▸ Sonata Sem Luar

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O silêncio, assim como acalentador, frequentemente se transformava em um inimigo cruel

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O silêncio, assim como acalentador, frequentemente se transformava em um inimigo cruel. Paris sempre foi um sonho a ser alcançado, depois um sonho realizado e, anos depois da morte de Percy, a cidade agora era apenas mais um sonho destruído.

As mãos dela tremiam, mas não conseguia se mover, não conseguia pensar. Mal conseguia respirar.

Estava parada, encarando a janela e olhando a vista. As ruas cheias de gente, música e arte. Era uma das coisas que mais amava na cidade, que mesmo de madrugada, ela exalava arte, agora ela só enxergava cinzas.

Sally tinha acabado de ligar.

"Eles vão terminar as buscas." Lhe disse. Deixariam o corpo dele lá, no mar, abandonado.

Nas primeiras horas, o desespero a tomou e ela mal conseguia falar com seu medo tomando conta. Com o passar do dia ela se agarrou à esperança, afinal, ainda tinha chances dele estar vivo e bem. Percy sabia nadar.

Duas semanas depois, só se falava em encontrar o corpo. Mas a esperança ainda estava lá.

Quatro meses depois do acidente... Nada restava a Annabeth. Sem desespero, sem esperança e sem o amor de sua vida.

Era um sentimento estranho o que estava em seu coração. Primeiro ela se recusou a acreditar em sua morte, afinal, não tinha corpo, ele poderia estar vivo em alguma ilha deserta, sobrevivendo precariamente, depois ela começou a rezar. Se arrependeu e pediu perdão para todas as vezes que deixou de ir a igreja, quando estava ocupada demais, chorou todas as lágrimas restantes e implorou para Deus trazê-lo de volta, pensando que se rezasse com força, Ele a escutaria. Se existia algum Deus, ele não a escutou.

Não deveria ter perdido tempo. Deveria ter dito sim, deveria ter ido para os Estados Unidos em seu lugar, deveria ser ela a desistir de tudo por ele, mas agora era tudo um grande vazio.

Sua mãe sempre dizia que para tudo tinha um jeito, menos para a morte. Riu, nunca tinha pensado nessas palavras até, de fato, elas se provarem verdadeiras. Ela teve milhões de chances de fazer dar certo, mas sempre tinha algo no caminho, sempre um problema ou a estúpida faculdade ou mais um estúpidl sonho a ser realizado, uma meta a ser cumprida.

Isso tudo parecia tão... Bobo.

Ali, sentada na sala de estar da casa que era para ser deles, a casa que representava o início de sua vida juntos. Tudo jogado no lixo. Não teria vida juntos, não teria chance de pedir desculpas, não teria chance de desculpar.

Porque Percy estava morto, admitiu a si mesma.

Não teria casa nova, não teria casamento, não teria Percy chegando em casa depois de um dia de trabalho e a beijando mesmo que estivesse suja de tinta. Não teria ele indo em suas exposições, ele nunca veria todos os quadros que ela pintaria pra ele, todo o futuro que ela ousou imaginar, todo o futuro que ela se jogou de cabeça, em um salto de fé... Não aconteceria. Porque Percy estava morto.

Cada dia que passava um pedaço do peito de Annabeth parecia apodrecer, como se sua vida estivesse sendo sugada pela dor que a matava lentamente. Respirar era difícil, andar era difícil. Annabeth não conseguia tomar banho, não conseguia comer, qualquer mínimo movimento parecia esvair toda sua energia, não tinha vontade, só o grande vazio que enchia seu coração de solidão.

A noite caiu e ela permaneceu ali, os músculos anestesiados depois de tanto tempo na mesma posição, as bochechas marcadas pelas lágrimas secas enquanto via a lua subir lentamente pela janela de vidro da sala, mas diferente de outras noites, as nuvens estavam densas e sua luz não adentrava a casa. Imaginou que eles colocariam o piano ali, e tocariam juntos sob a luz do luar.

Mas não tinha Percy e também não tem luar.

Na solidão a sonata é minha alma chorando

O desalento da noite que é sem luar

O desalento da noite que é sem luar

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