(Marília) 

As meninas foram pra casa e mandaram eu me arrumar, disseram que mais tarde viriam me buscar, tomei um banho, lavei cabelo e tudo. Mandei João Gustavo se arrumar, porque eu ia levar ele, afinal ele não iria ficar sozinho aqui em casa né? O menino só tem 10 anos.

Coloquei o look de sempre: camiseta, short jeans e um boné pra disfarçar a cara de cansada, essa mistura de cachaça e escola acaba comigo. Como combinado as minhas "maninhas" vieram me buscar.

Cheguei na casa delas e já tinha bastante gente, a maioria são conhecidos, elas saíram me apresentando pra todo mundo que eu ainda não conhecia, até chegaram nele:

-Lila! Esse é o Henrique, um amigo nosso! - quase travei, era o mesmo homem que me ajudou ontem no bar, merda! E se ele contasse o que aconteceu ontem, eu taria ferrada!

-Oi Mari! Bom te ver de novo! - ele sorriu, e acenou pra mim.

-Oi Henrique... - falei meio sem jeito e dei um sorriso tímido.

-Vocês dois se conhecem? Da onde? - Maiara perguntou.

-É... - gaguejei, não conseguia falar.

-A gente se conheceu na loja em que a Marília trabalha, ela é uma ótima vendedora! - ele falou e eu suspirei de alívio, graças a Deus ele não contou a verdade.

Só fiquei curiosa pra saber como... Apesar de que todo mundo já me viu trabalhando naquela bendita loja de roupas!

-É, a minha bebezinha é uma guerreira! Faz de tudo pra ajudar a família, vou deixar vocês conversando, cuida da minha maninha hein Henrique! - Mai deu uma piscadinha pra mim e saiu.

-Obrigada por não ter contado sobre ontem... - sentei ao lado dele na mesinha.

-Eu sei que cê é menor de idade, seu João me falou.

-Ah! E aí como tu conheceu as minhas irmãs? - perguntei tentando quebrar o gelo.

-Eu faço faculdade de advocacia, e trabalho no mesmo escritório que a Maraisa.

-Então tenho aqui na minha frente um futuro advogado? - peguei meu copo e dei um gole.

-É, infelizmente. - Henrique disse meio triste.

-Ué, por que? Você não quer ser advogado?

-Não é questão de querer Marília, eu gosto desse lance de defender os outros e tals. Mas minha paixão é outra...

-Cê deveria seguir seu coração, eu mesma, sempre sonhei em ser médica, sou apaixonada por medicina, um sonho que muitos diriam que é impossível, porém eu continuo insistindo. - tomei a última gota de cerveja.

-Quem me dera, poder escolher assim, a real, é que meus pais me obrigaram a cursar advocacia, mesmo sabendo que eu sonho em ser produtor dos cantores sertanejos. - senti meu coração apertar, como alguém poderia privar o próprio filho de seguir os sonhos? Minha mãe sempre me apoia em tudo, não importa o que eu escolha.

-Sinto muito.

-Não precisa sentir dó ou pena, é apenas o jeitinho do meu pai, vou buscar mais pra você! - ele pegou o copo e acabou encostando na minha mão.

Ficamos nos olhando por um tempo e consegui reparar o quanto ele é bonito, e o olhar dele me olhava de uma maneira diferente, como se tivesse me admirando. Marília Dias Mendonça! Olha o que você tá falando! Ele é mais velho que você! No mínimo ele te acha uma pirralha!

-Vai querer o que? - saí do transe.

-Cerveja mesmo! - respondi.

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Rolou um clima ali né não?

Nada MudouOnde histórias criam vida. Descubra agora