Capítulo XII - De volta a vida?

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O carro foi guinchado e deixado na oficina, durante esse tempo pude descobrir seus nomes, Honny e Sensa. Segundo eles terei que esperar cerca de um mês para o conserto total do carro, a bateria só preciso comprar outra e substituir a atual, já o motor não tem uma data específica para ficar pronto.

Sendo assim o que me resta é ficar na casa da minha avó - mais tempo do que planejei - e esperar o conserto do carro. Até o momento eles não me pediram nenhuma documentação o que me parece estranho, mas prefiro que não peçam, então não pergunto.

- Como você vai até a casa de sua avó agora?- pergunta o homem negro.

Desde que chegamos não troquei nenhuma palavra com ele, só com seu parceiro. Ele não me cheira bem, literalmente.

- Existem transportes públicos por aqui, então vou usá-los- digo em tom seco.

- Tudo bem- diz ele em resistência- Só perguntei porque tenho como te levar até ela, claro desde que você me de o endereço.

- Não precisa se incomodar, o ônibus já vai fazer isso por mim- digo firme e ele levanta as mãos em rendimento.

Me afasto um pouco deles e me apoio na parede próxima ao meu carro, deslizando até chegar no chão.

Realmente ir de carro para casa da minha avó me parece melhor do que andar no transporte público, não que eu não saiba andar nele, mas muitos dos casos de assaltos que ocorrem por aqui, vem de pessoas que se fingiram por passageiros comuns e depois levaram tudo de todos.

Talvez não seja uma má idéia ir com ele.

- Hannah, com o que você trabalha?- diz Honny chegando perto de mim.

- Trabalho como investigadora, e você?, só fica aqui na oficina?.

- É, eu só fico aqui, e de vez em quando em um prostíbulo próximo- diz virando uma garrafa de cerveja que possue em mãos.
Após isso fiquei em silêncio, não tenho mais o que dizer.

- Hannah Archer- diz ele para si próprio- Esse é seu nome inteiro?- ele retorna a falar depois de esvaziar a garrafa.

- Hannah Archer Ramos- digo meio receosa.

- Tenho a impressão de te conhecer de algum lugar- fala chegando mais próximo. Seu cheiro forte entra nas minhas narinas e me faz espirrar.

- Desculpa, deve ser a cerveja- falo ainda com receio de dizer a verdade.

- Sem problemas- fala ele indo para outra parte da oficina.

Nenhum desses dois me parece confiável. Mas se foi meu tio que os chamou devem ser da confiança dele.

- Sensa?- digo me levantando e indo até ele- Pode me dizer onde fica o banheiro?.

- Fica depois daquele corredor onde estão as pilhas de pneu.

- Obrigada- falo e ele assenti e sorri.

Vou na direção que ele me indicou e entro no corredor estreito, vejo a placa que indica o banheiro feminino logo a frente. Sigo caminho até ela e bato à porta para saber se alguém está o usando, nenhum som sai de dentro, então entro nele.

O banheiro não está em uma condição muito boa, mas para o que eu vim fazer aqui está de bom tamanho.

Tranco a porta e me olho no espelho, preciso ter certeza de que estou acordada.

Abaixo meu rosto na pia e molho meu rosto, logo em seguida pego um pequeno sabonete no armário do mesmo e esfrego nas mãos passando no rosto.

Fico alguns segundos me olhando no espelho até batidas à porta me despertarem.

- Hannah!?, Querida, há quanto tempo está aí?- a voz da minha mãe diz através da porta.

- Mamãe?.

- Quantas vezes tenho que lhe dizer que se esconder de mim não é uma boa idéia.

- Mas a senhora nunca disse- falo com a orelha apoiada na porta.

Uma batida é dada e depois a maçaneta gira várias vezes, a fechadura é destrancada e a porta é aberta. Com o olhar de preocupação vejo Sensa me observando.

- Você tá bem?- pergunta ele vendo meu desespero.

Não consigo o responder, então só o empurro saindo do banheiro.

- Hannah!- diz ainda na porta do banheiro.

O ignoro e vou direto à saída.
Atravesso a rua o mais rápido que posso para evitar ter que me explicar.

Quase sou atropelada por vários carros que passam em alta velocidade por aqui.

- Hannah!- diz ele ainda atrás de mim.

Mantenho o curso e fico do outro lado, acelero meus passos com a sensação de ainda estra sendo seguida.

- Hannah- sinto uma mão esfriar meu ombro.

- O que foi- digo me virando e vendo Matheus com seu rosto deformado e correntes presas em todo o corpo.

- Me ajuda- diz ele indo na minha direção, mas antes mesmo de chegar próximo à mim ele desaparece.

- O que aconteceu?- diz Sensa saindo de não muito longe do lugar onde Matheus tinha acabado de sumir.

- Nada- falo o dando as costas e voltando a caminhar.

- Precisa me ouvir!- Sensa grita me impressionando com o volume de sua voz.

Ainda assim fingo que nada aconteceu e volto a caminhar.

O que me garante que isso tudo é real de fato.

Preciso de um tempo para respirar, longe de pessoas.

𝗠𝗲𝗶𝗮 𝗡𝗼𝗶𝘁𝗲 - 𝐷𝑜𝑛𝑎 𝑑𝑎 𝐸𝑠𝑐𝑢𝑟𝑖𝑑𝑎̃𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora