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(Marília)

Eu tava sentindo o meu mundo desabar, porque ao mesmo tempo que eu tinha certeza de que ele tá no lugar que eu pensei, eu também tenho a certeza de que toda essa confusão é culpa minha.

-Marília, me explica, o que tá acontecendo? - Murilo perguntou pela milésima vez.

-Tá bom, eu explico! O Henrique fugiu de casa, e a gente tá indo atrás dele! - na hora que eu falei o nome, ele mudou totalmente a expressão e fechou a cara.

-Ele fugiu de casa? Mas o que que a gente tem a ver com isso? Por que a gente tá indo atrás dele?

-Porque... - comecei a falar mas fui interrompida.

-Fui eu que pedi pra ela vir me ajudar, eu não ia conseguir sozinha. - Mohana falou, e eu me virei para o banco de trás encarando ela. Como assim? Ela tá mentindo só pra me salvar?

-É... Ela pediu ajuda e eu vim ajudar. - falei baixinho e voltei a olhar pra o lado de fora.

-Aqui é a entrada do condomínio, mas somente pessoas autorizadas podem entrar.

-Eu sou cadastrada na portaria, mas só eu tenho cadastro, então acho que vocês vão ter que ficar esperando aqui... - forcei um sorriso, e peguei meu documento.

-Tá bom, pode ir lá, mas pra o que precisar me liga hein! Nem que eu tenha que invadir esse condomínio pra entrar junto com você! - meu namorado falou todo preocupado, dei um selinho nele.

-Trás ele de volta pra casa, por favor. - ela sussurrou pra mim.

-Confia em mim, eu vou trazer ele de volta. - sussurrei também e entrei no condomínio.

Segui por várias ruas, sempre correndo pra tentar chegar mais rápido, até que eu reconheci a casa, número 807, pintada de branco, e com uma sacada de vidro, é essa!

Olhei pra fechadura eletrônica na porta, e sem nem pensar duas vezes, tentei a senha que eu lembrava, e a porta abriu. A senha ainda é a mesma, mesmo depois de tantos anos.

Entrei na casa e tudo ainda continuava do mesmo jeitinho. Os móveis exatamente no mesmo lugar, o porta retrato na sala, as almofadas no sofá, nada ali foi mudado.

De repente eu vi uma sombra de uma pessoa refletida no chão, e parecia vir da cozinha. Andei até lá e avistei o Henrique, parado, olhando pro nada, só fui na direção dele e abracei por trás bem forte.

Abracei forte mesmo, como se eu dependesse daquele abraço pra viver, mas a verdade é que eu preciso disso pra viver. Enquanto abraçava eu deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

E aí qual vcs acham que vai ser a reação do Henrique, quando descobrir que ela fez tudo isso por ele?

Nada MudouOnde histórias criam vida. Descubra agora