capitulo 31

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Karol

Depois que eu saí da casa do Mike  e fui tirar a história a limpo com
Âmbar , fiquei com a consciência pesada. Não por causa dele, afinal estou com
raiva daquele safado também. Assim como do Magno. Mas depois que almocei
com meus pais, eu fiquei pensando que a Âmbar  teve bebê há pouco tempo e não
merecia sofrer isso agora. Muito menos sair da casa do Mike  Peguei meu
celular, procurei o número dela e liguei. Ela não demorou a atender, estava
nitidamente com uma voz sofrida.
— Oi... Karol .
— Oi, Ambar . Antes de tudo, eu sinto muito por ter ido até aí.
— Sem problemas. Você não teve culpa. Você precisava mesmo vir para
tentar saber a verdade.
— Pois é. Eu não deveria ter dado ouvidos à cobra da minha prima. Ela que
ficou falando que possivelmente você saberia de tudo.
— Eu faria o mesmo que você fez. Se formos pensar, faz todo sentido. Claro
que ficou parecendo que eu sabia. Afinal, é meu cunhando e...
Sentei-me na cama do meu antigo quarto, na casa dos meus pais, com uma
tigela de sorvete com açaí e como sou uma pessoa saudável, salpiquei granola
por cima. Já estou parecendo uma jiboia. Almocei, mas o nervosismo me fez
pegar esse resto de sorvete na geladeira que Lourdes preparou. Coloco o fone no
celular e recosto nos travesseiros.
— Âmbar , essa guerra é minha, não acabe com seu relacionamento, mike
não teve nada a ver, apesar de estar a par de tudo desde o início.
— Isso quem decide sou eu, karol . Estou com muita raiva dele, por ter
me escondido isso. — Ela sussurra com tom feroz. — Espera aí, deixa eu sair do
quarto para não acordar o Gael, demorou tanto para dormir. — Enfio uma colher
de sorvete na boca e espero pacientemente. Enfio outra e como mais uma com
açaí por cima. Meu cérebro congela. Sou uma ogra por doces, vou virar um
barril.

— Voltei. — bar  fala. — Mike  saiu, mas tem um segurança ali na sala e
a porta da cozinha está fechada.
— Meu Deus. Ele está te mantendo refém. Os homens dessa família são
doidos, Âmbar .
— Eu vou dar um gelo nele. Se ele acha que me manter aqui resolverá tudo,
está enganado. Como ia dizendo, eu contava para o mike  tudo o que estava
acontecendo na empresa, ele sabia como eu estava preocupada com a Madde e
com você. Ele me via tão preocupada e não fez nada para mudar isso.
— Ele foi mesmo um falso. Mas, apesar de tudo, não saia de casa.
— Eu cheguei a cogitar isso. Liguei para Kate, uma amiga minha, para vir
me buscar. Mike  está surtando. E agora com segurança na sala, nem Kate vai
conseguir entrar.
— Não faça isso. Sei que está com raiva, mas pense no bebê. Pense que
vocês se amam e que o filho de vocês precisa dos pais juntos. Apesar do mike
ser um filho da mãe cafajeste por ter acobertado as safadezas do irmão.
— Karol , o que aconteceu entre vocês? Por que Ruggero está fazendo isso
com você? Eu sei que ele às vezes parece ter problemas psicológicos, mas ele
não faria isso do nada.
— Tem tempo para ouvir?
— Sim. Não vou a lugar nenhum.
— Eu conheci Ruggero uns sete anos atrás. Foi paixão à primeira vista.
Coisa mágica, de filme, sabe?
— Sei. Esses irmãos têm esse poder. Senti isso quando conheci o mike .
— Pois é, então você me entende. Eu era simplesmente viciada no Mike ,
aquele maldito, desgraçado. — Esbravejo ao lembrar do leilão. Ele estava
presente enquanto eu chorava desesperada. Foi tipo aquelas pegadinhas dos
programas de domingo, caí direitinho. Enfio mais uma colherada na boca, engulo
junto com minha frustração e continuo narrando:
— Eu sempre soube que ele tinha mesmo problemas, mas Ruggero nunca quis
falar no assunto, Martina  disse que foi algo que lhe aconteceu no passado que o
deixou traumatizado e que cabia a ele me contar. Inclusive me pediu que
esperasse no tempo dele.
— O que acha que é? Mike  comentou algo que ele passou na infância. Mas
não quis aprofundar-se no assunto.
— Eu não sei. Acho que tem a ver com o pai deles. Bom, eu respeitei e
esperava que com o tempo ele me contasse. Foram os melhores meses da minha
vida. Ele foi meu primeiro homem e munidos dessa paixão louca, decidimos nos
casar. Mas no dia do casamento, soube de uma coisa que ele fizera, eu fui até lá,
acabei com o casamento, humilhei-o na frente de todo mundo e depois, ainda fui
na mídia acabar com a carreira de lutador dele. Deixei Ruggero no fundo do poço.
— Oh, Meu Deus! Por isso ele está tão focado. Por isso todas aquelas coisas
contra você...
— É. Ele está tomando tudo de mim, como um dia eu fiz com ele. E sabe o
que é o pior?
— O quê?
— O tempo todo ele era inocente. Eu fui vítima da Beth, ela armou tudo para
que eu acabasse o casamento, me fez ouvir uma gravação dizendo que Ruggero
estava armando contra mim.
— A Beth? Que vaca! O que você fez com ela?
— Nada. — Lamento num murmúrio. — Não fiz nada. Eu não queria
acreditar que minha prima tivesse feito isso, mas Ruggero chegou e a colocou no
devido lugar. Beth está servindo cafezinho na parte da tarde e na parte da manhã,
sendo ajudante de Valmir no setor de corte. E quando você voltar, ela será sua
assistente.
— Credo! Eu não quero isso, karol . Não gosto da Beth.
— Fique tranquila, ela não vai fazer nada.
— E você? Ainda vai continuar na empresa ou Ruggero te demitiu?
— Ruggero me demitir? Antes fosse. É o contrário. Sabe o que o cafajeste
quer?
— O quê?
— Que eu assine um documento dando-lhe total poder sobre minhas
escolhas.
— Oi?
— Submeter-me às ordens dele, Âmbar . Tanto profissional como
pessoalmente. Imagina uma coisa dessas?
— Deus a livre.
— E se eu aceitar, dentro de dois meses ele me devolve tudo.
— Meu Jesus! Ele é louco. Você não vai assinar, né?
— Não sei. Não sei mesmo. Seria a única coisa que me daria a Madde de
volta. Eu mandei por e-mail uma cópia para meu advogado e ele disse que é um
documento válido em qualquer tribunal, como uma troca. Dois meses de favor e
ele me devolve minhas propriedades.
— Você tinha que fazer alguma coisa contra ele.
— O quê, por exemplo? Não tem nada que eu possa fazer. Tentei procurar
coisas dele na internet, mas seja lá o que ele passou, está mantendo em absoluto
segredo.
— Contrate alguém, karol . Mike  não sabia nada sobre mim e contratou
um detetive para descobrir minha vida.
— Que cretino! Você não brigou com ele?
— Eu não. Na época eu estava tão fascinada, maravilhada, apaixonada, que
nem liguei. Ele era um amor  secreto que sabia tudo sobre mim.
— Hum... isso faz sentido. O Ruggero deve ter feito o mesmo comigo para
saber todos os meus passos.

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