CAPITULO 3

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  Eu poderia iniciar o dia com a típica frase: "acordei com os raios de sol batendo em meu rosto e me levantei para tomar um banho gelado antes de ir tomar meu café no Starbucks".

  Mas eu não posso.

  Porque eu acordei com a Paige me sacudindo dizendo que o alarme tava tocando a meia hora e sequer clareou o dia ainda.

  Também não vou tomar banho gelado, somente loucos fazem isso pela manhã! A única forma de eu tomar um banho frio é se eu estiver morrendo com febre e não tiver outro jeito.

  A parte do Starbucks seria boa...

  Mas eu também não posso! —Inserte meme de garotinha chorando de forma elegante*

  Agora aqui estou eu, indo para uma sala de aula cheia de criaturas exalando feromônios sem nem ter forrado o estômago antes.

  Maldito despertador. Você só tinha UM trabalho!

  Ao entrar na sala de aula que me foi designada, me encaminho em direção a carteira próxima a janela. Ela não fica nem na parte da frente, nem na parte de trás.

  Nem muito na frente para não ser notado.

  Nem muito atrás para não ser confundido com o grupinho da bagunça.

  P-e-r-f-e-i-t-o!✨

  Quando o professor entra na sala ele deixa seu material em cima da mesa e se vira para a turma.

  – Olá turma, bom dia! Temos uma nova aluna. Pode vir aqui nos dar uma demonstração do que pode fazer senhorita Florence? – ele se escora na mesa enquanto cruza os braços, inclinando a cabeça para me olhar.

  A parte ruim de ir para uma nova escola quase na metade do ano é essa. Você não passa despercebido e os professores geralmente pedem para que você se apresente, afinal, não há nada melhor para um professor do que o entretenimento causado pelos alunos.

  No mundo oculto, a melhor forma de se apresentar é mostrar do que você é capaz. Afinal, não há nada que fale mais sobre você do que seus poderes. Já que eles são como um reflexo da sua alma.

  Me levanto de minha carteira enquanto ajeito a saia do uniforme e me encaminho até a frente da turma.

  Me sinto cansada e preguiçosa demais para falar algo. Apenas levanto a mão direita mostrando-a vazia e estalo os dedos criando uma bolinha amarela alaranjada e de aparência inofensiva.

  Jogo-a na lata de lixo e me viro andando para o meu lugar novamente, enquanto estalo os dedos novamente fazendo a lixeira explodir.

  A turma solta uma expressão de surpresa e susto, alternando o olhar da lixeira para mim, que já estou sentadinha na minha carteira.

  – Wow! Muito bom! – ele se mostra surpreso mas logo se recompõe – Eu sou o professor Mariano e estou encarregado de treinar vocês para que possam entender mais de suas habilidades e possam usá-las como algo tão natural quanto respirar.

  Mariano é um homem "jovem".
Entre aspas porquê ele é um lobo. Então tecnicamente falando, mesmo que seja velho ele estará conservado.

  A aula passa de forma tranquila, a única coisa ruim foi que eu não consegui me concentrar muito, já que pensei que desmaiaria de fome.

  Quando o sinal bateu, esperei a multidão sair primeiro.

  Posso estar morrendo de fome, mas prefiro esperar eles saírem do que ser pisoteada e empurrada.

  Depois de guardar pacientemente minhas coisas e esperar as pessoas saírem, caminho tranquilamente até a porta.

  Sinto meu celular vibrar na bolsa e me viro para ver se é minha mãe.

  Quando me viro de volta após ver que se tratava de Paige, sinto meu corpo se esbarrando em algo e mãos segurando minha cintura, impedindo que eu caia.

  – Opa! Você está bem? – uma voz grave e um pouco familiar vem do dono das mãos que me seguram.

  Quando levanto o olhar para vê-lo, tudo o que consigo ver são seus olhos azuis distintos.

  Ele parece um gato! Ele é um gato!

  Mas não é isso. No lugar da pupila que geralmente é redonda, a sua é uma linha na vertical.

  ✨INCRÍVEL!✨

Ele possui uma aura forte, e ao olha-lo posso ver com clareza a aura de sua espécie.

  Um dragão.

  Um dragão negro.

  Li em um livro uma vez que eles representam a realeza.

  – Tô! Tô bem sim. E você? – me afasto um pouco afobada e estico as mãos como se fosse tocá-lo mas sem encostar. – Você tá bem? Me desculpa, eu não te vi. Sério, perdão! – preocupada que eu possa ter danificado seu belo corpo, o "inspeciono".

  – Hey, tá tudo bem. Relaxa! Eu quem deveria me desculpar, quase joguei você longe. – ele passa a mão na nuca enquanto desvia o olhar como se estivesse constrangido.

  – Naah, relaxa! – digo enquanto faço uma expressão de "bobagem" e abano com a mão uma única vez. – Isso acontece o tempo todo. Não sei como ainda tô inteira – solto uma risada anasalada com um grande sorriso para que ele perceba que não há problema.

  O moreno bonito na minha frente faz uma expressão de preocupação que logo é substituída por um sorriso gentil.

  – Fico feliz que ainda esteja inteira. – ele dá uma risadinha brincalhona. – Eu sou o Thomas a propósito! E você? – ele passa a mão no cabelo jogando-o para trás antes de estender para mim.

  – Hannah! Encantada em conhecê-lo. – retribuo o aperto e dou um sorrisinho sem mostrar os dentes.

  Quando nossas mãos se tocam, sinto uma faísca.

  Estranhei e afastei minha mão na mesma hora com certa brutalidade.

  Vi que ele me olhou surpreso e com um pouco de decepção no olhar.

– Perdão! Tomei choque. – ri um pouco para me desculpar. – Você parece eletrizante! – faço uma piada na tentativa de melhorar o clima que ficou meio tenso.

  – A, claro. Sem problema! Você se acostuma. Vai acontecer com mais frequência do que você possa imaginar. – ele afirma enquanto pisca um dos olhos para mim com ar de mistério e diversão.

  Será que é consequência das habilidades dele a faísca? Talvez ele seja a versão real do super choque!

  – HANNAAH!!!!!!!!! – Me assusto com meu nome sendo chamado e me afasto do garoto a minha frente e me viro para ver Aaron vindo em nossa direção. – Eu tava te procurando! Onde você se meteu? A Paige tá um saco e agora que eu tenho você, não vou mais tolerar nada sozinho! – Aaron parece uma criança resmungando enquanto se aproxima.

  – Quem é esse? – Thomas ao meu lado fala de forma séria olhando fixamente para o loiro de cima a baixo.

  – Hm? Esse é o Aaron. Um amigo – explico enquanto dou de ombros.

  – Fez um amigo novo, Nana? Oie, tudo bom? Eu sou o Aaron e você? – ele estende a mão para o moreno enquanto lhe oferece um sorriso de 260 watts.

  – Thomas. Prazer! – ele retribui o aperto, mas pela expressão da criança catarrenta acredito que ele tenha usado mais força que o necessário.

  – Aaa entendi haha – ele solta uma risada forçada enquanto tenta afastar a mão. – foi um prazer te conhecer mas a gente tem que ir agora, NÉ Hannah?!

  – Sim. Nós temos que ir Thomas, a gente se vê por ai. Tchauzinho! – seguro Aaron pelo braço e saio acenando para Thomas.

Ainda estou morrendo de fome!

Illusion {Em Edição}Onde histórias criam vida. Descubra agora