capítulos 22

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Karol

— Desculpa.
— kah ...
— O Ruggero ligou. — Ajeito meu vestido e sento-me, passo as mãos nos
meus cabelos e recuso olhar para ele.
— Ruggero?
— É. Ele ligou... e estou com a cabeça cheia.
— O que ele queria?
— Não sei. Pediu para eu me encontrar com ele amanhã. — olho para lio ,
sentado ao meu lado. — Desculpa, não dá.
— Tudo bem, você está cheia de problemas. Eu que fui um insensível em
avançar. Não quero me aproveitar da sua fragilidade.
— Obrigada. Olho em volta, passo a mão na minha franja, totalmente
constrangida — Er... eu preciso.
— Já estou indo. — Ele se levanta de prontidão, sem esperar eu dizer que
preciso ficar sozinha. - Você vai ficar bem?
— Vou. Vou, sim. — Caminhamos para a porta, ele andando de um jeito meio
duro, acho que o coitado ficou na mão. — Obrigada, o jantar foi maravilhoso. —
Na porta, ele vira-se para mim, toca no meu queixo e sorri.
— Olho aberto, garota. Ligue-me se precisar de qualquer coisa. — Curva-
se, dá-me mais um beijo e vai embora. Eu fecho a porta e fico desestabilizada. O
que mais falta acontecer na minha vida?

Ruggero


— Ela saiu duas vezes ontem. A primeira foi para a casa dos pais. E a noite
saiu com Lionel .
— Como eu previa. Onde foram?
— Restaurante.
— E depois?
— Ele a levou para casa e...
— Subiu com ela?
— Sim. Subiu, mas ficou lá por treze minutos apenas.
— Ótimo. Não dá pra fazer nada em treze minutos. Obrigado, te ligo quando
precisar, fique de prontidão.
— Ficarei. Tenha um bom dia, Ruggero.
Desligo a chamada, enfio o celular no bolso do jeans e olho para meu
reflexo no espelho do meu quarto. Já são sete da manhã e eu estou arrumado.
Pronto para colocar meu plano em ação. O detetive que coloquei no pé de
Karol , acabou de me passar o histórico dela ontem. Ele não estava mais
seguindo-a, porém, depois que Lionel a levou do leilão, eu pedi que ele ficasse de
vigia.
Pego uma bolsa que preparei, quase não dormi à noite. Duas horas apenas.
Fiquei pensando em todas as possíveis jogadas. Ainda não é o momento de eu me
revelar como chefe da Mademoiselle, e sim, de tomar o controle da situação e
manter karol  fora do alcance de qualquer filho da puta.
No momento, ela é o foco dos meus planos e não quero ninguém no meio. Se
ela descobrir agora que eu sou o chefe, vai ficar com tanto ódio que pode fazer
uma loucura e querer se vingar. Tenho que mantê-la calma, e se a única maneira
de fazer isso, for sendo bonzinho, então aqui vai a máscara que usarei para a  ocasião. Dou um sorrisão de gente boa.
Lembram que ela me pediu ajuda no palco do leilão? Pois é. Magno me deu,
“A Ideia”. Essa será minha chance. Vou atrás dela, direi que a comprei das mãos
do velho. Posso até falar com ela que não dei os lances durante o leilão, para que
ele não ficasse subindo o valor. Já prevejo pernas se abrindo para o herói aqui.
Lembrando que minha vingança não é comer ninguém, e sim, tomar tudo dela. Mas
se a foda vier de brinde, não vou recusar. Sorrio, ajeito a gola da minha camisa
polo e saio do quarto. Lá embaixo, escuto barulho na cozinha. Martina .
— Bom dia, Martina . — Cumprimento-a com um beijinho no rosto, sem
precisar de uma máscara de falsidade, estou de verdade alegre.
— Bom dia, querido. — Ela passa os olhos pelo meu corpo, acho que
estranhando que não estou de terno. — Já de pé?
— É. Vou dar uma saidinha agora.— Passo o dedo no creme de panquecas
que ela está fazendo. Enfio na boca. — Não teria que estar no Mike ?
— Âmbar vai  sai hoje do hospital. Vou pra lá daqui a pouco.
— Não precisa preparar almoço. Irei almoçar fora.
Ela passa a mão na minha camisa.
— Está feliz hoje. Dormiu bem?
— Sim, dormi. — Mentira pura, passei a noite maquinando planos contra
uma mulher.
— Que bom, meu menino! Adoro te ver assim.
— Estou mesmo feliz, Martina . Muitas coisas dando certo para mim.
— E vai dar mais certo. Você é um menino de ouro, merece tudo nesse
mundo.
Retribuo, dando um sorriso para ela. Martina  não sabe da missa nem um terço.
Por isso, eu a amo. Ela sempre está me dando apoio. Nunca me critica.
— Venha, sente-se que vou preparar um leite para você.
— Com uma pitada de canela. — peço.
— Nunca esqueço.
Depois de tomar um café reforçado, peguei meu carro e dirigi para um
endereço que passei muito tempo observando. Eu passava em frente de carro,
quase todo dia. Mike  chama de obsessão, diz que sou obcecado por ela. Magno
diz que eu estou querendo foder a vida de uma pessoa só porque não consegui me
vingar do nosso pai e no final tive que perdoá-lo no leito de morte da minha mãe.
Ela me pediu em lágrimas, que eu perdoasse eles dois, para que pudessem partir
tranquilos.
Mas nada disso tem a ver com obsessão ou querer culpar outra pessoa pelo
que meu pai me fez. Não sou um pau no cu que não sabe diferenciar as coisas.
Não sou um bundão que passa a vida fodendo a vida dos outros por estar
traumatizado. Tenho alguns vestígios do meu passado dentro de mim, mas não
deixo que ninguém saiba disso. Não preciso culpar ninguém por isso. O que estou
fazendo com ela, é apenas retribuição pelo que ela me fez. Afinal, passado fodido
de ninguém justificaria ser filho da puta com outras pessoas que não têm nada a
ver.
Karol  abre a porta do seu apartamento e fico bravo ao sentir um arrepio
no meu corpo, quando a vejo. Até a porra do meu coração acelerou sem eu querer.
Está de camisola, os cabelos desalinhados e a cara de sono. Acharam mesmo que
eu iria deixar ela chegar toda montada em vestidos e sapatos caros em um
restaurante? Estou desconstruindo karol sevilla, a rainha da moda.
Não foi difícil eu fazer com que o porteiro me deixasse subir sem avisar.
Não foi nada difícil. Ela arregala os olhos, dá um grito agudo e tenta bater a
porta. Coloco o pé para ela não fechar.
— Karol .
— O que está fazendo aqui? — Desesperada, ela grita atrás da porta. — Eu
estou despida.
— Não há nada aí que eu não tenha visto. Deixe-me entrar.

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