📖 Capítulo 5 - Distância Segura

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SETEMBRO DE 2008

- Tan, quanto tempo vamos ter que ficar aqui?

Seu irmãozinho tremia, chorando abraçado a ela como em muitas outras noite, mas dessa vez parecia diferente.

Sua mãe não gritava as acusações de sempre, coisas que ela desejava nunca ter ouvido sobre a vida deles, enquanto o pai ouvia calado. Ambos não podiam ser ouvidos. Nada de coisas sendo atiradas no chão ou choros exagerados. Ela não dissera uma palavra aos filhos desde que chegaram da escola, Tânia também havia feito o almoço sozinha, porque a mãe não saira do quarto e seu irmão, já treinado desde bem pequeno a não incomodá-la, pediu a Tânia que fizera algo pra eles.

Dessa vez era diferente. Um silêncio ensurdecedor tomava todos os cômodos e Tânia sentia uma enorme vontade de chorar.

No final, havia sido a última briga.

ABRIL DE 2021
APARTAMENTO DA MALU
TÂNIA

- Você vai vir hoje a noite? - escuto a voz chorosa de Malu na cozinha, então decido esperar um momento para passar pela sala - Tá bem... Não se preocupe... tudo bem, Jack.

Fecho a porta do meu quarto e agarro os fone para colocar música, enquanto espero o lenga-lenga terminar. Pelo menos eles não estão brigando, penso. Mas, nos últimos dois dias estou vendo o primeiro problema entre minha melhor amiga e seu namorado se desenhar no horizonte.

Eles vão rápido demais. Tudo pra eles foi assim desde o começo. E agora, ela está me parecendo bem dependente dele, como imaginei que iria acontecer. Eles já se comportam como se fossem casados, com poucos meses de namoro, e isso vai causar uma confusão enorme. Tenho certeza.

Suspiro, cansada.

Duas batidas na porta e vejo o rosto sorridente da Malu surgir depois das mechas loiras. Ela não me engana, claro, os olhos dela estão tristes.

- Ei, você não ia sair?

- Estava esperando a D.R. terminar, você sabe que odeio climão de casal.

- Não tem climão - ela se senta na beirada da minha cama, apoiando a mão nos meus pés.

- Nossa, agora tive um dejavu do meu pai com esse seu momento "filha, você não entende os adultos".

Ela solta uma gargalhada e sorrio. Tudo bem, se eu ainda puder animar ela depois de cada drama.

- Estamos lidando com as nossas diferenças, mas ele é bom demais pra mim e me ama muito. E eu o amo também.

- Humrum - pulo pra fora da cama - estou de TPM. Posso ouvir tudo sobre o amor e seus mistérios em outro dia?

- Só não quero que se preocupe comigo - ela me abraça por trás, enquanto retoco meu batom no espelho - estou bem e estou feliz, problemas surgem porque um casal é feito por duas pessoas imperfeitas, tentando se encaixar com algo perfeito...

- ... O amor - apoio minha mão no peito, completando uma das coisas que já me acostumei a ela sempre repetir - Já sei, Maluzilda. Já estou sabendo, viu?

Malu solta uma risada alta, desistindo. Ela me conhece e sabe que a amo e respeito sua maneira de ver as coisas, mas também sabe que tenho meu próprio ponto de vista sobre romance, e que não fico nem um pouco a fim de falar dessas coisas, ainda mais com meus hormônios em ebulição.

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