Bjorn

52 5 2
                                    


        Não espero nem ela argumentar, desligo o telefone e vou ao seu encontro, mando Leth cancelar meus compromissos para o resto do dia, chamo Jacob meu motorista e soldado, e vou para a minha casa encontrar Mia.
        Assim que chego em casa vou procurá-la, chego ao escritório e a encontro sentada na poltrona com um copo de whisky na mão, com seus pensamentos longe.

         - Atrapalho?

       Ela vem correndo e me abraça, um abraço apertado, como se ali encontrasse alívio.

         - Que bom que chegou. -diz com uma voz embargada como se tivesse chorado horas.
         - O que aconteceu? Porque está com os olhos vermelhos? Estava chorando? Quem lhe fez mal me diga!
         - Ninguém me fez mal, quer dizer, alguém fez muito mal sim, mas não só a mim, pegue. - ela me entrega um envelope para que eu leia.

         Assim que começo a ler, não consigo crer em cada palavra, como podemos ser tão enganados assim? Meus pensamentos estão desordenados, em choque, acho que é assim que podemos definir meu estado neste momento.

          - Como você conseguiu isso Mia? Que porra é essa?
          - Klinger um segurança da mamãe da época, ele me deu quando fui a cafeteria, não sei se ele tava me seguindo, notei que ele estava lá só um tempo depois.
           - Que segurança de merda nós estamos tendo, você o deixou ir? Assim sem mais nem menos?
           - Ele me entregou e se foi.
           - Se isso for verdade então aquele filho da puta estuprou e matou uma criança para que eu pudesse nascer?
           - Calma Bjorn, precisamos checar também ao fundo a veracidade  da carta.
          - Você está desconfiada que possa ser mentira?
          - Não sei Bjorn, não sei o que pensar, não sei o que fazer, me sinto perdida, destruída, sabe tudo que tive que suportar com aquele monstro para...
          - Me salvar... Fale!! Eu sei que é isso que quer dizer.
         - Não é isso pare, porfavor perdoe meu erro com as palavras.
         - Você é só uma peça no tabuleiro de Petrus, acho que esperei demais, vou caça-lo, agradeci o desaparecimento dele, mas agora eu vou atrás, e se ele não tiver morto, matarei com as minhas próprias mãos.
          - Não ouse dizer que eu sou só uma peça, não me coloque menor só porque você tá puto.
          - Quer que eu diga o que, agora pelo menos você está livre como sempre quis, afinal pelo que eu entendi na carta você não e minha irmã, meu sangue não corre pela suas veias, e nem o de Petrus pelo que consta.
           - Que merda tá acontecendo com você porra? Porque está com raiva de mim? Sendo que aquele verme que é culpado de tudo!
          - Você entendeu tudo errado querida, não estou com raiva, estou determinado, essa carta me abriu os olhos, cansei de ser o moleque que você pensa, agora que sei da minha origem podre, posso me vingar com muitos motivos daquele escroto.
           - Esse não é você, você não é assim, sei que está puto e em choque com essas revelações, mas vou lhe dar um tempo para refletir melhor e esfriar a cabeça, afinal de cabeça quente não podemos fazer nada.

        Em um surto acabo indo pra cima dela, seguro seu braço com força e olho fundo em seus olhos.

         - Primeiro, nunca mais ouseme dar ordens ou dizer o que eu devo fazer, Segundo, entenda de uma vez caralho, eu sou o homem e chefe dessa Família, então me respeite como tal.

        Solto seu braço bruscamente, vejo seus olhos marejarem, sei que fui agressivo, mas foi preciso, quero que ela entenda de uma vez que eu sou a porra de um homem, não o moleque que ela criou, não quero nem ter essa lembrança, minha cabeça está muito confusa no momento.

         - Então chefe, enfia esse seu respeito no cu, e nunca mais ouse me tocar desse jeito, nunca vou permitir que você me trate como o seu pai, achei que você não tinha herdado esses traços dele, mais foi um grande engano, afinal filho de peixe, peixinho é. - ela fala com a voz embargada de dor e decepção.

        Sei que passei dos limites, mas confesso que não me arrependo, estou irado e se não sair de perto dela sei que as coisas ficaram pior.

         - Pense o que você quiser! Irei sair, sugiro que não diga nada a ninguém sobre está carta ainda, vamos pensar em uma estratégia em como abordar isso com o conselho.
          - A onde vai ?
          - Comer uma buceta.

      Falo e a deixo lá sozinha, estou tão irado que não posso falar com Mia agora, pego meu celular e ligo para Andrew, meu chefe da segurança, preciso urgentemente ir com ele ao bunker, vou rastrear Klinger e fazê-lo me contar essa história direito.

       "Andrew me encontre no bunker em 15 minutos temos uma missão para fazer"
        "Sim senhor chefe, estou a caminho"

         Desligo o celular e vou para o meu quarto pegar minha "Glock 9mm" ela é perfeita para a ocasião.
          Depois mando Jacob preparar o carro, quero chegar logo ao bunker.
          Assim que chego ao bunker, já encontro Andrew na sala me esperando.

          - Chefe o que houve?
          - Quero achar um filho da puta! Sabe aquela cafeteria onde Mia vai desenhar?
          - Sim é o café do Hol.
          - Esse mesmo, eu quero que você vá lá e pegue as imagens das últimas 24 horas para mim, vamos cada minuto conta, e outra coisa Andrew, nunca mais você deixe Mia sem segurança, eu quero um exército com ela, a qualquer lugar que ela vá, se eu ao menos souber que ela só andou com três ou quatro seguranças você pagará bem caro.
          - Sim senhor.

        Vou ao computador tenho que achar algum rastro ou paradeiro de Petrus, aquele desgraçado não pode mais ficar por aí brincando com a minha cara, quando ele desapareceu a anos atrás eu tentei ir atrás de algumas coisas, mas aceitei melhor o fato de que ele não poderia fazer mal a Mia, então deixei pra lá, mas agora é diferente eu vou caça-lo nem que seja no inferno, a vida daquele fudido tem que ter um fim.
         Vou ligar para o meu contato na polícia, afinal mantenho eles e os políticos na minha folha de pagamento por um motivo, eles terão que me servir, no ramo que eu atuo tenho que ter a polícia e o governo do meu lado, se não eles começam a xeretar demais. Melhor mantê-los ricos e felizes, e eu em paz, mas como eu disse não somos tão bonzinhos assim, é tudo uma moeda de troca, eles me servem até o dia que eu quiser, tenho cada um nas mãos.

     "Magnus como vai?"
     "Quem você quer que eu investigue chefe?"
     "Gosto que você não tem rodeios, preciso achar Petrus, acho que ele já passeou demais"
       "Sim senhor, irei verificar no banco de dados agora mesmo, qualquer indício lhe aviso chefe"
        "Muito bem, assim você curte mais um natal com a sua família"

        Desligo o telefone, já está dado o recado, bom como eu disse é tudo uma moeda de troca, como eles sabem demais não posso permitir que tudo seja fácil.

         - Chefe, está aqui as imagens que pediu. - diz Andrew
        - Agora sim.

      Assim que ele me dá as imagens, vejo cuidadosamente, até em que chega o momento em que o vejo, sim eu me lembro vagamente dele, mas na época achava que ele era mais forte e mais alto, mas também eu era uma criança na época, pronto, mando a imagem para eu rastrear.

           - Andrew, bata em cada bar, em cada muquifo, em qualquer merda que seja barata e de fácil acesso, quero acha-lo rápido.
           - Sim senhor.
           - Assim que acha-lo me ligue imediatamente, tenho urgência nisso, estou indo pra casa.

          Vou para casa, preciso descansar e colocar a cabeça no lugar um pouco, tenho que ainda pensar em como dizer ao conselho sobre tudo isso, não sei como eles iram reagir, mas não importa afinal eu sou o chefe, eles são somente o conselho, apesar de Genaro se achar o tal, a maior autoridade nessa máfia sou eu. Todos esses anos eu ficava me sentindo um porco por pensar em Mia daquela forma, mas agora não sei nem o que pensar, nem como agir, mas decido fazer um passo de cada vez, o que eu sei por enquanto é que eu ainda vou defendê-la com a minha vida se preciso e ela não vai ficar longe de mim.

Laços de Sangue e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora