As Crônicas do Ar: Fênix da Água {LIVRO 2}

3. Laço de Cura

Com uma olhadela para a faca em seu pescoço, Bia sentiu seus olhos encandecerem ao fazer o ferro da adaga se esquentar, a qual queimou a mão de sua opressora, que deixou a arma cair no chão com um grito, afrouxando seu aperto contra a parede. A garota Electi então aproveitou essa deixa e estendeu a mão direita, na qual várias chamas dançavam até Gládio Solis, que voou pela sala encontrando sua mão de imediato, para logo pegar a menina em sua frente pelo pescoço e chocá-la contra a parede, invertendo suas posições.

—Mel?! —Gritou Evie de dentro da gaiola eletrificada.

Vendo que a amiga conhecia aquela nova garota, Bia a soltou, porém continuava com a espada na mão. Assim que foi liberta, Mel correu até um dos cantos da sala e acionou um botão, o qual fez os raios se extinguirem.

—Eu não acredito que você conseguiu escapar! —Evie finalmente sorriu ao abraçar a outra, sua mecha de cabelo oscilando entre um tom de amarelo e o preto profundo.

—Bom, eu tive uma pequena ajuda. —Mel desapareceu em frente aos olhos de todos e reapareceu novamente em um passe de mágica. —Talento da Invisibilidade.

—Ah, pessoal —Evie se lembrou repentinamente de que provavelmente os outros não conheciam a garota. —Esta é Amélia Veneficus, ou Mel, como vocês preferirem, minha cunhada.

—Eu estou muito, muito curiosa para saber como você conseguiu fugir da Agatha usando seu Talento, Mel, —Bia disse apressadamente ao correr até Luan, que havia desmaiado encima de Sara. —Mas meu irmão precisa mesmo de ajuda.

—Esta é uma ferida mágica, causada pelo Cipó de Caim —Explicou Morgana com um olhar de preocupação —Eu infelizmente não sei o que pode curá-la.

—Mas eu sei —Amélia já tinha entrado em movimento antes mesmo de terminar de falar, indo até uma daquelas mesas cheias de trecos encima e pegando várias gases e água oxigenada. —Vocês aí —Ela meneou a cabeça para Sara e Bia que sustentavam Luan com certa dificuldade. —Levem ele para algum dos quartos que tem aqui para limpar os ferimentos antes de curá-lo. E você —Mel apontou para Bia enquanto entregava os materiais médicos para ela —Volta para cá correndo, porque eu preciso de você para fazer a poção. Quanto ao resto de vocês, se acomodem e tomem um banho. —Ela deu de ombros ao fechar a gaveta e começar a mexer nos tubos de ensaio. —Teremos tempo para conversar mais tarde.

Até então ninguém havia percebido que havia um anexo nos fundos onde várias portas estavam dispostas, uma ao lado da outra. Imediatamente, Bia e Sara escolheram um quarto aleatório e entraram. Ao abrirem a porta, se depararam com um quarto branco simples com uma cama feita, uma mesa de cabeceira e outra porta, que provavelmente era um banheiro.

—Ai, me desculpa, maninho —Bia disse franzindo a testa quando Luan soltou um fraco gemido de dor ao ser deitado de bruços encima do colchão macio. A garota Electi olhou ansiosamente para Sara e saiu correndo do quarto, não querendo desperdiçar um segundo sequer.

Ao se ver sozinha no quarto com Luan, Sara levantou a bainha do vestido de quadrilha azul, que agora se encontrava todo sujo, e retirou uma adaga de ferro da coxa, onde a havia prendido antes de sair de casa. Com muito cuidado, a garota Relust retirou Gládio Lunar das costas de Luan assim como a Pedra da Lua que estava bem proeminente em seu bolso, e as colocou encima da mesinha de cabeceira. Logo em seguida, se ajoelhou no chão e empunhou sua adaga, cortando a camisa quadriculada que o outro usava, expondo as costas ensanguentadas de Luan. Sendo tão cuidadosa quanto nunca fora antes, Sara começou a limpar as manchas vermelhas da pele clara do irmão de Bia, começando das extremidades dos ferimentos. Quando chegou na parte dos cortes, percebeu que não eram cortes, na verdade, e sim um círculo ensanguentado, que provavelmente seria o contorno que Luan retalhara no tronco do Cipó de Caim para retirar a Pedra da Lua, o qual havia se replicado na pele do rapaz.