estava à minha frente rindo e enrugando o nariz para mim em sinal de diversão.

  – Aaron já está te dando trabalho Na? – Safira parece se divertir com a situação. Vaca!

  – Trabalho? Tá me enchendo o saco, isso sim. – me concentro em roubar uma batata frita de Paige sem que ela perceba.

  Não deu certo.

  Ela me deu um tapa nas costas da mão.

  – Fique longe da minha comida! Posso não estar olhando, mas sei tudo que acontece. – diz estreitando os olhos na minha direção.

  – É mesmo é? – arqueio a sobrancelha em cinismo enquanto levo uma batata à boca e a mastigo lentamente.

  – ... – ela me olha petrificada com a boca entreaberta, como se não acreditasse no que via.

  – SUA MALDITA! – ela levantou da mesa de supetão e causando um grande barulho.

  Eu que não tenho instintos suicidas, levantei também e corri.

  Corri como se minha vida dependesse disso.

  E depende!

  – PAIGE NÃO FAZ ISSO. VOLTA AQUI. VOCÊS VÃO SE MACHUCAR! – ouço o grito de Safira ao longe, mas não há mais o que fazer a não ser fugir.

  Corro em direção ao quarto pensando que seria o lugar mais seguro do prédio.

  Até virar a esquina do corredor que dá na porta.

  Vi Jackson e Thomas parados conversando.

  E me lembrei.

  Lembrei que dividimos o mesmo quarto.

  Ela tem a chave!

  Então fiz a escolha mais inteligente a se fazer (ou não).

  – JACKIE!!! ME ESCONDE! – gritei a plenos pulmões pelo garoto que conheci ontem.

  A seguinte coisa que vi foi Thomas abrindo a porta do dormitório deles e abrindo passagem para que eu entrasse e Jack parou na frente da porta do meu dormitório, como se criasse uma barreira.

  Obviamente entrei correndo no quarto e Thomas entrou atrás, fechando a porta e se escorando nela para ouvir o que vinha a seguir.

  Eu como a bela Maria Fifi que sou me juntei a ele.

  Thomas que estava de costas para a porta e com a orelha direita apoiada nela, quando viu que eu me aproximava levantou o braço esquerdo enquanto me chamava com a mão e fez sinal de silêncio logo após.

    Fiz o que ele disse e coloquei minha orelha direita encostada na porta enquanto estava de frente para o menino.

  – Jackson SAI da minha frente! – a voz de Paige parece irada, mas ainda controlada.

  – Eu não. Por que faria isso? – sua voz soa tranquila. – Até onde eu saiba, o corredor é público.

  – O corredor sim, meu quarto não! – consigo imaginar ela cruzando os braços e batendo apressadamente o pé no chão.

  – Pois é. Não estou no seu quarto! – sua voz parece recheada de deboche.

  – Mas que bagunça é essa aqui? – uma terceira voz é ouvida. Parece ser de um homem mais velho.

  Thomas arregala os olhos e me segura pelos ombros, me afasta da porta e me encurrala na parede, de forma que não sejamos vistos por quem está fora caso a porta seja aberta.

  – Nada! – Jack se apressa para dizer –  Só estou esperando o Thomas mandar mensagem pra eu poder entrar. Inclusive ele acabou de mandar! Tchau, tchau! – ele tenta soar calmo.

  A porta é aberta e fechada de forma tranquila.

  Mas assim que a porta se fecha e não há mais como eles nos verem, três suspiros de alívio ecoam pelo lugar.

  Eu bato levemente a cabeça na parede atrás de mim, enquanto Thomas apoia a cabeça no meu ombro e respira fundo; Jack escorrega pela porta até o chão.

  –!Essa foi por pouco! – Jack sussurra de olhos fechados e respirando pesadamente.

  – Pouquíssimo! – Thomas concorda apertando levemente as mãos que se mantiveram em meus ombros.

  – Quem é aquele e por quê o clima fica tão ruim quando ele tá por perto? – pergunto colocando minhas mãos em cima das de Thomas e desencostando a cabeça da parede.

  – Aquele... – ele respira pesadamente antes de prosseguir, como se estivesse ofegante depois de correr uma maratona. – É o pior pesadelo dos jovens de hoje em dia. O terror da Crowland. Félix! O monitor! – Jack fala tudo de forma dramática enquanto escorrega mais ainda até estar deitado no chão.

  Thomas se afasta de mim e caminha até Jackson o agarrando pela gravata do uniforme.

  – Levanta do chão seu idiota. Quando foi a última vez que você limpou isso? – depois de o colocar de pé ele dá um "sacode" nele pelos ombros.

  Parando para pensar...

  Thomas parece ainda mais alto perto de Jackson.

  Eu achei que Jack era alto por eu bater na altura de seu ombro, mas Thomas é ainda mais alto do que ele.

  Uns dez centímetros...

  O que esse menino come?

  – Tem umas duas semanas... – Jack olha para o nada estreitando os olhos enquanto parece tentar se lembrar.

  – Idiota! – Thomas o solta e se vira para mim. – Você está bem? Por que aquela garota tava te perseguindo? – ele se aproxima e parece verificar minha condição com os olhos enquanto me olha de forma preocupada.

  – Hm? Ah, é que eu meio que roubei um pouquinho da comida dela! – respondo risonha enquanto passo a mão na parte de trás da nuca.

  – Só por... – Thomas foi cortado.

  – Eu matava! – Jack grita de trás do Thomas.

  – Sou eu quem vou matar aqui se você continuar me interrompendo! – O garoto de olhos azuis o lança um olhar de ameaça por cima do ombro.

  Jack só faz levantar as mãos em sinal de rendição e caminha se jogando em uma das camas do quarto —a do lado esquerdo para ser mais exata.

  Dando uma olhada agora, o quarto parece muito com o meu, a única diferença é a decoração.

  Do lado de Jackson tem posters de jogos e de times, também há medalhas e troféus em suas prateleiras.

  Do lado direito —que julgo ser de Thomas— tem posters de bandas de rock como: Guns and rose, AC/DC, Pink Floyd, Europe, etc. Também tem troféus e medalhas, porém não tantas, há mais livros, no entanto.

  Achei bem a cara deles.

  Um lado é alegre e colorido —e bagunçado— e do outro é mais "sombrio" e confortável —bem limpinho também.

  Me identifiquei mais com o de Thomas, ele tem bom gosto para música!

Illusion {Em Edição}Onde histórias criam vida. Descubra agora