Hazz

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— Droga — murmurei, batendo o fone na base telefônica com muita força, na segunda à noite

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— Droga — murmurei, batendo o fone na base telefônica com muita força, na segunda à noite. Olhei através da divisória de vidro para o lado da creche do Doggie Jones e vi Tallulah brincando com um filhote de labrador preto chamado Cooper.

— Então? — Ricky, o dono do Doggie Jones perguntou. Ele estava sentado na frente do computador, no outro extremo da sala, digitando os recibos dos pacotes de dez dias que oferecemos. Hoje, trabalhava na seção de higiene e aprendi bastante com Ricky, não apenas sobre discernimento comercial, mas também com a sua técnica cuidadosa de tratar animais. Seu marido morreu de um tumor cerebral há dois anos e, embora ele tivesse passado pelo inferno e tivesse saído do outro lado como um homem mudado, ele ainda era um grande chefe.

— Liguei para a Sra. Reynolds novamente e não respondeu — respondi com o coração pesado. — Então tentei o número de contato de emergência dela. Era uma vizinha que me disse que ela teve um derrame e faleceu.

— Ah, não! Pobre Sra. Reynolds — comentou Zayn enquanto limpava uma das banheiras onde damos banho aos cães. — Você mencionou Tallulah?

— Sim — suspirei. — Aparentemente, a Sra. Reynolds tem apenas um parente vivo, uma irmã, que viajou da Califórnia para organizar seu memorial. Ela duvida que fique com o cachorro e sugeriu que a colocasse em um abrigo para adoção.

— Você deixou o nosso número de qualquer maneira, certo? — Ricky perguntou com uma voz chateada e eu assenti. — Bem, pelo menos Tallulah tinha um dono gentil e uma vida bastante decente. Vamos torcer para que ela não seja adotada por algum idiota que resmunga constantemente.

Eu sabia, sem perguntar, que Ricky estava se referindo a um de nossos clientes que era rude como o inferno com todos, incluindo seus próprios cães. Por alguma razão, esse homem era um grande problema e todos suspeitávamos que tinha algo a ver com seu namorado tímido e doce, que às vezes vinha em seu lugar.

Ricky sempre evitava atender esse cliente, a quem todos chamamos de Sr. V, que significava Voldemort. Mas quando o namorado entrava em seu lugar, ele se certificava de estar presente de alguma forma – então, ou ele estava muito preocupado ou totalmente apaixonado. E isso era bom de ver depois de tanta mágoa.

Por falar em mágoa, meu olhar mudou para o lado da creche, onde Lily estava curvada sobre Tallulah e esfregava carinhosamente o seu queixo.

— Deixe-me falar com Lou — disse Zayn enquanto torcia o bico de água quente. Ele estava prestes a lavar um São Bernardo de um ano de idade que surpreendentemente permaneceu imóvel como um rato, devido ao seu tamanho. — Ele deve ficar bem se a levarmos para casa novamente.

— Não quero que haja problemas — respondi, balançando a cabeça. Ou qualquer outro débito com ele. — Não apenas um companheiro de quarto temporário, mas também um cachorro?

— Você deveria dar mais crédito a ele sobre ser um cara decente — disse ele, exasperado. Me virei e revirei os olhos.

Um Border collie preto e branco choramingou de sua cela contra a parede e me aproximei para lhe dar alguma atenção. Ele acabara de ser tosquiado para o próximo verão, junto com as orelhas limpas e as unhas cortadas. O dono dele era um homem bonito, na casa dos quarenta, que todos admiramos mais de uma vez. E se Ricky ainda não estivesse sofrendo a morte de Jwan, eu poderia até ter brincado com ele sobre esse cliente também, mas todos sabíamos que teria sido muito cedo depois de quase vinte anos de um relacionamento comprometido.

— Vou levá-la para Hope Valley hoje à noite — disse, tomando minha decisão sobre Tallulah naquele momento. Era o abrigo onde fazia voluntariado algumas vezes por mês, em uma seção arborizada cênica de Rock River, a apenas alguns passos de distância do meu condomínio.

— Bom plano. Connie sempre cuida bem dos cães e você poderá visitá-la até que ela seja adotada — comentou Ricky, dando um tapinha no meu ombro enquanto passava pela porta do lado da creche. — Você nunca sabe, talvez a irmã da Sra. Reynolds fique com ela.

Um cliente entrou nesse momento para pegar seu Labrador amarelo e, depois que a devolvi, ouvi uma notificação do telefone de Zayn que ele deixou na prateleira embaixo do balcão.

— Seu telefone tem uma mensagem. Quer que o leve para você? — Perguntei por cima do ombro. — Não quero que Jack desespere, ele pode enviar uma equipe de busca.

― Dane-se! De quem é? — Ele perguntou em uma voz aguda, o que apenas confirmou ainda mais minhas suspeitas de que Jack mantinha uma trela apertada nele. — Ele sabe que estou no trabalho. Verifique a mensagem para mim.

Peguei o telefone dele, escovei minha franja crescida do meu cabelo e fiquei surpreso ao ler uma mensagem de Lou.

Louis: Vocês querem que eu vá comprar o jantar hoje à noite?

Vocês! Ele estava me incluindo em sua mensagem?

— É o Lou. Ele quer saber sobre o jantar.

— Oh, eu o deixei esperando mais cedo — disse ele, levantando a mão com sabão e passando o antebraço contra a testa. — Diga a ele que vou pegar a pizza de Danny Boy no caminho de casa.

Comecei a digitar antes de perder a coragem.

Zayn: Ei, é Hazz. As mãos de Z estão ocupadas, então ele pediu para lhe dizer que ele vai ficar responsável pelo jantar. Pizza do Danny Boy.

Meu coração batia como um tambor no meu peito. Por alguma razão, parecia íntimo demais mandar mensagens para ele. Alguns segundos depois, o telefone tocou com um novo texto.

Louis: Parece bom. Você vai estar por perto também?

Esperei um longo tempo, perguntando qual era o meu problema. Ah, sim, ele era um idiota e de jeito nenhum eu fingiria fazer planos de jantar com ele, mesmo que fosse uma refeição casual compartilhada entre colegas de casa. Felizmente, também fomos capazes de nos evitar durante a maior parte do fim de semana.

Ouvi-o dizer a Zayn que ele tinha planos com Danielle no sábado à noite, mas ele nunca a trouxe para casa, pelo menos não enquanto eu estava lá. E eu passara a maior parte do domingo na casa dos meus pais com Tallulah, tentando em vão entrar em contato com a Sra. Reynolds.

Pelo menos o cachorro tinha fornecido uma conexão um tanto hesitante entre meu pai e eu desde que ele e meu tio Rick tiveram um golden retriever enquanto cresciam. Papai chegou a jogar bola com Tallulah no quintal, enquanto eu ajudava mamãe com o almoço. Normalmente, meu pai evitava o assunto do irmão ou da infância deles, que eu sabia que era doloroso para ele, mas ontem ele parecia mais leve com o cachorro por perto.

Zayn: Provavelmente não.

Curto e direto ao ponto. Era o melhor.

Louis: Sim, ok. Até mais.

— Feito — disse a Zayn, apontando para o celular dele. —Vocês comem muito juntos?

Ele deu de ombros.

— Uma ou duas vezes por semana, quando estamos juntos em casa. Você vai se juntar a nós?

— Não — respondi, colocando o telefone debaixo do balcão. — Vou para o abrigo com Tallulah.

— Quer que escreva para Lou sobre a situação? Tenho certeza de que ele... — Mas comecei a balançar a cabeça antes que ele terminasse a frase. Zayn suspirou.

— Você é um pé no saco. Vamos deixar algumas sobras para você.

 Vamos deixar algumas sobras para você

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Att dupla! Bom final de semana.

Xoxo, R

Regret - Under my skinOnde histórias criam vida. Descubra agora