- É o Matheus- digo e ela se espanta.
- Como é?- diz ela assustada me olhando.
Ela não diz mais nada apenas se afasta mais da sombra e caminha direção a cozinha me levando junto.
A cada passo que damos em recuo ele dá em avanço.
Ela segura forte em meu pulso e me carrega até sua gaveta com velas.
- Aqui pegue uma- diz ela me entregando uma vela prata, uma preta e uma branca.
- O que devo fazer?- pergunto ofegante pelo meu desespero.
- Acenda as velas e as espalhe por toda a casa, a sombra não vai conseguir nos alcançar se estivermos com os pavios das velas queimando.
Faço o que ela diz e espalho vela por toda a casa.
A cada vela acesa um grunhido de dor é expelido da sombra. Aos poucos é possível ver ela fraquejar.
A cor escura e os olhos vermelhos que estavam nos amedrontando começam a clarear ao ponto de enxergarmos através de seu "corpo". Ela se afasta de nós e desaparece em lentidão.
Ficamos em silêncio esperando que algo mais ocorresse, mais nada acontece, até o momento em que ela decide falar.
- Hannah Archer, quero que me explique como pode deixar tal falta de responsabilidade ocorrer ao ponto de seu irmão ter falecido- diz ela com raiva no tom de voz.
- Não sei se estou pronta para lhe contar, mas tem ocorrido muitas coisas que antes só aconteciam quando estava junto a senhora ou a mamãe.
- Ainda assim terá que me explicar- diz ela dessa vez calma- Venha sente aqui- fala apontando para o sofá que estávamos próximas.
Me sentei nele e deitei no ombro de minha vó, procurando conforto no que iria dizer a ela.
- Vovó, a senhora ainda fala com a mamãe?
- Por que a pergunta?- diz ela acariciando meus cabelos por cima da toalha.
- Tenho tido a impressão de estar sendo seguida por ela, mas não de forma positiva- falo deixando uma lágrima escorrer.
- Existe somente um modo de saber, você me contando o que está havendo.
Respiro fundo e começo a falar.
- Eu estava junto a ele quando ocorreu, eu não fiz nada para o ajudar, estava amarrada em uma árvore e quando me soltei ele estava sendo atacado por uma mulher que não consegui ver o rosto, ela o atacou de maneira que não houvesse como ele sobreviver. Talvez se eu tivesse chegado a tempo isso não teria ocorrido- falo deixando mais lágrimas rolarem- Por que para onde eu vou sempre carrego a desgraça comigo? Eu só queria que esses pesadelos que me cercam sumissem logo, mas ao invés disso eles só aumentam- digo em meio a soluços.
- Não se sinta mal por ter que carregar isso contigo- fala ela pegando um dos pingentes do meu bolso- Esse é um objeto que repele o mal daqueles que usam, a pessoa ou o outro ser que lhe entregou eles, deseja te proteger a todo custo- diz e me abraça de lado.
- Consegue manter a calma mesmo tendo desespero no olhar, tenho certeza que não puxei seu lado da família- digo magoada.
- Sendo ou não por conta de sangue, o que te aguarda é grande, visto que eu possa ser, a própria responsável por você ser assim- diz ela e olho fundo em seus olhos.
- Mas quem iria querer me proteger?- digo ainda a olhando.
- Talvez alguém que sinta algo por você, um rapaz ou uma mulher- diz alisando o pingente.
Por um instante decido ficar quieta, apenas inalo o ar e o exalo com calma para que não haja mais um surto interno.
Eu não sei quem poderia estar a zelar tanto por minha vida que me dera três de seus pingentes. Mas ouvindo o que minha vó disse, é realmente possível que seja uma mulher quem me deu, são jóias muito delicadas para um homem.
Ainda assim não me dá a resposta.- Deve tentar descansar querida, amanhã será um longo dia- diz dando um beijo em minha testa e saindo com uma das velas na mão.
Queria poder falar mais com ela, saber mais o que está havendo, mas ela não vai aguentar ficar acordada por tanto tempo. Terei que saber mais, porém aos poucos.
- Boa noite vovó- digo vendo ela entrar no quarto iluminando o corredor.
Devo descansar, renovar minhas energias, amanhã será um novo dia e não serei perturbada.
Me deito no sofá confortável e macio, e me encolho, em minha mente apenas um vazio paira, mas sinto que ele desaparece pela presença que sinto de minha protetora me guardando.
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𝗠𝗲𝗶𝗮 𝗡𝗼𝗶𝘁𝗲 - 𝐷𝑜𝑛𝑎 𝑑𝑎 𝐸𝑠𝑐𝑢𝑟𝑖𝑑𝑎̃𝑜
HorrorHannah Archer, policial militar e investigadora, decide descobrir sobre os constantes casos de desaparecimento de animais onívoros da região sul da floresta negra, mas ao chegar na pequena cidade de Vilance, percebe que os contos sobre o lugar são m...