capitulo 14

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Ruggero

enquanto eu assistia tudo dando o maior gelo. E no fim, depois do sexo
com a jornalista de fofocas, fiquei sabendo de algumas curiosidades que
Carmem me contou sobre a rainha da moda falida.
Karol  tem seus caprichos e orgulhos. Tenho que atingir cada um
deles. Tomar o máximo de coisas que puder. E assim que ela estiver sem
nada, eu entro na vida dela, faço ela precisar de mim, faço ela me
querer, implorar por mais e então eu apenas saio, deixando-a para trás.
Cada dia que se passa, é o meu dia da vitoria. Mas hoje será o
melhor.
Magno para o iate na costa, descemos e logo vem o cara que eu pago para
cuidar do barco. Aperto a mão dele, entrego as chaves e caminho ao lado
de Magno para o carro dele. Apenas com uma bermuda e de óculos escuros,
ele passa todo orgulhoso sabendo que está atraindo olhares. Magno é besta
demais.
Ele aponta a chave e o Mustang azulão com duas listras brancas,
apita destravando o alarme. Magno tem dois carros que segundo ele, compõe
a personalidade do dono. Um é o Mustang, esse estacionado. Azul bem
escuro, esportivo, com pinta de carro de corrida, daqueles dos filmes
Velozes e Furiosos. E o outro é uma picape enorme que ele comprou nos
States. É preta, bem sofisticada, alta e tem um ronco impressionante. Eu
tenho paixão por carros e acho que ele fez escolhas perfeitas.
Jogamos nossas coisas atrás, no porta malas, entramos no carro, e
assim que ele liga o carro, o som liga junto.
Olho de cara amarrada para o painel do carro.
- Mexidão das noitadas cariocas. - Ele fala levantando uma
sobrancelha debochada e apontando com o queixo para o som do carro.
- Que?
- Um monte de musica num pen drive Ruggero .
- Hum. Tá.
Ficamos calados, a musica tocando alto. É um sucesso chiclete do
momento. Magno tamborila os dedos no volante, achando que está num
compasso perfeito com a musica. Está com a janela aberta, o braço de fora
e passando devagar pela orla da praia de Ipanema, só para se exibir. Nem
vestiu camisa.
- Vai estar lá hoje? No clube? - Pergunto a ele.
- Claro. Não perco por nada. - Ele me responde olhando para as
pessoas lá fora, na rua. - "Tem gente que chega e muda os planos da
gente..." - ele começa a cantar a musica: - "E que faz a nossa vida
caminhar para frente..." - Eu reviro os olhos e tento não ficar ouvindo
letra de musica para não pensar bosta. Mas acabo dando atenção demais e
letra e isso começa a me irritar.
- Porra, desliga essa merda.
- Oshe! Não. - Ele bate na minha mão quando tento desligar. -
Melhor parte, olha: - aponta para o som do carro, bate no volante como se
fosse bateria e canta: - "O nosso santo bateu, o amor da sua vida sou
eu..."
musica.
- Ah! Valei-me Jesus! - Rosno e aperto o botão para mudar
- Eita homem enfezado. - Ele ri e continua dirigindo
despreocupadamente. A próxima música começa, um sertanejo universitário:
"Tá, com voz de sono, foi mal se te acordei,
desligue e volte a dormir..."
Magno reage olhando do painel para mim.
- Ficou louco? Isso é musica de psicopata. - Ele aperta o botão e
troca de musica. - Você já viu um hotel em Dubai? Jamais trocaria uma
estadia lá para ouvir uma voz grogue de mulher sonolenta.
- Você é a exceção do mundo. - Desdenho. A próxima musica, também
sertaneja, faz ele gargalhar.
- Vixi, essa é mito, Olha só. - Ele aperta um botão, adiantando a
musica e para no refrão:
"Cuida bem dela,
você não vai conhecer alguém melhor que ela..."
- Pior que psicopatia. Que homem vai falar para outro cuidar bem da
mulher? Eu mandaria um foda-se para os dois e iria viver minha vida. -
Ele tem razão. Na vida real isso não se aplica. Mas na vida real não
aconteceria varias coisas: Como por exemplo: detonar a vida de uma mimada
filha da puta, de uma maneira teatral. E estou fazendo não é?
Eu olho para Magno, rindo dele.
- Você não entende muito isso pra ficar debatendo, cara. Nunca
namorou sério na vida.
- Ah! Ai que tu se engana Ruggerito.
-  Ruggero , porra! - Corrijo num resmungo.
- Eu sei das coisas. Entender de relacionamento, basta entender a
mente feminina. E quanto mais eu como mulher, mais eu aprendo sobre elas.
- Disso você entende. - Dou uma risada e mudo a musica, porque já
encheu.
- Olha ai. - Bate no volante. - Agora sim. - Mesmo dirigindo, ele
flexiona o braço e coloca o punho fechado na testa, em pose de dançar
sertanejo e começa a cantar alto: - "Eu abro a porta e puxo a cadeira do
jantar, a luz de velas para ela se apaixonar..."
Ignoro ele cantando e olho meu celular. Já vaiar onze. Louco que
chegue logo a noite. Na verdade doido para fazer meus planos andarem,
parecem inertes, ainda não estou vendo muita coisa, preciso de mais.
- Essa musica cara, é sobre isso que estou falando. - Magno
interrompe meus pensamentos. - Mesmo tendo pensamentos mais conservadores
como os meus...
- Você com pensamentos conservadores? Sério?
- Que seja. Mesmo com pensamentos como o meu. As mulheres não
precisam saber o que penso ou qual minha personalidade. Eu só tenho que
ser gentil com elas, é meu dever, já que quero comer. Outro segredinho:
em relação as mulheres você precisa colocar pra fora o pau e não o que
pensa.
Fico olhando para ele e penso sobre isso. Ele tem razão. É por
isso que muitos homens se apaixonam rápido demais. Alguns, não colocam
somente o pau pra fora. Quer colocar os pensamentos e sentimentos também.
Cara, vá com calma, devagarzinho. Não é a toa que Magno come quem ele
quer. Acho incrível isso. O cara sabe das coisas.
Só que eu não fico para trás. Há muito tempo eu aprendi como manter
emoções só para mim. Não há como eu cometer deslizes, desses que Magno
está falando. Quando se vive num inferno, a impiedade se transforma na
maior virtude.
Chegamos a casa de Magno, para trocar de roupa. No caminho liguei para
Leonardo  e ele disse que o bebê tinha nascido as dez da manhã e que Olivia
já estava indo para o quarto. Por isso, decidi ir mais tarde, para deixar
ela descansar.
Magno, diferente de Leonardo , mora num prédio de luxo em frente para a
praia. Ele é o irmão ostentação. A cobertura que ele mora, é gigante, e
fico impressionado como é tudo sempre muito limpo e organizado para um
homem cheio de regalias, como ele.
- E o Gastón ? - Magno joga as chaves na mesinha, junto com óculos e
carteira. Gastón , nosso primo, está há algum tempo aqui no Brasil, está
hospedado na minha casa, e simplesmente não quer ir embora. Ele já morou
muito tempo no Brasil e agora está pensando em voltar para cá,
trabalhando na Orfeu, no setor de marketing. O emprego ele já tem, e
estamos dando força, para ele alugar um apartamento. Eu principalmente.
Não gosto muito de dividir minha casa e ele fica indo de um lugar a
outro. Passa duas semanas comigo, duas com Magno e nenhuma com Leonardo ; ele
é meio relaxado e por causa de Olivia, Gastón  ficou constrangido.
- Dormiu fora.
- O safado não para né? Pegando aleatoriamente?
- Qualquer uma. - Sento no sofá - é igual você, sem filtros.
- Não fazemos distinção maninho. Vou tomar uma ducha, pegue uma roupa lá
para você.
Foi difícil escolher alguma coisa no armário dele. Ele é maior que eu,
não na altura, é robusto. Mas um jeans e uma camiseta ficou legal. Tomei
uma ducha também, para tirar o sal da água do mar. Me vesti e sentei lá
embaixo esperando magno. E lá estava eu novamente, sozinho. Tentando de
qualquer custo barrar mil coisas que vinham sem parar na minha mente.
lembrei do leilão hoje mais a noite e me arrepiei. esfreguei minha nuca,
sacudi meus cabelos, cocei a barba mas não consegui conter a enxurrada de
lembranças.
Ela vestiu algo muito sexy e odiou quando eu disse isso. Não queria
parecer sexy e sim elegante. Acima de tudo, karol , a vaca dos
infernos, estava linda, nervosa - na verdade desesperada - e tentando
parecer sofisticada, casual. Era um jantar no meu apartamento e nós
sabíamos que iríamos acabar na cama.
- Sua casa é muito bonita. - Ela elogiou, estava lá, perfeita, no seu
belo vestido azul, parada na minha sala. E eu não conseguia me conter.
Transamos naquela noite. A primeira vez dela.
Abano a cabeça para esquecer. Me levanto e ando pela sala de Magno, vou
até a janela, olho lá embaixo.
"Ele se aproximou da minha família só para tentar uma salvação para a
empresa do pai dele." - Fecho os dedos num punho, ao lembrar dela, no
vídeo, falando isso. a muito tempo, eu não me sentia tão feliz e
realizado. O MMA era minha vida, estava me reerguendo e num instante. Eu
não tinha mais nada. nem noiva, nem carreira, e meu pai me culpou por que
isso tudo deixou os investidores receosos.
"Quero pedir que revisem essa ideia de contrata-lo como um lutador, ele
se enche de mil tipos de remédios, toma coisas estranhas. Isso não é
ilegal?" O tom era de sarcasmo, naquele vídeo que vi tantas vezes que
decorei as falas.

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