Nada Mudou

40

Algumas horas depois:

(Marília)

Cheguei em casa e Murilo não tá aqui, certeza que foi beber em algum bar por aí do mesmo jeito que eu fiz. Nem liguei pra isso, afinal eu tô precisando ficar sozinha pra pensar um pouco.

Por falar em pensar, quando eu tava no Uber voltando pra casa, alguns flashbacks me vieram na cabeça, e eu consegui me lembrar de tudo que aconteceu ontem.

E mais uma vez meu coração me traiu, mais uma vez eu tô mentindo pra mim mesma... Eu até consigo enganar as pessoas a minha volta, mas eu não consigo enganar a mim mesma.

Eu posso até me mudar pro outro lado do mudo, mudar meu nome, parar de falar com os meus amigos, abandonar minha família, mas mesmo assim o Henrique ainda continua na minha cabeça.

Ele é tipo droga, que você prova uma vez e quer provar de novo, de novo e de novo. Mas se ele fosse uma droga seria fácil, é só parar de usar, mas no meu caso, como é que para de amar ele?

Acho impossível, e a verdade é que eu nem sei se quero parar de amar ele, apesar de tudo o que aconteceu, ele ainda é a razão da minha felicidade e ver ele triste por minha causa, é como se um pedaço de mim morresse.

Mas eu preciso tomar uma atitude, uma decisão, eu preciso escolher ele, ou deixar ele livre pra ser feliz com outra pessoa, dessa vez de verdade, porque da outra vez...

Meu Deus o que eu que eu tô falando? Como assim deixar o Henrique ser livre? Eu tô ficando louca? Eu preciso desse homem aqui comigo! Do meu lado, nem que seja como amigo.

Abri a porta de casa correndo e saí feito uma louca atrás de um Uber, táxi, ônibus, van ou sei lá o que. O importante é chegar logo na casa dele e falar toda a verdade.

(Henrique)

E mais uma vez tô eu aqui esperando a Marília decidir minha vida. Eu ando, ando, ando mas não saio do lugar, sempre volto na estaca zero, sempre fico dependendo dela pra seguir minha vida.

Incrível como eu nunca aprendo! Eu prometi pra mim mesmo que ela era passado, e que eu nunca mais iria atrás dela, que era hora de seguir em frente e olha aqui onde eu tô.

Na mesma situação de sempre: amando por dois. Amando não, vivendo por dois né. Porque sinceramente, eu vivo e morro por ela, mas ela nem percebe isso, ou percebe e não fala nada.

Eu nem sei como eu consegui deixar tudo chegar a esse ponto, ao ponto de eu depender dela pra tudo, pra respirar, pra sorrir, pra chorar, pra viver, resumindo, minha vida é ela.

Minha vida sempre foi ela e vai continuar sendo. Mesmo que ela não queira mais nada, eu não vou deixar de amar a minha loira. Mesmo que eu siga a vida com outra pessoa, meu coração vai pertencer a ela, exclusivamente a ela.

-Henrique! - Marília apareceu do nada gritando meu nome.

-O que você tá fazendo aqui? - perguntei sem entender nada.

-Eu descobri a resposta da sua pergunta!

-Resposta da minha pergunta? Mas já? Tem certeza de que não quer pensar melhor?

-Não! Eu não quero pensar melhor! Eu já me decidi! - ela começou a olhar nos meus olhos - Eu não fiz aquilo por conta da bebida, eu já tava querendo fazer faz tempo!

Olhei ainda meio sem acreditar, meu Deus, todos esses anos de espera valeram a pena? Finalmente meu amor foi correspondido? Eu finalmente vou ter minha loira de volta?

-Te... Te... Tem certeza? - gaguejei por conta do nervosismo.

-Eu tenho certeza meu amor! Eu tenho certeza absoluta! Eu quero você do meu lado, eu quero seu abraço, eu quero seu beijo, eu quero voltar a ser sua loira!

Eu tentei segurar, mas não deu, as lágrimas escorriam pelo meu rosto e no rosto dela também. Nem pensei muito, puxei ela pra um beijo apaixonado, e encerrei com vários selinhos.

-Eu esperei tanto tempo pra ouvir isso... - passei a mão no rosto dela, secando uma lágrima que insistia em cair.

Surtem meu povo!