Doze

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L O N D R E S

***

Londres, o coração da Inglaterra. Muito diferente de Salem que era uma cidadezinha com um pequeno vilarejo.

As ruas movimentadas por pessoas, carruagens e cavalos tomando o espaço da rua me trazia a sensação de que eu realmente estivesse em casa. Cresci com essa movimentação, aumentando a cada dia. O céu meio escuro por conta da fumaça poluente das fábricas não me incomodava mais, já me acostumei, quase não notava. Mas Yoongi e Jungkook contorceram os narizes e fizeram caretas quando pisamos o pé fora do trem.

Bast pagou uma carruagem para nos levar a sua mansão. Passamos em frente algumas docerias, lojas de roupas e até mesmo em frente a um quartel cheio de soldados. O caminho foi calmo, sem emoções. O vento batendo contra meu rosto me fez lembrar do que aconteceu no trem com o lobo cinza. Engoli em seco. Os pelos da minha nuca se arrepiava toda vez que lembrava que ele poderia estar morto com a queda que levou. Ele era apenas um garoto que não teve culpa de ter sido mordido por um lobisomem.

Ele não merecia morrer, muito menos do jeito que aconteceu.

— Você nasceu aqui? — A pergunta repentina de Jungkook me pegou de surpresa, mas eu ri e assenti com entusiasmos.

Eu amava Londres, mesmo tendo algumas memórias ruins do internato.

— É lindo, não é. — Não foi uma pergunta, afirmei com convicção. — As pessoas… os casais apaixonados… ah, eu amo estar de volta.

— Lindo? — Jungkook pareceu desacreditado enquanto olhava para os arredores. — Você acha essa poluição linda?

— Não. Estou tentando dizer que de alguma forma, tirando a poluição, tudo aqui é lindo. Certo que não tem muitas árvores como Salem, mas é meu lar.

Ele deu de ombros, levando a mão ao nariz para tampa-lo. O cheiro da fumaça o incomodava e Yoongi também parecia bastante desconfortável com a cidade. Bast era o mais tranquilo entre eles. Como eu, ele praticamente cresceu aqui, ficar em Salem era como uma forma de lazer para a sua família.

— Onde fica sua casa? — Dessa vez foi Bast quem perguntou.

Jungkook olhou em sua direção, com o rosto travado. Ele nem tentou disfarçar seu desconforto porque Bast se dirigiu a mim.

— Não estamos perto. — Falei. — Morar no centro da cidade nunca foi o forte do meu pai.

— Claro, imagino que um militar prefira o sossego depois de comandar uma guerra.

Assenti e não falei mais nada. Encostei minha cabeça na janela e fechei os olhos, imaginando que ao invés de uma janela para me apoiar, eu estava deitada na minha cama confortável com a Princesa Elizabeth ao meu lado.

Meus pensamentos foram parar nos meus tios, em como eles estavam se sentindo. Me perguntava se estavam preocupados. Embora não se importassem comigo, a responsabilidade era deles e meus pais não iam perdoar. No entanto, meus pais pareciam muito com eles, demonstravam indiferença a qualquer coisa que me envolvia, mas eu sei que se importavam porque eu era a única filha que eles tinham.

Éramos felizes antes da guerra.

Mas tudo mudou tão drasticamente.

Me sentia um peso na família quando pensava no distanciamento dos meus pais. Da minha mãe. Ela mudou tanto que me partiu o coração. Agora, o que eles esperavam era o orgulho e a honra da minha parte, mas eu sentia que nunca iriam sentir orgulho de mim. O caminho que estava tomando era totalmente oposto de tudo que fui ensinada.

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