❛ 𝗤𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼 ❜

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Aquilo era bastante perigoso e havia inúmeras chances de dar errado mas [nome] não podia mais esperar era ser naquela noite ou então nunca mais.

Ela ia fugir do hospital.

Uraraka pensou que o que ela havia contado era apenas uma brincadeira de muito mal gosto e que ela não teria coragem muito menos força para tal ato impensado, ah como ela estava extremamente errada.

Vendo a cama dessarumada e os aparelhos completamente desligados Uraraka percebeu que de [nome], ela podia esperar tudo. Tudo.

Descendo rapidamente a escada de emergência, [nome] sabia que tinha pouco tempo até que Uraraka visse que ela não estava ali e acionasse a segurança do hospital e trouxesse seu plano por água abaixo então mesmo sentindo aquele peso doloroso em seu corpo ela conseguiu sair e se esconder atrás de um arbusto enorme, ouvindo os seguranças sendo avisados e se dispersarem lhe dando mais tempo para fugir.

Não foi necessário pegar um ônibus muito menos um trem, [nome] conhecia perfeitamente os becos e ruas do centro, dando total liberdade para caminhar na noite escura e quase sem estrelas visíveis a olho nu, pelo relógio enorme na igreja ali perto, já via que se passava das quatro da manhã então não havia tempo para pensar e sim colocar seu plano em prática.

Correndo até o rio que cortava a cidade ela parou no meio da ponte, as chuvas de verão contribuíram para que o rio ficasse mais cheio então a queda seria menos dolorosa, respirando fundo ela se sentou sobre o parapeito, desenrolando as faixas e mostrando os cortes quase todos cicatrizados mas ainda com o tom avermelhado e inchado da pele machucada

- Acho que a única coisa da qual vou sentir falta é da sensação do toque... - ela comentou pra si mesma passando as pontas geladas dos dedos sobre as marcas - É a única coisa que ainda me faz perceber que estou viva, logo tudo isso vai ser um sonho da qual eu sei que não vou acordar, eu finalmente vou saber o que é ter um dia de paz eterna.

Alguns raios de sol começaram a surgir no horizonte e dar um clima menos obscuro para aquele plano, fechando os olhos ela abriu os braços com a brisa fresca indicando sua prontidão, e então um impulso forte ela se lançou contra o rio.

Mas ela não caiu.

[nome] arregalou os olhos quando sentiu seu corpo sendo trazido de volta a ponte a deixando extremamente irada com quem tivesse sendo puxada, então ela o viu, aquela cabeleira loira que já estava se aventurando demais na sua vida.

- Ficou maluca de vez é?! - Katsuki exclamou com sua carranca natural de todo dia a fazendo morder o lábio nervosamente e içá-la pelo braço - Como é que você fugiu do hospital? Vem, eu vou te levar de volta pra lá, vamos!

- Nem fodendo! - ela se desvenciliou rapidamente seu aperto - De lá eu só volto morta e nem você nem ninguém vai me impedir de fazer isso! - ela vociferou com os cabelos desalinhados no rosto e viu uma veia surgir na testa do loiro e sua carranca piorar ainda mais

- Escuta aqui sua coisa sem neurônio! - ele rosnou a segurando nos braços - Eu tô pouco me fodendo pro que você pensa, acha que é super legal querer morrer e não aproveitar porra nenhuma da sua vida? Para de vestir essa capa de sarcasmo e orgulho e admite realmente que você precisa de ajuda mas não consegue dizer inferno! Ninguém vai te tirar desse buraco além de você mesma!

Katsuki a viu arregalar os olhos, acho que em todos aqueles anos ninguém havia chegado tão longe numa conversa, [nome] viu os olhos dele, parecia que ele também estava machucado, aquilo doeu de uma forma nova dentro dela, mais do que qualquer outra palavra.

Então seu copo finalmente transbordou.

Pouco a pouco, o loiro viu lágrimas caindo consecutivamente no rosto dela e não pararia por um bom tempo, ali ele entendeu, [nome] estava chorando o que estava entalado em sua garganta por anos e engoliu até não poder mais.

Se agarrando sobre o moletom do garoto soluçando e fungando mais e mais, Katsuki não disse mais uma palavra sequer apenas dando o ombro que ela tanto queria mas nunca havia dito, depois de um tempo já com o sol da manhã encobrindo os dois ele se pronunciou.

- Vem, vou te levar pra minha casa. - ele comentou calmo retirando seu moletom úmido e colocando sobre as costas dela

[nome] tampouco falou como o seguiu em silencio até sua casa, Katsuki apenas se manteve em silêncio já que as lagrimas dela ainda não paravam de cair então deixar em seu momento de reflexão seria o melhor a se fazer, eles andaram algumas boas quadras até chegarem numa casa de dois andares com uma cerca grande que batia na cintura dele e algumas flores decorativas, simples e agradável de alguma forma pensou ela.

- Katsuki você trouxe os legumes que eu te pedi na venda da Inko? - uma mulher gritou assim que ele abriu a porta e um cheiro de comida invadiu suas narinas - Ah, oi... você eu não conheço. - a mulher loira comentou meio tímida a vendo enxugar as lagrimas com certa vergonha

- Mãe essa é a [nome], a garota do hospital. - Katsuki comentou calmo - [nome] essa é Mitsuki, minha mãe.

- Ah, a garota do hospital. - Mitsuki comentou calma secando suas mãos - É um prazer te conhecer querida. 'Tá com fome? Precisa de algo?

- Não, obrigada. - [nome] limitou nas palavras se praguejando por ainda chorar um pouco - Eu só, preciso descansar um pouco.

- Entendo... - a mais velha comentou sentindo o clima pesar um pouco - Filho, leva ela pro quarto de hóspedes, depois eu levo algo pra comer.

- Ok. - e sem mais delongas ele subiu as escadas e [nome] o seguiu atrás um pouco incerta, admirando algumas fotos em familia penduradas na parede do corredor a fazendo suspirar fraco - Bom eu vou precisar sair pro trabalho, qualquer coisa pode falar com a minha mãe, meu pai vai chegar mais tarde.

- Hm, tudo bem. - ela murmurou entrando no quarto sozinha, admirando o branco perolado da parede e a cama grande de casal, provavelmente para as visitas de família

Se deitando entre o edredom e o lençol ela chorou mais ainda, mais uma tentativa falha e agora não poderia contar pra ninguém aonde estava pois Katsuki vai vigiá-la com toda certeza, mesmo assim estranhamente se sentia grata pelas palavras rudes que ele havia dito, ela finalmente conseguia enxergar o que realmente acontecia a sua volta.












Notas

Eita como eu chorei escrevendo esse capítulo que não foi baseado numa experiência da autora haha

Desculpa eu vou parar com as piadas é mais forte que eu

Até a próxima att e se cuidem :)

𝐋𝐎𝐕𝐈𝐍𝐆 𝐈𝐍 𝐖𝐑𝐈𝐓𝐄𝐍 , bakugou katsuki.Onde histórias criam vida. Descubra agora