46. em pé de guerra

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Any pov

Minhas pernas começaram a ficar dormentes de tanto ficar de pé olhando da varanda do meu quarto. O dia já chegava ao fim e Noah não tinha parado um só minuto.

Aliás, ele não parou desde a fuga de Dom Matteo há três semanas. Andava pra cima e pra baixo dando ordens, reforçou a segurança e pra variar andava nos cascos.

Era melhor ponderar as palavras com ele a não ser que quisesse levar um coice. Eu o entendia. Já era preocupado em excesso com a segurança da família e agora ficou pior ainda.

Só faltou bater em Sabina para que ela e o filho fossem embora do país. Obviamente foi cercada de seguranças. A casa dos pais dele, a de Joalin e a nossa estava praticamente com o triplo de seguranças.

Joalin bateu o pé e ameaçou discutir com Noah. Entretanto eu a impedi.

Posso dizer que conheço meu marido mais que qualquer um e sei o quanto ele se preocupava com a família.

Eu cheguei a perguntar pra ele, com muito tato, se ele não estava exagerando. Sua resposta foi categórica.

–Dom Matteo está com ódio de mim, Any. Mas ele não irá tentar nada contra mim. Se eu morrer... pronto, acabou. Mas ele quer me ver sofrer. E sabe que conseguirá isso somente se ferir as pessoas que amo.

Depois disso eu não falei mais nada. Eu consegui captar a dor em suas palavras. Não havia medo, havia sim um ódio incontido que eu cheguei a ficar com receosa.

Entretanto acima de tudo eu confiava em Noah. Tanto que eu nem surtei quando ele saiu na noite anterior para fazer negócios com os armamentos que havia recebido.

Obviamente eu tive que trabalhar muito bem para conseguir me conter. A situação não estava fácil e irritar Noah só iria piorar.

–Ai…

Eu reclamei quando Demetria puxou meu cabelo. Estava em meu colo e começava a ficar impaciente. Ah... era tão diferente do Matthew que brincava sentado em minha cama.

Era elétrica demais, tanto que minha mãe acabou vindo ficar mais uma temporada comigo. E isso foi até bom, já que era teimosa feito uma mula e se recusava a viver cercada de seguranças.
–Papai…

Demetria e Matthew começaram a falar dois dias após o aniversário e daí não pararam mais. Claro que não falavam de tudo. Papai, mamãe e vovô eram as mais faladas.

Como não poderia ser diferente a primeira palavra de Demetria foi papai, e a de Matthew... mamãe. Demetria puxou meu cabelo novamente e eu olhei feio pra ela.

Pegou essa mania agora, tanto que na maioria das vezes eu prendia meus cabelos. Mas hoje nem isso estava ajudando. Ela puxava meu rabo de cavalo sem parar, demonstrando sua impaciência.

–Seu pai está ocupado Demetria. Que coisa. Por que não vai brincar com o Matthew?

Ela girou a cabeça, as chuquinhas loiras balançando ao redor do seu rosto enquanto ela olhava para o Matthew na cama.
–Papai…

–Céus, Demetria. Vamos ficar com seu irmão. Tenha paciência por favor.

Sentei-me com ela na cama e coloquei o ursinho de pelúcia em seu colo, gemendo quando começou a musiquinha irritante.

Por que faziam brinquedos musicais para crianças? Adivinhando minha irritação, Demetria abandonou o urso e pegou o pequeno teclado batendo as mãos nele com força.

–É pra me irritar não é? Nem adianta que seu pai não vem.

Ela continuou batendo as mãozinhas sem nem se importar comigo. Deitei-me e fechei meus olhos, as mãos na cabeça. Eu estava muito mais apreensiva do que deixava transparecer.

 𝐎 𝐏𝐎𝐃𝐄𝐑𝐎𝐒𝐎 𝐔𝐑𝐑𝐄𝐀↯ ησαηчOnde histórias criam vida. Descubra agora