Agora vamos de capítulo de estréia 💗
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Capítulo 1
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Greg Vandelfil
Estou dois anos sem vê a luminosidade do dia. E quer saber? Não sinto falta de nada que envolva a natureza, não sou pranta para precisar de luz solar!
Gosto de viver sozinho no meu abrigo, essa casa que chamo de lar, às vezes. Relato isso mentalmente enquanto sou obrigado a ficar prostrado nessa maldita cadeira de rodas.
Contemplo o chão da cozinha, vendo uma mancha escura no piso de porcelanato branco. Embora a casa sempre permaneça limpa, graças as visitas esporádicas da mãe, essa marca gritava no piso tão claro, e me encomodava profundamente vê-la todos os dias. Porém nada podia fazer a respeito... Sou um imprestável, não sirvo nem para limpar o chão da minha casa. Suspiro sentindo-me meio cansado do que me tornei, e por ser um covarde por não dá o fim nesse sofrimento.
Ainda me lembro como era a minha vida antes do trágico acidente que me deixou paralítico. Eu amava a minha vida, vivia intensamente cada segundo dela. Gostava de praticar esportes, fazer canoagem, andar de moto... Como era bom sentir a brisa forte passando entre os fios dos meus cabelos, e ter uma bela moça na garupa, com os braços me abraçando por detrás.
Mas naquele dia... Naquele dia, o destino cruel levou consigo todo o meu vigor de viver. Sim, eu tentei me curar depois disso, fiz três cirurgias no prazo curto de um ano. Além das inúmeras fisioterapias, exercícios, e no fim nada aconteceu, continuei preso aqui!
Bato nos braços da cadeira, completamente puto, morrendo de ódio por aquele carro não ter terminado o serviço, mas o ser onipotente, ou o diabo, decidiu interferir e me deu outra chance.Movo as rodas da cadeira saindo da cozinha, indo pra sala, me posicionando no centro, pois daqui a alguns minutos a Dona Zuleica vai passar por ela tagarelando como o trânsito de São Paulo é medonho e que preferia que eu fosse morar com ela, como se eu fosse uma criança!
Aprendi a trancos e barrancos a me virar sozinho, a solidão não é tão difícil quanto parece ser afinal, levando em conta as duras circunstâncias em que me encontro, ou seja, eu sobrevivo, tenho os meus truques para me locomover nessas paredes, cômodos e acima de tudo me ajeito perfeitamente na hora do banho, e de ir ao banheiro... Longe de mim ter alguém aqui em casa achando que seria preciso limpar até a minha bunda! Sinceramente seria constrangedor, o cúmulo do absurdo.
Ouço seu carro barulhento estacionando na calçada. Pontual como sempre, não é mamãe?
Do jeito que estou, permaneço. Esperando... Até que já escuto ela reclamando sobre o jardim estar abandonado, mas... parecia falar com outra pessoa, depois a mãe cochichou. Em seguida passou as chaves na porta, ao abri-la deu de cara comigo ali, como de costume, todavia soltou umas risadinhas. Quando seriamente entorto a cabeça para o lado tentando ver quem era, ela fecha bruscamente.
Atravessa, entrando rapidamente enquanto me avaliava com aquele sembrante de...__ Querido você está péssimo! Que roupa amarrotada e suja é essa? Isso é molho de tomate na gola? _ Questionou tentando se aproximar, recuei bravo.
__ É molho tártaro. Quem é a pessoa que está lá fora? Espero que seja uma das suas amigas e não uma visita à esta casa. _ Minha voz saiu áspera.
__ Amor... _ Ela alisou a saia de pregas com elegância. __ Se lembra sobre aquela conversa de duas semanas atrás? Então...
__ A senhora Não. Fez. Isso.
Ditei pausadamente saindo de perto dela. No entanto ela estagnou na minha frente, impedindo-me de sair do local, e o sofá travava a minha escapatória.
__ Sim. Você precisa se cuidar. _ Olhou-me triste. __ Dê uma olhada na sua pessoa meu filho, meu único filho.
Disse trêmula, abaixou o tronco, pondo as mãos sobre as minhas que repousavam nos braços da cadeira. Nosso olhares nivelaram-se na mesma altura. Seus olhos castanhos marejaram... Isso era a minha fraqueza, mas não ousei demonstrar.
__ Greg, você acha que gosto de vê meu menino aqui nessa solidão, tendo que viver assim?
__ Qual o problema? Muitos cadeirantes vivem desta maneira. _ Falei com desdenho. __ Não é nenhum sacrifício é só uma questão de hábito. _ Retruquei disfarçando que a sua aflição não me atingia.
__ Sempre foi um rapaz vaidoso, alegre... _ Respirou fundo sem desviar o olhar amoroso. __ Agora não se dá mais o devido valor, não se...
Balançei a cabeça nervosamente, em decorrer fitei seus olhinhos com firmeza.
__ Àquele cara que a senhora conheceu morreu, está enterrado a sete palmos!
__ Não... _ Ergueu-se aturdida, controlando o choro que vinha.
__ Aceita que este que vós fala é outro homem, um incapaz que preferiu se esconder do mundo antes que ele o olhe torto de volta. Não suportaria ser impossibilitado de andar em certos lugares, de visitar países, das...
Parei de falar ao ver ela me dando as costas chorando.
__ Mãe, vai embora. Vai ser melhor que a senhora não volte...
Dona Zuleica saiu em desespero em direção as janelas, tentando abrir as persianas.
__ Poupe-se, elas estão coladas com cola quente. _ Digo desanimado.
__ Como pôde? _ Ela se virou visívelmente transtornada. __ Chega, a partir de hoje será do meu jeito.
Mamãe avançou em disparada pra porta, não me deu tempo de atrapalhar sua armação, em segundos ela abriu de supetão... A luz do sol bateu em cheio sobre os meus olhos, quase que me cegou, em reação, levantei os braços, tentando tapá-los.
__ Entre Fabrícia Noier!
Mamãe ordenou e uma moça vestida de vermelho apareceu diante da minha visão tampando o sol, mais o brilho rabiscado envolvia a moça de forma extraordinária.
Desci as mãos impactado pela sua presença.A dama de vermelho por sua vez lançou-me um olhar sério, observando-me por inteiro.
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Tesão Sobre Duas Rodas( Em Andamento)
Romance"Eu sou a fúria, a arrogância e a amargura. E Fabrícia é a minha redenção... minha fraqueza, e minha..." Greg sofreu um acidente de carro, deste então, mesmo com todos seus esforços para que voltasse a caminhar ficou paralítico. Sendo assim acabou d...