Capítulo 3 - Uma estranha mas nem tão estranha assim...

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Mel...Mel...Mel... O nome ecoava na minha mente enquanto eu olhava para o teto do meu quarto escuro. Não conseguia tirá-la da minha cabeça desde que a vi pela primeira vez. Foi como se o tempo tivesse parado quando a vi do outro lado da rua, abrindo o portão da sua casa.

Eu já estava deitado há horas, mas não conseguia pegar no sono. Sempre tive problemas para dormir e os remédios que o médico me receitou já haviam acabado há alguns meses. Não queria admitir, mas a verdade é que eu não conseguia parar de pensar em Mel. Eu sabia que tinha que tentar dormir, mas eu estava cansado de lutar contra meus próprios pensamentos.

De repente, ouvi uma voz doce e distante do outro lado da rua, seguida de uma leve buzina de carro. Eu sabia que era ela. Me levantei rapidamente da cama, quase tropeçando para chegar à janela. Mantive meu corpo distante, mas em uma posição que ainda conseguia vê-la. Ela vestia um vestido de cetim vermelho que brilhava na luz do refletor acima do portão pequeno, enquanto abria o mesmo com certa pressa. Eu sabia que era perigoso estar sozinha na rua às 3:30 da manhã. Logo, ela sumiu ao fechar o portão, mas eu fiquei ali, observando... como se soubesse que ainda a veria novamente.

Algum tempo depois, vi uma luz se acender no primeiro andar da casa. Eu sabia que ela estava lá. Foi quando a vi novamente, de costas, tentando abrir o vestido. Quando ele finalmente deslizou sobre seu corpo, ela ficou quase nua novamente, passando a mão nos cabelos até prendê-los por completo. Eu fechei os olhos e por alguns segundos pude sentir aquele cheiro de rosas novamente, aquele cheiro doce e único que ficou gravado na minha mente. Quando acordei do transe, ela já havia desaparecido dentro da casa, mas eu sabia que ela ainda estava lá, naquele lugar que agora parecia tão mágico para mim.

Naquela manhã, o sol já entrava pelas frestas da janela do meu quarto quando fui acordado abruptamente pelos gritos da Renata. Ela estava empolgada para ir à praia e não queria chegar tarde. A voz dela ecoou pela casa, fazendo-me saltar da cama.

"Já vou, mãee! Estou procurando a Maria!" - ouvi a voz da pequena Bia responder.

Enquanto isso, ainda sonolento, tentei abrir os olhos. Escutei os passinhos da Bia descendo a escada e, aos poucos, a voz da Renata foi ficando cada vez mais distante até que se tornou inaudível.

Com esforço, consegui me sentar à beira da cama, tentando despertar por completo. Foi então que ouvi a voz da Renata novamente, desta vez do lado de fora, já um pouco mais alta.

"Ooii, Mel!" ela disse quase gritando, me fazendo estremecer com o som. Levantei-me rapidamente, fui até a janela e vi a Renata pulando animadamente na calçada em frente à minha casa. Sorri para ela e acenei, ainda sonolenta, mas feliz por vê-la tão empolgada para o nosso dia de praia.


O nome Mel ecoou em minha mente mais uma vez enquanto eu continuava a observá-la pela janela. De repente, um grito da Renata me despertou do transe. Ela estava do lado de fora da casa com a Bia e a boneca Maria na mão. Me levantei e fui em direção à janela, onde vi que Renata estava cumprimentando Mel.

Com um tom simpático, Mel respondeu ao cumprimento de Renata com um longo sorriso, que iluminava seu rosto e mostrava seus dentes brancos e perfeitos. Renata então apresentou Bia a Mel, que se abaixou para ficar na altura da menina. Bia abraçava sua boneca Maria, balançando de um lado para o outro enquanto parecia sentir um pouco de vergonha.

Renata, sempre animada, convidou Mel para ir à praia com eles, mas Mel educadamente recusou, dizendo que já tinha um compromisso marcado. Fiquei curioso em saber qual seria esse compromisso, mas Mel não deu mais detalhes.

"Ah, tudo bem! Fica para a próxima então", respondeu Renata antes de sair andando com a Bia. Eu continuei observando Mel enquanto ela seguia em direção a sua casa, pensando no que poderia ser o tal compromisso que ela tinha.

Os Passos de uma Desconhecida - Tom HiddlestonOnde histórias criam vida. Descubra agora