Duas e meia. Meu coração começa a gelar, o estômago novamente carregando um fardo. Tento virar de lado na cama; sinto o suor molhado sob o meu corpo, escorrendo cada vez mais como se eu estivesse preso em um labirinto dentro de uma fornalha. O farol de luz saindo da janela faz meus olhos latejarem; tenho uma espécie de convulsão ocular.
Quando menos espero o meu corpo inteiro se encontra estremecendo. Ergo o meu tronco e tento continuar lúcido, mas isso atiça ainda mais o meu corpo e uma tontura vem à tona, o meu campo de visão fica em um estado de confusão, os objetos à minha frente começam a oscilar de forma e embaçar todo o ambiente. Uma pressão de som agudo surge preenchendo minha audição.
Tudo isso acontecendo ao mesmo tempo me faz perder qualquer razão que ainda poderia existir em mim. A única coisa que fica grudada na minha mente é que isso pode ser mais uma alucinação...
Não... não é não. Dessa vez a dor é genuína. Não é um simples lapso, é ainda mais real. Eu não estou preso a nada, ainda posso me mover, mas a dor é lancinante; e isso me faz cair novamente sobre a cama...
A tremidão no meu corpo se torna cada vez mais intensa e começo a me remexer, minha cabeça gira de um lado a outro; a visão turva oscilando entre a faixa de luz à minha esquerda e o meu guarda-roupas à direita.
Fico angustiado.
Eu posso me levantar e tentar tomar alguma coisa, mas algo dentro de mim me implora pra continuar como estou... continuar sofrendo... continuar nesse mar de dor...
NÃO QUERO!
Ainda com o corpo em um completo alvoroço, ergo novamente meu corpo, arrasto minhas pernas sobre a cama molhada e, ainda cambaleando, tento ficar de pé.
A situação não poderia ser diferente.
Os joelhos no chão, antebraços apoiados em súplica e cabeça abaixada com a testa beirando a superfície gélida, fico estatelado no piso do quarto respirando ofegantemente.
Ainda sinto que posso me mover, mas se o fizer, a dor aumenta sem dó.
Não posso ficar assim.
Ainda no chão, tento olhar em volta. À direita, o guarda-roupas; à esquerda, um quadrado de luz no chão. Olhando por baixo da cama, percebo o meu criado mudo...
Mas é claro!
A lembrança do corte de tecido que fiz para minha mão na noite anterior cai por terra.
A tesoura.
A ideia é louca. Delirante. Paranoica. Mas pode ser a única forma de me manter lúcido.
Rastejando, tento contornar a cama ao meu lado. Tenho que resistir a pressão de fechar os olhos, de desacordar; a dor é intensa, mas não posso ceder; tenho que ser mais forte que isso.
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Durma bem à noite
HororJamie é um adolescente que vivencia alucinações que fazem toda a sua consciência ser transportada pra uma realidade na qual ele não possui controles. Ele sabe que funciona como um sonho, porém, é algo muito vívido. Ele tenta conviver com isso, mas p...