Situação nada honrosa

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Sabe aquele momento em que você percebe que tudo o que você planejou dá totalmente errado e se pragueja totalmente por apenas cogitar que daria certo? É bem assim que eu estou me sentindo no momento. Nada poderia dar mais errado na minha vida, maldita hora em que ser uma encalhada me incomodou tanto a ponto de me meter nessa furada. Sentir minhas mãos tremendo enquanto ouvia as palavras de Tainá não é nada bom, por mais que eu tenha tremido na base, eu sei que isso não tem o menor fundamento. Meu pai nem trabalha com segurança particular!

— Acho que você tá confundindo meu pai, ele é policial e não mexe com o seu ramo.

O nervosismo em seu rosto tá estampado e ela me puxa rapidamente pra cozinha de novo. O que tá acontecendo? A forma com que ela começou a agir estranho tá me deixando confusa, confusa não, louca mesmo ou ela que é a louca. Ela tem que se acalmar antes que tenha um treco aqui e eu tenha que explicar pra todos que ela deu um passamento por que viu o suposto sogro, não posso passar mais essa vergonha.

— Seu pai é policial e tem uma empresa de segurança privada?

— Não, ele é só policial mesmo. — Aponto para meu pai que tá com um amigo sentado perto da lareira e ele nos olha totalmente carrancudo, velho ciumento! — O que tá de suéter azul é o meu pai, ele também é um detetive de homicídios.

— Seu pai sabe como se livrar de cadáveres, que sorte a minha! Por que pelo jeito que ele me olhou, está doido para fazer isso comigo. — Seu olhar me parece uma mistura de alívio e nervosismo, que pra mim é sem fundamento — Quem é o cara que está com seu pai?

— É o tio Antônio, nós o chamamos de tio só por consideração, mas é apenas um amigo da família.

— Ele é o cara que me contratou, o que a gente faz agora?

— Nesse caso eu acho melhor distrairmos o tio Antônio. Posso fazer a Patty chamar ele para ajudar em alguma coisa do casamento, enquanto ela faz isso, a gente vai lá falar com meu pai e depois voltamos pra cozinha.

Sei que ela não concorda em fazermos isso porque já nos viram, mas não temos outra alternativa no momento, se meu tio Antônio estiver presente nós estaremos em maus lençóis. Se eu penso que mais nada pode dar errado, pois pode sim, por que já não basta estar na merda, tem que vir um besta e ainda passar por cima pra terminar de desgraçar.

— Sei o que você tá pensando, bora até lá. — Vou com Tainá em direção a meu pai e a cada passo dado, é um pedido de socorro e uma parte da minha coragem indo embora. Arrisco dizer que Tainá só não se borrou toda com o olhar do meu pai por ter um autocontrole admirável, até a mão da pobre tá toda gelada.

— Oi pai, essa é a minha namorada Tainá Costa. Tainá esse é o meu pai Márcio e o melhor amigo dele, Antônio.

— É um prazer lhe conhecer, senhor. — Consigo sentir a tensão dela daqui, mas mesmo assim ela forçou um sorriso a meu pai e estendeu a mão em direção a ele que prontamente apertou. — É bom vê-lo novamente, seu Antônio.

— Tainá, não sabia que você estava namorando minha sobrinha. O que ela acha de você ir morar no exterior?

— Bom, eu não sabia que ela era sua sobrinha.

— Tio Antônio, minha mãe me mandou uma foto da sua festa de aniversário na semana passada, parece que foi ótima. — Me apresso em me intrometer, isso tá ficando tenso e é melhor tentar mudar de assunto, é incrível como esse mundo é pequeno mesmo.

— Foi mesmo, eu sou ótimo em organizar festas.  — Meu pai toma a frente e responde por ele. Encarando Tainá com os olhos semicerrados logo em seguida, e é assim que prevejo a merda vindo aí. — Qual é o cargo dela e para onde ela vai?

𝘜𝘮𝘢 𝘮𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳𝘢 𝘯𝘢𝘴 𝘯𝘶𝘷𝘦𝘯𝘴 - 𝘛𝘢𝘪𝘭𝘢𝘳𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora