Prólogo

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Lia

* * *

- Então, o que foi que aconteceu? - Alexia perguntou se sentando ao meu lado. - Me conte mais uma de suas aventuras inconscientes.

Eu dou um sorriso e lhe entrego um dos copos de água que busquei pra gente. Tinha chamado minha melhor amiga aqui porque precisava lhe contar de um sonho que tive. Você pode estar se perguntando um sonho?, sim, o sonho que mudou a minha vida.

Por muitos anos meus sonhos me revelavam algumas coisas para que eu prevenisse ou apenas me preparasse... As vezes sonhava com pessoas que não conhecia e depois acabava as encontrando, mas não é sobre isso. Esse sonho era algo além de só um sinal ou aviso, era algo mitológico e perigoso.

- Você acreditaria se eu dissesse que recebi um presente dos deuses gregos? - perguntei a ela e recebi um olhar confuso.

- Estranhamente? Sim. - concordou rápido para minha surpresa. - Conhece mais do que deveria sobre mitologia e desde pequena teve uma ligação estranha com ela. Não é de se surpreender que seja algo além de curiosidade.

É reconfortante saber que posso tratar de qualquer assunto com ela e ter certeza de que não me achará uma louca, já que normalmente sabe com detalhes o que se passa.

- Há alguns dias acordei sentada numa cadeira em uma sala completamente branca. - comecei prendendo sua atenção. - não tinha paredes nem teto, era tudo luz. E estava frio, já que eu estava com uma roupa de inverno relativamente pesada.

- Uma sala de energia? - Deduziu

- Provavelmente - concordei. Ela acenou com a cabeça então continuei - Quatro homens estavam poucos metros a minha frente e se aproximaram tranquilamente. Eu não conseguia definir seus rostos, eram como vultos mas em uma forma humana. Quando pararam um deles se aproximou ainda mais, colocou um broche em minha roupa e disse: "nós protegeremos você, não importa o que aconteça. Não conte nada a ninguém e não se preocupe que estaremos aqui". Antes mesmo dele tomar uma distância eu acordei consciente do sonho, com frio mas com um sentimento de proteção muito grande.

- Fez algo que poderia desbloquear sua sensibilidade pro nível espiritual? - me Interrompe. Eu neguei com a cabeça e ela pareceu pensativa por um momento. - Você com certeza fez, só temos que descobrir o que, já que também contou mesmo eles tendo falado para não contar. Se lembra do amuleto que te entregaram?

Faço uma careta e respondo: - Ele era dourado com alguns detalhes pratas, provavelmente ouro e a própria prata. No centro dele era uma foice e só.

- Mais vago impossível. Mas não acho que tenham sido prata. - comentou e eu a encarei - Temos muitas teorias que se encaixariam mas que eu me lembre o Deus regente do seu signo é Hermes, certo?

Eu sabia exatamente onde ela queria chegar. Alexia sempre se interessou com assuntos relacionado ao mundo espiritual independente da religião que fosse. Também gostava de pesquisar sobre signos, estrelas e tudo aquilo que fosse teórico o suficiente pra nos dar ideias.

Há não muito tempo atrás estávamos relacionando signos com deuses e também com metais. Descobrimos que, como ela disse, Hermes quem regia o signo de gêmeos, e o metal dele era o mercúrio, o nome do Deus na mitologia romana.

A garota percebeu que eu estava entendendo e continuou:

- Seu ascendente é Leão, Deus regente: Apollo.

- E ouro na mitologia grega é relacionado ao sol. - mesmo que parecesse lógico, ainda era difícil de acreditar. - Eu não posso ter ganhado um amuleto de presente dos meus dois deuses favoritos, não Mesmo.

- E a foice? - pergunta interrompendo novamente meu choque de ficção e realidade.

- Símbolo de Cronos - encaro a garota e rimos - MAS NEM FERRANDO.

- De todos os deuses e entidades gregas que existem, Cronos definitivamente seria o último a te proteger. - o tom de deboche em sua voz era nítido e muito compreensível.

- Da pra fazer uma lista de fatos pra não ser ele, começando por: se tem deuses me defendendo por que ele estaria do mesmo lado? E outra, se realmente existem e me enviaram esse amuleto ele sabe que eu não gosto nem um pouco de vossa existência.

- A gente dá um jeito de tentar entender tudo - Alexia tenta me tranquilizar, mas não era descobrir de quem era foice que estava me incomodando.

- Apesar de ter sido uma conversa legal - começo abaixando a cabeça. - Talvez tenha sido só um sonho? Certo?

- E você acredita nisso? - questionou.

- Adiantaria se eu dissesse que não? - Retruco e ela nega com a cabeça. - Eu só queria saber porque, o que é e como é que eu me meti nisso.

- Pergunte aos quatro. O que é que eles sejam talvez você tenha a sorte de ter respostas. - sugeriu. - Faça uma meditação antes de dormir e tente mentalizar aquilo.

- E você acha que eles responderiam?

- É isso que você vai ter que descobrir.

Alexia ficou mais algumas horas na minha casa e teve que ir embora. Eu queria dizer que depois desse diálogo as coisas melhoraram mas você já deve ter ouvido o ditado "Até aí tudo bem".

Uma dica: quando espíritos falarem pra você em sonho pra não contar nada a ninguém, não conte. Enfrentar uma guerra grega nas férias do meu segundo ano de faculdade não estava nos planos e posso dizer que nem no deles.

Esqueça, ignore, acredite que foi apenas um sonho, mas não conte a ninguém se lhe foi falado para não fazer. Trazer coisas espirituais para o mundo real pode ser perigoso demais e eu aprendi isso da maneira mais estranha possível.

De qualquer forma, lhes dou as boas-vindas a minha história. A história de como acidentalmente entrei para um grupo investigativo de ajuda aos deuses.

***

Oiie, tudo bem? O que acharam do prólogo?

O quão ruim pode ser contar uma fofoca quando te mandam fazer o oposto?

Não esqueça os comentários e a estrelinha caso tenham gostado ☆☆☆.

Até o próximo capítulo.

Amor ou ambição - A ruína dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora