Defensora amorosa

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Já é noite e eu nem tinha percebido o tempo passar tanto, já tá quase na hora do jantar e consequentemente, do meu discurso também. Depois que entramos, todo nosso tempo foi preenchido com várias perguntas da parte de minha família sobre minha nova namorada mas não foi nada que nos causasse pressão, foi algo leve e um papo descontraído até. Alguns não chegavam a perguntar quem a Tainá é, mas eu via no olhar que estavam se perguntando exatamente isso. Por falar nela, ela lidou tão bem com a situação que eu quase quis que essa interação fosse realmente verdadeira.

É atordoante olhar pra ela nesse exato momento em que ela está do meu lado me abraçando e perceber a situação, eu não quero que ela vá embora, eu quero que ela fique bem aqui comigo. Que continue me abraçando e me fazendo esquecer de qualquer problema mas eu não tenho controle nenhum da situação, eu nem ao menos posso escolher isso. Também é estranho estarmos bem aqui na cozinha de minha mãe vendo o olhar dela pra nós, sei que ela está mais do que feliz com tudo isso mas não é real, quer dizer, pelo menos de minha parte algumas coisas são reais e nunca vai ser só mero fingimento.

— Ok tá na hora de parar de incomodar vocês. É hora da gente ir lá pra fora por que o jantar vai começar — minha mãe me tira dos meus pensamentos chamando nossa atenção e chega mais próximo a nós para falar algo no meu ouvido — Linda e atenciosa, ótima escolha meu amor.

— Por que você parece surpresa mãe?

— Bom, você não tem o melhor histórico quando se trata de relacionamentos, filha.

— Mas eu só tive dois!

— Exatamente gata.

E assim minha mãe sai rindo da cozinha junto com a Patty. É mole aguentar isso? Eu podia ter dito que pelo menos já tive relacionamentos antes, vou atrás delas pra dizer isso. Antes que eu pudesse segui-las sinto minha mão ser puxada pela Tainá, me vejo nos braços dela com meus seios pressionados nos dela. Como ela pode me deixar tão... tão... sem jeito perto dela, ela sempre me olha nos olhos e eu sinto até minha alma se arrepiar. Ainda bem que ela não pode ler meus pensamentos.

— Eu amo isso.

— Ama o quê?

— Como você fica sem jeito — é eu acho que ela lê meus pensamentos sim — Mas é diferente, por que você fica assim por mim.

— Eu não tô sem jeito. Só tá quente aqui, tô até suando.

— Mentirosa — ah filha da minha falsa sogra, como eu sustento o teu olhar agora que fui descoberta? A resposta é simples: não consigo, sempre que tento me perco em meio a ele.

— Uhh, eu acho que a gente devia ir lá pra fora agora, devem estar esperando só nós duas.

— Vou fingir que você não está fugindo do que eu disse e vamos lá pra fora.

— Cala a boca viu — ela me olhou com um olhar tão debochado agora que dá vontade até de bater na cara dessa demônia. Caminhamos juntas até nossos lugares reservados lá fora, nossa aqui tem muita gente, só de olhar já me sinto tonta.

Bem a nossa frente está o palco onde irá rolar os discursos, inclusive tenho que me concentrar no meu mas não consigo. Ouvimos um estralo no microfone e Tainá dá um pulo de susto. Não vou negar que metade de mim sentiu vontade de rir, mas a outra metade sabe que é maldade rir sabendo da fobia dela, mas como Lara Silva só sabe rir em momentos errados foi isso mesmo que eu fiz. E em resposta a minha risada o que eu recebi foi ela totalmente afobada e me puxando para um canto do quintal, quê isso?

Play na música: James Arthur - Fall

— Quando você vai falar? — ela tenta esconder o tremor na sua voz mas mesmo assim consigo perceber — Você precisa de uma bebida mais forte do que água pra falar na frente de todo mundo? Algo pra te ajudar a relaxar? Um remédio?

𝘜𝘮𝘢 𝘮𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳𝘢 𝘯𝘢𝘴 𝘯𝘶𝘷𝘦𝘯𝘴 - 𝘛𝘢𝘪𝘭𝘢𝘳𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora