Capítulo 2 - O início de tudo

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E de repente tudo ficou em silêncio... a Bia dormia com a Renata no antigo quarto dela que era ao lado do meu, e mesmo com a porta do quarto delas fechada, ainda dava pra se ouvir o barulho do plástico das bonecas se chocando no chão enquanto Bia brincava com elas, era como um ritual, Renata a deixava lá brincando até esgotar as energias dela e ela dormir, eu ja havia me acostumado com aquele barulho, mas de repente aquele barulho ficou distante, e aos poucos foi sumindo... e eu permaneci ali ainda de toalha um pouco distante da janela observando aquela silhueta iluminada a distancia pela luz de algum cômodo que estava acesso, acredito que pela distancia da luz, me arrisco a dizer que apenas a luz da sala estava acessa. Era como se eu pudesse ouvir o som da escova penetrando naqueles cabelos lisos que iam quase abaixo da cintura, movimentando a escova de cima para baixo. Observar aquele gesto acabou de deixando hipnotizado. Ela continuou escovando os cabelos, de costas ao longe, e depois saiu andando, creio que ela havia acabado de sair do banho também. Pude ver as suas costas completamente nuas, e sua calcinha de fio dental preta enfiada em sua bunda, (e que bunda meu deus) a calcinha chegava a ser inútil ali, ela sumia diante de tanto bumbum, principalmente enquanto ela andava, quando saiu de um cômodo para o outro, e passou pelo corredor meio iluminado pela luz do único cômodo que estava acesso, eu pude ter uma visão melhor daquele corpo que parecia ter sido esculpido a mão de tanta perfeição.

 Ela sumiu, entre a luz do corredor, entrando em outro cômodo que não pude mais ver pela distancia. E eu fiquei ali, parado.... ainda em silêncio por alguns minutos que se pareceram horas... minha mente ficava dando replay naquela cena que eu acabara de ver de forma quase que involuntária. Eu estava completamente perplexo por aquele corpo e pela sensação de ter visto algo que não deveria. Fiquei tão distraído que nem percebi que a porta do meu quarto estava aberta, e acabei levando um susto quando Renata passou por ali e gritou.

" Bia hora de dormir!", disse ela num tom de voz alto.

Eu respirei fundo, ainda um pouco atordoado, e fui até a porta para fechá-la, evitando assim que o som da brincadeira da Bia me incomodasse. Depois disso, voltei a pensar naquela misteriosa mulher do outro lado da rua. Quem seria ela? Será que morava sozinha naquela enorme casa? Como seria seu rosto? De onde ela viria? Essas e outras perguntas surgiram em minha mente, deixando-me curioso a respeito dela. Eu decidi que queria saber mais sobre ela, mas não sabia como.

No dia seguinte acordei cedo e segui minha rotina matinal. Após o banho, fui para o meu quarto para me vestir. Quando entrei, não pude deixar de olhar para a janela e me lembrar da mulher misteriosa na casa de vidro que eu tinha visto no dia anterior. Confesso que fiquei tentado a olhar novamente para ver se ela estava andando de calcinha novamente. Mas logo me senti mal por isso. Era a privacidade de outra pessoa, e eu não tinha o direito de invadi-la. Como já disse antes, sou formado em direito e sei que a lei é clara sobre invasão de privacidade.

"A Constituição Federal traz, em seu artigo 5º, inciso X, que "são inviolaveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". O Código Civil, em seu artigo 21, diz que "A vida privada da pessoa natural e inviolavel, e o juiz, a requerimento do interessado, adotara as providencias necessarias para impedir ou fazer cessar ato contrario a esta norma".

Apesar de saber de tudo isso, eu não conseguia deixar de pensar na bela desconhecida que havia visto na casa de vidro do dia anterior. Era uma tentação muito grande para mim, algo que eu não podia resistir.

Durante o dia, enquanto trabalhava na repartição, a cena da noite anterior vez ou outra voltava à minha mente. Eu me esforçava para focar no trabalho, mas a curiosidade era forte. Eu queria saber quem era aquela mulher, se ela morava sozinha naquela casa enorme, de onde ela vinha, como era seu rosto... Tantas perguntas sem resposta.

Os Passos de uma Desconhecida - Tom HiddlestonOnde histórias criam vida. Descubra agora