Táticas de sobrevivência

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enjoy caralho!

— Bebendo pra ficar menos nervosa?

Tainá está nesse momento sentada do meu lado e olhando para o meu copo de vodka, nunca imaginei que ela viria até aqui só para me fazer companhia, mas já que ela tá aqui eu não vou reclamar e apenas irei aproveitar.

— Essa é a minha intenção né, já vou logo te avisando, não me responsabilizo por nenhuma atitude minha.

— Quer uma bebida, senhora? — A comissária de bordo chega com um sorriso atrapalhando qualquer possível resposta que Tainá teria pra me dar, ela tem um sorriso insuportável eu diria.

— Quero sim, o mesmo que ela está bebendo. Posso curtir o voo assim com você né?

— Claro.

— Já volto com a sua bebida, senhora.

— Ouvi uma vez que quase todos os acidentes de avião ocorrem durante a decolagem ou o pouso, raramente no meio do voo. — A mulher ao meu lado está numa tranquilidade de dar inveja, tudo o que eu queria era estar tranquila também. Eu sei que é ridículo ter tanto medo de avião assim, mas não posso fazer nada a respeito disso. Faz parte de mim e acho que a Tainá não vai se importar de me ajudar. E mesmo que ela se importe, ela veio pra cá por vontade própria e agora vai ter que me aguentar sim.

— Na verdade, só 14% ocorrem durante a decolagem, 57% acontecem no ar. — Seu comentário conseguiu me deixar um pouco surpresa agora, ela também tem uma parte boa com estatísticas.

— Você virou atuária agora e eu não estou sabendo?

— Não, eu era da marinha, mas vou trabalhar em algo novo agora.

— Nunca imaginei que você fosse da marinha, me sinto 100% mais segura agora sabendo que você sabe o que precisamos fazer caso ficarmos presas em uma ilha deserta.

— Sim. Foi exatamente isso o que estudei na marinha, habilidades de sobrevivência em ilhas desertas. — Sua resposta vem totalmente irônica, rapaz a bixa não cansa de ser debochada.

— Ah qual é! Já assisti lagoa azul, você com certeza é mais eficiente do que eles.

— Agora pronto, eu sou tua salva-vidas é? — Seu rosto era pura diversão, não vejo essa graça toda. Eu estou falando é muito sério, ela que me aguarde.

— Se você veio até aqui só pra ficar comigo, vai ser minha salva-vidas sim e acabou.

— Você não venha com garfo não que hoje é sopa, sua aproveitadora. E se você for se basear em lagoa azul, táticas de sobrevivência não são as únicas coisas que sei fazer.

Eita. Ela não pode falar coisas de duplo sentido assim para mim, que eu tô bebendo e fico fora de mim, meu Deus.

— Então, mudando de pau para cacete, por que uma pessoa que nem você tem que inventar uma namorada falsa? Te conheço não faz nem 3 horas e troquei minha passagem só pra ficar mais um tempo contigo.

— Ok, vou ser sincera com você, nunca senti que precisasse de alguém para me completar. Então nunca dei abertura para alguém se aproximar tanto assim.

— Todos nós já somos completos, isso é mó besteira. Você é inteligente, bem sucedida, independente e empoderada, eu amo isso.

— Tá vendo? É exatamente isso. E outra, não achei a pessoa certa, até porque eu não fico procurando pessoas tentando encontrar o amor da minha vida. Obviamente sou humana e vivo minha sexualidade, mas... relacionamentos são problemáticos.

— Isso tudo é por causa da estatística dos dois anos de casamento?

— Sim, e muitas coisas.

— Estatisticamente falando, a chance de ser apunhalada na barriga com um pirulito é uma em 3,6 milhões. Mas aconteceu comigo.

𝘜𝘮𝘢 𝘮𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳𝘢 𝘯𝘢𝘴 𝘯𝘶𝘷𝘦𝘯𝘴 - 𝘛𝘢𝘪𝘭𝘢𝘳𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora