De Outro Mundo

Capítulo 7

Havia muito tempo que eu não saia com ninguém, não sei se consigo ao menos manter uma conversa decente.

Logan me disse apenas que iríamos jantar no 71 above. No entanto devo me arrumar bem, o restaurante é conhecido por sua luxúria e sua vista incrível. A última vez que fui no mesmo foi com Nessa, e já faz um ano, sinto falta dela, nos afastamos após o fim do verão.

Decido usar um vestido branco de gola alta, com um blazer preto por cima. escolho uma das minhas bolsas WOC, e um salto alto preto da Saint Laurent.

Quando termino que colocar todos os meus acessórios e passar meu perfume favorito (Chanel número 5) desço as escadas e mando uma mensagem de texto para Logan, dizendo:
"Ei, estou pronta."

Ele havia pedido para me buscar, e não vi problema em aceitar. Agora estou sentada no sofá esperando por uma buzina fazendo barulho na porta, ou um "Estou aqui na frente." no snapchat.

Exatos 15 minutos depois, Logan faz acontecer o segundo cenário possível, mandando um snapchat.

Quando entro em seu carro ele me olha sorrindo.

—Você está linda.

—Você não está nada mal, Logan.—retribuo seu sorriso com outro.

—Já foi à esse restaurante?

—Sim, todo verão eu ia com meus pais ou algum amigo.

—Isso é legal, e meus sentimentos por seus pais. Não consigo me imaginar sem os meus.

Eu não me lembrava de mencionar meus pais mortos em nenhuma de nossas conversas. Mas, talvez tenha dito e nem lembro. Então respondo:

—Obrigada, é bem difícil mesmo. Ainda não me acostumei sem eles aqui.

Conversamos até chegar ao restaurante, e foi impressionante a forma em que não ficamos sem assusto em momento algum. O papo fluia de forma leve, e não foi desconfortável me abrir com ele sobre meus pais, e até falamos sobre minha melhor amiga, Nai, que é youtuber, assim como ele.

—Já decidiram o que pedir?—o garçom que está nos atentando pergunta.

—Eu já, e você?—pergunto olhando para Logan que está na minha frente.

—Sim, quero uma quiche lorraine.—diz ao garçom de forma desprovida de educação. Mas, talvez eu esteja vendo coisas, o Logan do carro não é assim.

—Gosta de comida francesa?—pergunto a Logan—E eu quero uma porção de keftedes de tomates.—digo ao garçom de forma educada.

—Respondendo sua pergunta, sim gosto de comida francesa. E você é vegetariana? minha irmã é, e adora keftedes de tomates, em específico o de um restaurante na Grécia.

—Na verdade, sou vegana. E ela tem um bom gosto, amo esse prato. Sua irmã precisa me passar o nome desse restaurante.

—Ela com certeza adoraria você, vocês são parecidas.

—Sério? na aparência?—pergunto curiosa.

—Não, na sorte. Tenho certeza que meu pai vai deixar as empresas sob sua administração quando morrer.—o olho confusa—Sério, vai se fazer de boba, Delphine? seus pais morreram e agora você é bilionária. Você nem precisou fazer nada por isso. Tem tudo, e nem se esforça, e até onde eu sei, ao menos quer administrar os cassinos.

O olho surpresa, como caralhos ele sabia sobre os cassinos e meu nome inteiro?
Como ele podia falar sobre meus pais de forma tão brutal, como se eu devesse estar feliz por ser bilionária graças a morte deles. Mas eu não iria demonstraram fraqueza, não agora para esse idiota.

—Como você sabe dos cassinos?

—Sabe, Delph? é hora da historinha.
Certo dia um lindo garotinho estava com sua família na casa dos seus vizinhos...

—Conta logo, ou eu juro que grito aqui e agora.—o interrompo.

—Não fica nervosinha—abre um sorriso de lado e continua—Então a filha dos vizinhos estava na sala, e quando o garoto foi pedir pra brincar com ela, ela negou e saiu correndo.

—Ah, meu Deus. E esse garoto era você? Isso deve ter mais de 10 anos, que idiotice.

—Mas, não era idiotice quando eu tinha 7 anos de idade.—ele faz uma pausa—E depois, ele via a menina crescer, e crescer. E ela tinha tudo, tudo o que queria, e o garoto? nada. Você era filha única e tinha tudo, eu tinha e tenho que dividir tudo com meus irmãos. Até a porra da empresa que eu administro já está na herança da minha irmã. Aquela vadia é igual a você, tem tudo o que quer.

—Isso é inveja!

—Talvez, eu não ligo se for. Mas você vai me colocar nesse projeto como influenciador, vai alavancar minha carreira, e fazer tudo o que eu quiser.

—Não, eu não vou fazer nada disso pra você.—falo um pouco alto demais, e todos olham pra nossa mesa.

—Vai sim—ele abre um sorriso—Ou então... vai acabar para você aqui. Seu plano de recomeçar vai ser arruinado, não sei se seus novos amiguinhos vão gostar de saber que amiga deles trabalha com coisas ilegais.

—Não é como se eu estivesse escondendo isso deles, ninguém me perguntou, eu não neguei.

—Mas, duvido que não se importaria se eles soubessem. Quer dizer, você é uma criminosa né...

—Cala a porra da boca, vai embora agora.—digo irritada e não faço questão de esconder o quão estou furiosa.

—Eu já vou mesmo, mas pense sobre me contratar para o seu projeto. Se eu ficar de fora, pode ter certeza que ferro com tudo, inclusive esse projeto.

Ele se levanta, bebe o último gole de vinho que restava em sua taça e segue para fora do estabelecimento, me deixando sozinha na mesa.

Eu não posso acreditar que estou sendo ameaçada. Eu não estou mentindo sobre os cassinos, só omitindo. E apesar de não ter vergonha de contar, tenho medo de eles não me considerarem séria o bastante para ser chefe deles, ou moralmente correta para ter suas amizades.

Droga, eu nunca me importei com isso, eu vim pra Los Angeles em busca de um recomeço. Mas, parece que os problemas só aumentam, não dá pra fugir do meu futuro.

O garçom aparece na mesa com os pedidos e eu sinceramente já não tenho mais fome, então digo a ele para levar os pratos embora e me trazer a conta.

Mais de mil dólares, gastei mais de mil dólares em um encontro que nem foi um de verdade. Eu sou um desastre. Queria um encontro e ganhei mais problemas e uma conta pra pagar sozinha, já que o babaca foi embora e me deixou depois de jogar a bomba. Mas, eu quem mandei ele ir embora, não sei se estou na posição de estar brava.

Após pagar o taxi, já que estava sem meu carro, entro em casa e abro o Bourbon brother's bond que estava no armário da cozinha. Comprei no mês passado quando encontrei no shopping, sabia que era do Paul Wesley e do Ian Somerhalder, e sou fã dos mesmos desde 2014, não podia deixar de comprar.

Começo a beber para tentar esquecer de tudo, meus pais mortos, meu vizinho estranhamente gostoso que me tira do sério o tempo todo, as chantagens do Logan.

Será que sou tão ruim assim? ele ao menos tentou ficar comigo, foi tudo planejado, ele só queria meu dinheiro. Todo mundo só quer meu dinheiro, eu sou ridícula a ponto de ninguém conseguir ver nada em mim além de uma oportunidade.

Damon tinha problemas o tempo todo, como ele assim mesmo parecia estar bem? eu teria que fingir tão bem quanto?

Quando percebo já estou deitada no meio do rua igual ao Damon, ele sempre fazia isso quando queria esquecer seus problemas. Eu não poderia atacar alguém com as minhas presas como ele, mas eu queria, eu queria muito descontar todo esse ódio que estou sentindo em alguém.