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Acho que sempre que pensamos em estar com alguém, namorar ou casar, automaticamente imaginamos de forma involuntária, ou não, que esse alguém vai ser nosso pra sempre. Que tudo entre vocês vão ser pra sempre.. Ninguém entra em um relacionamento imaginando o fim dele ou que em algum dia você terá dúvidas sobre o que o outro sente ou não por você. É meio que involuntário.

Só imaginamos o melhor, só pedimos o melhor e aquele "para sempre" começa a não fazer sentido mais. Pelo menos não pra você. E é horrível esse sentimento de incertezas, a ansiedade batendo forte no peito. Noites mal dormidas, choros, e tudo mais. Você fica vulnerável. Se torna refém de si próprio. Dos medos que tem.

Eu amava Rebeca com toda a minha alma, a amava mesmo. Da cabeça aos pés. Imaginando que ela seria a mãe dos meus filhos, um dia. Imaginando que eu iria envelhecer com ela ao meu lado, acordando em um dia chuvoso. Nós duas com rugas por todo o rosto, mas felizes.

Felizes como ninguém nunca foi antes na vida. Acho que é isso o que sempre me fez sentido em estar com alguém, mas confesso que a cada dia que se passa, tudo trabalha para que essa realidade fique cada vez mais longe. Mais improvável de se acontecer. É difícil, não vou mentir. É duro e até mesmo injusto. As pessoas mudam do dia para a noite e você fica ali.. Estagnada. Era esse o sentimento que me consumia.

Por três dias seguidos não tive notícia de Rebeca, desde a ligação que fizemos quando eu estava em Orlando. Não tinha uma mensagem, uma mensagem de voz, ligação... Nada. Ela estava fora das redes sociais, não postava nada. Nunca estava online. E isso foi me deprimindo cada vez mais um pouco. Bryan tentava me animar com bebidas, filmes, comidas.

Tentava me animar com presentes, roupas e até mesmo sorvete, que era o meu ponto mais fraco. Mas nada me tirava o foco. E eu só conseguia olhar para a minha aliança e não entender absolutamente nada do que estava sentindo.

Naquela tarde de sábado, da semana seguinte, acordei e mal sai do meu quarto. Apenas coloquei uma roupa confortável e fui fazer o meu café da manhã. Comi ovos, torrada e depois tomei um iogurte de frutas vermelhas. E logo voltei pro meu quarto. Desejando que algum carro voador me atropelasse bem ali:

- Oi.. - Bryan chamou minha atenção, após bater na porta do meu quarto. Ele entrou e ao me ver daquela forma, se sentou na beirada da cama. - Quer sair?

- Pra onde?

- Sei lá, dar uma volta na praia.

- Sério?

- Sim. Estava pensando em irmos andar um pouco pela orla, o que acha? Respirar ar puro. Ver o mar. Acho que poderia te animar um pouco.

- Gosto da praia.

- Então vamos! - exclamou Bryan, sorrindo. Coloquei um short mais apropriado e óculos de sol para tampar minhas olheiras. Logo descemos de elevador para o saguão.

Assim que entramos na garagem do prédio, vimos dois homens estranhos entre os pilares. Ambos vestiam preto, jaqueta escura. Boné e óculos escuros. Ambos eram bem estranhos e meio suspeitos. Eles não olhavam para nós mas foi só passarmos por eles que, começaram a andar devagar em nossa direção:

- Quem são eles? - Sussurrei para Bryan.

- Apenas entre no carro. - Ele sussurrou de volta. E foi quando Bryan abriu a porta, que um deles correu e segurou meu irmão pelo pescoço, o empurrando para trás. Bryan, quase caiu ao chão mas se livrou das mãos do cara e depois o socou no rosto. O outro homem que estava um pouco mais afastado, veio para ajudar o seu comparsa.

Bryan e eu sempre lutávamos quando éramos crianças. E naquela situação, saber auto defesa veio bem a calhar. Fui para cima dos caras sem nem pensar duas vezes. Chutei o peito de um deles, que caiu ao chão. Enquanto Bryan tentava nocautear o outro.

Um dos homens me passou uma rasteira, que me fez cair ao chão e bater a cabeça com tudo, me deixando um pouco zonza e lenta. O que deu espaço para os dois enfrentarem o meu irmão mais uma vez.

Com as vistas embaraçadas, eu via Bryan levando socos em seu estômago, enquanto um dos homens o segurava pelos braços, o deixando imóvel para o outro bater. Assim que meu irmão caiu ao chão, cuspindo sangue. Arranjei forças no meu íntimo e levantei da onde eu estava. Transferindo golpes incansáveis aos dois.

Bati com a cabeça de um deles, no pilar de concreto, quebrando o seu nariz. Enquanto o outro saiu quebrou o tornozelo assim que pisei com força em sua perna:

- Quem são vocês? - Perguntei para o homem que estava urrando de dor. Com o tornozelo já inchado e torto.

O outro, que sangrava pelo nariz nocauteou com uma coronhada da arma que ele sacou de sua calça. Com ela apontada para mim, ele disse em alto e bom som :

- Diga a ele que queremos o que é nosso. Caso contrário, tiraremos o que é dele.

- Do que estão falando? - Perguntei, com a voz fraca.

- Oliver Bucker é seu pai, não é? Diga a ele que queremos o que é nosso, por direito.

Antes de apagar totalmente, vi os homens indo embora. A dor era insuportável. Mas minha preocupação maior era com Bryan, infelizmente não aguentei o suficiente para me manter acordada. E assim que abri os olhos novamente, eu estava dentro do meu apartamento, com Alice ao meu lado.

- Ela acordou. - disse Alice, assim que notou os meus olhos se abrindo. Bryan chegou na beirada da cama e me abraçou, como se tivesse perdido alguém.

- Tá tudo bem.. Eu estou bem. - Exclamei. Ele se afastou e me olhou apreensivo, como se quisesse me contar algo.

- O que foi?

- Papai está vindo pra cá.

- Como é?

- Assim que te trouxe pro apartamento, recebi uma ligação dele. Todo preocupado e eufórico. Acho que o que aconteceu tem a ver com a empresa.

- E quando é que não tem, Bryan? - Disse, me sentando na cama. A dor era absurda, dos músculos e eu gemia sempre que me movia um pouco.

- Que empresa? - Perguntou Alice, sem entender nada.

- Digamos que nosso pai seja um dos homens mais ricos do Brasil. Ele tem uma empresa que exporta e vende petróleo. Então dos bilhões de dólares e reais envolvidos nisso.

- Como é que é? Como assim eu nunca soube disso? Achei que o pai de vocês era só um homem comum que não tinha presença afetiva na vida dos filhos.

- Antes fosse! - Exclamei.

- Viemos pra Miami porque estava cada vez ficando mais perigoso. Pessoas pedindo dinheiro, pessoas sendo mortas. E mamãe cada vez mais preocupada com a gente. Somos os herdeiros da empresa.

- Correção... Você é! - Eu nunca quis fazer parte disso, você sabe muito bem, Bryan.

- Legalmente nós somos, Olivia. - Respondeu Bryan, me encarando. - Em fim, Alice. É isso. É bem complicado.

- É inacreditável.

- E pelo jeito já vieram cobrar de nós! - Disse.

Only Wolf 1 - Viver, Amar E Sofrer ( NOVA VERSÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora