Capítulo 10

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KAROL

Sim mãe. Um beijo. - Beijo a mão e sopro para eles. Saio correndo, tiro
o Porsche da garagem e me dirijo a agencia bancaria mais próxima.
Eu tinha que ir a gerencia para saber quanto posso resgatar da minha
conta. Mas estou muito apressada e vou ao caixa eletrônico mesmo. Escolho
a opção de varias notas. De vinte, cinquenta e dez. só mesmo para
prevenir, pois eu não vou aceitar abrir mão do meu direito como a segunda
maior acionista da empresa.
Entro voando no prédio da Mademoiselle. Pego o elevador e me olho no
espelho. A maquiagem ficou tão ridícula. Comprimo um lábio contra o
outro, para espalhar melhor o batom que passei enquanto o carro estava
num sinal vermelho. O elevador abre, eu saio correndo e já olho em volta.
o povo já está no pique, trabalhando.
- Simone, peça para Olivia vir a minha sala.
- Claro.
Eu entro na minha sala, jogo a bolsa na poltrona, tiro o casaco e abro as
persianas da janela. Só então percebo que não vesti sutiã. Odeio ficar
sem. Corro até o armário, encontro um conjunto que sempre deixo para
emergência, pego o sutiã e a porta se abre.
- Olivia, fecha a porta e fica vigiando. Tenho que vestir o sutiã.
- Ah claro. - Ela coloca as pastas sobre a mesa, fecha a porta e olha
pela vidraça para o povo la fora.
- Conseguiu ajeitar os desenhos? - Viro de costas para a porta e arranco
minha blusa.
- Sim. E fiz um extra, para você ver.
- Ok. - Rapidamente, coloco o sutiã e visto a blusa. Volto para minha
mesa e Olivia vem e se senta na cadeira a frente.
- Como foi? - Pego a pasta de croquis.
- Nossa, o Romeo ficou uma fera por eu não ter dado atenção a ele. - Ela
ri - Eu estava eufórica demais com os desenhos.
Levanto os olhos para ela, interessada no assunto.
- Sério? - Sorrio. - Ele parece ser um homem calmo. - Me lembro muito
bem, Romeo não roda a baiana facilmente.
- Sim, ele é. Mas também é meio abusado. Chega da empresa e quer a minha
atenção só para ele. Fez de tudo para me distrair.
Eu entendo ela muito bem. sei como os italianos  amam intensamente, sei
como eles podem ser intenso, loucos, românticos e safados.
Balanço a cabeça e olho o primeiro desenho modificado. Está incrível. Ela
fez um bom trabalho.
- Quando vão se casar? Ou não pretende ainda?
- Ah, estamos esperando um pouco, o bebê está chegando. Mas já comecei a
desenhar meu vestido.
Arregalo os olhos para ela. Eu desenhei o meu também, foi um fracasso o
casamento e eu rasguei o vestido. Sinto meu coração falhar ao lembrar de
tudo.
- Que ótimo. Vai fazê-lo aqui, na Madde?
- Não sei. Esses boatos sobre o novo chefe, eu não sei o que pensar. As
ordens são estranhas para a gente seguir. Tenho medo de essa pessoa
chegar aqui e mudar tudo.
- Não vai mudar.
- Eu espero. Adoro trabalhar aqui, e o Supreme será o primeiro desfile
que participo. Não quero ser demitida até lá.
- A pessoa que entrar aqui não tem por que demitir ninguém, Olivia.
Nesse instante a porta se abre, sem bater e Simone me olha espantada.
- Estou ocupada Simone.

__ O doutor Lucas está aqui com um pessoal... - ela fala sem graça. Fico
de pé no mesmo momento.
- Que pessoal?
Lucas logo aparece, entra na sala e me entrega um papel.
- Desculpe karol , eu não quis falar ontem para não te sobrecarregar
com tanta informação. Mas você deve sair dessa sala imediatamente.
- Como é que é?
- Essa é a melhor sala desse andar. Ela vai passar por uma reforma para a
vinda do novo dono. O pessoal já está ai para te ajudar com a mudança.
- Que mudança Lucas? - Bato na mesa, muito revoltada, sangue nos olhos. -
Eu não vou sair da sala que era do meu pai.
- Vai sim. Essa sala é da presidência e você não ocupa esse cargo.
Olho para Olivia, aflita de pé perto da minha mesa; está pálida e de boca
aberta.
- Ontem depois que você foi embora, uma das salas do outro lado, foi
desocupada para você ocupar. Diga ao pessoal o que eles precisam levar
para lá. Como dito ai no documento, essa sala aqui, a partir de agora
esta interditada.
***
Chorei tudo que podia, sentada na sala de carolina  e Olivia. A porta fechada
e as duas me olhando, compadecidas.
- Você precisa se acalmar karol. Ficar de mimimi não adianta nada -
Carolina  ordena, com grosseria. Limpo as lagrimas, coloco meu óculos e olho
para ela indiferente, de pernas cruzadas olhando algo no celular, como se
nem importasse.
- Eu penso que essa pessoa está querendo fazer você desistir karol . -
Olivia opina.
- Não se preocupe. Eu já tenho uma carta na manga.
- O que vai fazer? -  carolina  exclama, curiosa, vendo eu me levantar e ir
para a porta.
- Esperem só e verá. - Eu saio, vou ao banheiro, lavo o rosto, ajeito o
cabelo e volto para a sala onde elas duas ainda estão me esperando.
Nesse instante Simone vem até a porta.
- karol , ela chegou.
- Mande ela entrar. - Eu peço. E seguindo Simone, vem Maria Luiza,
diretora do banco AMB.
- Oi karol . - Ela vem e me cumprimenta. Sorri para carolina  e arregala os
olhos quando vê Olivia.
- Olivia. Ainda está por aqui mulher. As duas trocam um beijinho rápido
de cumprimento.
- Sim. Vou entrar de licença semana que vem. Doida para ganhar logo. E
como está o seu?
- Lindo. Já vai fazer seis meses. Johnny é um amor. Assim que o seu
nascer, eu e as meninas vamos a sua casa. Louca para ver a carinha desse
garotão. - Maria Luiza olha para eu e carolina  e confidencia: - Se sair igual
ao pai será um gato. Sou casada, mas não sou cega. - Ela e Olivia riem.
- Igual a você. - Olivia toca no braço dela. - O seu bebê é a cara do
Enzo.
- É, eu sei. E meu marido é um gato.
Elas duas riem mais; eu sorrio sem graça e Carolina  fecha a cara. Maria
Luiza, enfim volta sua atenção para mim.

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