CH05

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- Você não tem jeito! - Izzy pisou no freio, parando o carro de uma vez, assim que disse que queria ir à casa de Samuel.

Desde a noite anterior, quando Kat e os outros me levaram até em casa e explicaram o que havia ocorrido ao meu pai, decidi que queria ver e falar com Samuel. Era muito provável que o jovem fosse achar que eu estava louca, mas algo ainda maior dentro de mim afirmava que não, afinal eu tinha recebido uma mensagem dele - ou que parecia ser dele.

Ela retirou as mãos do volante, retirando os óculos escuros e os colocando em seu colo. Por fim, me olhou desacreditada.

- Ele não te chamou aqui, Anna! - Izzy lembrou, mas parou para começar a analisar todo o local.

Estávamos no fim do mundo - ou no fim de Hallstatt. No alto das montanhas que cercavam o vilarejo, afastado do grande centro, estava uma casa escondida no meio de uma aglomeração de árvores altas perto umas das outras.

- O que exatamente é aqui? - ela perguntou.

Havíamos ido até o instituto, tivemos de invadir a secretaria e bisbilhotar os arquivos até encontrar a pasta de Samuel. Curiosa e misteriosamente sua pasta não havia quase nada, desde seus pais a qualquer nota de alguma outra escola. Mas havia seu endereço atual.

- Amiga, vou apenas fazer o trabalho. - Era verdade, havia um trabalho a ser feito, mas tanto eu quanto Izzy sabíamos que eu iria questionar Samuel. Peguei minha mochila no banco de trás, com Izzy me olhando pelas costas, e abri a porta para sair.

- Anna, estamos todos preocupados com você. - Ela iniciou, me encarando. - Primeiro o desmaio na escola, depois surtou na igreja e saiu por aí. Você disse ter sido empurrada, quando não viram nenhum ferimento em você. - Devagar, tocou minhas mãos de forma gentil e intensa. Pude sentir sua preocupação, e a amava ainda mais por isso. - Agora quer sair atrás de um rapaz muito estranho? Nem sabemos quem ele realmente é.

- Ouça, Izzy. - Iniciei, me afastando e saindo do carro. Noto sua frustração. - Só confie em mim, eu não estou louca como muitos podem achar.

- Talvez perder Luna foi tão atormentador que...

- Isto não tem nada a ver com Luna, Isabelle! - grunhi, nervosa. Na verdade, tinha sim a ver com Luna.

Embora amasse e considerasse Kat e Izzy minhas melhores amigas, Luna era como uma irmã para mim. Também havia conhecido Kat na infância, mas Luna não saía da minha casa e eu da dela, assim que nos tornamos amigas. Todos meus segredos ela sabia, todos os meus sonhos compartilhei com ela e, definitivamente não menos importante, era - além de meu pai - a pessoa mais próxima que me fazia lembrar de minha mãe.

- Me desculpe. - Desculpou-se a Sinful, percebendo minha tristeza. Ela ainda pensou, estava relutante, como se tivesse desistido de tentar me impedir. - Certo, desisto! - exclamou, erguendo as mãos em rendição, admitindo a derrota. - Te pego às onze, vai almoçar comigo! - não pude negar, pois não era um pedido.

- Big Ooopie? - perguntei, torcendo para que dissesse sim.

- Almoço de verdade, Anna!

Sorrio para ela, antes de fechar a porta do carro conversível de Kat, que havia nos emprestado. Me olhei no retrovisor do carro e chequei, estava tudo certo. Caminhei até uma espécie de porteira e a abri, com muita dificuldade. Acenei para Izzy e ela buzinou, em seguida pisou fundo no acelerador e sumiu entre o montante de árvores e relevos.

Virei-me devagar e, como Samuel ainda não tinha aparecido para me receber, adentrei.

Ao me aproximar, comecei a pisar em grama e meus pés agradeceram por não ter que andar encima de um chão duro e repleto de pedras. A casa tinha o seu ar de abandono e, provavelmente, a campainha nem funcionava mais, a ignorei então. As janelas em um formato medieval, que abriam-se para fora, estavam cheias de teias de aranha, onde dentro da casa pude ver o montante de caixas juntas.

Ávido AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora