IV - O Segredo do Padre

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Severo Snape não estava conseguindo dormir.

O lugar era desconfortável, mas se fosse apenas por isso, já teria conseguido dormir faz tempo. Pensava apenas em Narcisa e Draco. Será que eles estão bem? Conseguiram fugir? Preocupações e mais preocupações e... aquele padre estranho, que também não tinha ido dormir. Ele só ficava lendo o Lemegeton — ou Chave Menor de Salomão — bem concentrado.

Snape se levantou do banco da capela e ficou sentado, curvado e encarando o Padre no altar. Dentro do coração do bruxo, algo naquele homem lhe incomodava tanto a ponto de sentir... medo. Um medo estranho, irracional... como uma força sobrenatural.

O Padre tirou as atenções que estava com o livro e sorriu para Snape.

— Está preocupado com a sua esposa, não é?

— Demais. — respondeu, ofegante e extremamente cansado — Eu... só queria notícias de que ela está bem... Cissa... Draco...

— Estou tentando estudar o livro para sabermos quando é o melhor momento para prender Belial.

— Acha mesmo que ele é o demônio que está causando tudo isso?

— Não tenho dúvidas. O problema é que, como Belial é um Rei, sua invocação só pode ser feita a partir do amanhecer.

Snape olhou para o enorme vitral, vendo a luz da lua a pino, refletindo sobre as partes coloridas dando um atenuante máximo à imagem de Jesus Cristo.

— Não deve faltar muito... deve ser umas duas da manhã...

— Então não temos muito tempo até Belial conseguir o seu sacrifício. Venha aqui, por favor. — Snape se levantou e subiu até o altar, onde o Padre lhe mostrou alguns desenhos de pentagramas e ritos em linguagem antiga — Aqui estão os portais para invocação e aprisionamento. Ambos precisam ser feitos com sangue humano, e principalmente, precisamos de um bastião e alguns pedaços de madeira para formarmos triângulos.

— E com qual sangue deveremos usar? De bruxos, trouxas...

— Do conjurador, não importa se ele é um mágico ou não.

Snape assentiu, e percebeu que ele seria o conjurador que iria prender os seres.

— O problema disso tudo, é que ainda não encontramos a Arca que aprisiona os setenta e dois demônios. Sem ela, não temos como trancar Belial de volta.

— Me diga Padre... o senhor parece conhecer a criatura bestial... o que são estes demônios que estavam nos atacando?

— É a legião de Belial. Cada um dos setenta e dois seres comandam uma legião de demoníacos. Belial possui oitenta legiões, e por isso o ataque foi tão expressivo.

É, Snape percebeu muito bem a força das criaturas. Até agora não se esquecera da demônio fêmea cheirando o odor de cópula que exalava, querendo fazer o mesmo para, em seguida, mata-lo e comer o que sobrou, como a aranha Viúva-Negra, que assassina seu parceiro assim que faz o processo de reprodução da espécie.

— E... para derrotá-lo é muito difícil?

— Ele é um dos demônios mais poderosos do Submundo. Foi criado junto com Lúcifer, e foi o responsável pela destruição de Sodoma e Gomorra. É um ser muito ardiloso e esperto, que age com inteligência e poder, possuindo os mortais assim que o mesmo que o conjurou perder total o controle.

— Então estes demônios podem ser controlados?

— Claro que podem, mas para isso, precisa de conhecimento. Aquele que tenta invocar estes seres, sem o conhecimento, apenas por "brincadeira" ou para ir em busca de poder, tem sua alma corrompida para sempre. E eles são muito objetivos quando o conjurador falha na invocação.

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