Capítulo 4

40 4 0
                                    

Eu me aproximei de Mel segurando um pacote de biscoitos e perguntei, empolgado e quase desesperado, se ela gostava de biscoitos. Tentei estender o pacote para ela pegar, mas ela recusou educadamente dizendo que já havia comido.

Eu me senti indignado comigo mesmo por ter sido tão patético naquela situação e comecei a me questionar internamente sobre o motivo pelo qual eu estava tão ansioso para oferecer um biscoito a ela. Será que eu estava tentando chamar a atenção de alguma forma? Eu me perguntei enquanto dava tapas leves no meu rosto em um quarto escuro onde só existiam o som do ventilador e das tapas que eu acabara de dar no meu próprio rosto.

Lembrei-me da cena anterior e comecei a falar baixo e indignado comigo mesmo, perguntando para mim mesmo se eu realmente tinha insistido tanto em oferecer um biscoito. "Como você é idiota, Roberto! Biscoito? Biscoito?", eu me perguntei em tom mais indagado enquanto continuava a bater no meu próprio rosto.

Eu me questionava qual era a conexão que eu tinha com aquela situação e por que eu estava agindo daquela maneira tão constrangedora. "O que está acontecendo com você, Roberto?", eu me perguntei novamente, tentando entender minhas emoções e comportamentos.

Nunca fui assim, sempre fui um homem de coragem para abordar qualquer mulher, independentemente de sua aparência. Mas hoje, estou com medo. Quando me lembro desta cena fico assutado.

A insônia é um velho amigo que me visita frequentemente, especialmente nas madrugadas como essa. O barulho do vento batendo na janela me distraiu e me fez olhar para a rua lá fora. Senti um impulso quase automático de me levantar e ir até a janela. Apoiei os braços na janela e olhei para a casa do outro lado da rua. Estava toda no escuro e isso me fez sentir ainda mais solitário e isolado.

Mel...oque você fez comigo mel...? - Perguntei em tom baixo, ainda olhando para a casa e vidro, e balançando a cabeça negativamente.

Naquela manhã, antes mesmo de pensar em tomar banho, fui até a janela do meu quarto com uma esperança tímida de vê-la. Eu estava falando de uma mulher que há alguns dias me fazia pensar nela quase que o tempo todo. Ela tinha algo que me fascinava. Sua beleza era deslumbrante e o jeito que ela se movimentava parecia uma dança. Me peguei imaginando que, se eu pudesse passar alguns minutos ao lado dela, meu dia seria perfeito.

Mas, infelizmente, a casa em que ela morava estava vazia. Nenhum sinal de movimento ou luz. Comecei a me questionar com o que ela trabalhava. Afinal, a casa era enorme e ela parecia morar sozinha. Será que ela tinha uma profissão que lhe permitia ter uma casa tão grande? Ou será que ela tinha herdado a casa de alguém da família? Minha mente não parava de criar teorias.

Lembrei-me então da noite anterior e da conversa que tivemos.

E quer saber? Depois que eu disse: Prazer... ao me apresentar para ela, eu não me contive e fui até a cozinha.

Eu estava atordoado, confuso, o cheiro do perfume dela e do sorriso dela me deixou quase que em estado de embriaguez. E sim, eu abri o armário fui ate ela e pedi se ela queria biscoito. Que patético...

Durante o café da manhã, minha mãe sentou-se em frente a mim e disse: "Eu gostei da Mel... Ela parece ser uma menina doce e educada."

Renata, minha irmã, entrou na cozinha e passou por trás de mim como um tornado para pegar o copo que estava na pia. "E rica, não é mãe?", ela disse.

Minha mãe suspirou e respondeu: "Sim, parece que ela vem de uma família rica... mas não é disso que eu estou falando, Renata."

Eu fiquei um pouco desconfortável com a insinuação de Renata de que a Mel era rica. Achei que isso não tinha nada a ver com o que a minha mãe estava falando. Mas ao mesmo tempo, eu sabia que era uma realidade que muitas vezes influencia a opinião das pessoas sobre os outros. Eu me perguntei se a minha irmã estaria sendo um pouco preconceituosa ao destacar o fato de Mel ser rica.

Os Passos de uma Desconhecida - Tom HiddlestonOnde histórias criam vida. Descubra agora